José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

24.6.13

Monte Cara ( Cabo Verde)

OLHANDO PARA O MONTE CARA


 
Os ramos das palmeiras ao sabor da leve brisa
e os sons frescos encaminham-me para o mar
onde vejo um pensativo rosto de pedra.


Feliz escureço, o olhar à procura
da lua, esse vaso de luz
onde uma das luas se deita
e então eu sou, a sombra pousada

dessa luz alheada.


( Cabo Verde. Mindelo )

13.6.13


J.A.M.



A Lei e a Liberdade

Não entendo essa ausência de rigor
dissipando a morte
no fundo insípido dos dias.

Seja o que for que haja pelo menos uma vez
um olhar grandioso
sobre o grandioso mundo
que uma mão se liberte libertando a imagem
e seja pássaro, ideia ou nuvem
ou apenas
um íntimo segredo abraçado à vida.

4

Cai sobre um rosto toda a luz de um dia.
E o rosto é um templo de máscaras
com a idade do mundo.

Nenhuma memória ou esquecimento separa o desejo
dessa luz primeira
que por dentro transforma os olhos
e é para estes que nos voltamos conquistados
sabendo que das máscaras inventadas
todas as sombras nos cativam
todas as sombras nos desmentem.

6. 

Há lugares onde os silêncios são
outras palavras
mais perto dos simples segredos
do mundo. São lugares como rostos
suspensos por uma leveza nos olhares
e unidos ao sangue universal das vozes
distraidamente esquecidos no fim dos dicionários
por um talento feito de procura e êxtase.

José Alberto Mar, As Mãos e as Margens, Porto: Limiar, 1991, p.17, 38, 40


(Publicado no blogue Tulisses)