José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

5.10.18

" A Anomalia Magnética do Brasil "

Pintura de : j. a. m. - 2015
~
Anomalia Magnética do Atlântico Sul https://youtu.be/8EGJbs2zibc


( 2º enxerto do livro inédito : " Diário de 3 Gatos ")



(…) tal como há pessoas que gostam de rosas ou de outras flores, eu gosto de plantar sementes de girassol, de ervas daninhas, de tudo o que é provável para a possibilidade da existência de um ar mais puro para todos nós. Sou 1 amante descarado da Natureza * & pronto, como diz o meu povo, gostos não se discutem, e com esta posso prosseguir estará claro um dia destes, pois será coisa do destino ;-)

Então hoje ensinei os meus discípulos a plantar 1 carvalho. No novo quintal, que aluguei à Junta de Freguesia aqui da zona, vá lá não foram alarves no negócio até não pareciam políticos ( dps, no fim do ano, dá-nos 1 ou 2  sacos de batatas. – o.k. ! ).

Não  chamei  as crianças nem lhes dei secas de aulas teóricas & essas tretas, peguei na pequena haste da futura árvore, construí um buraco a condizer e eles aconteceram ali a olhar para a circunstância. Depois fui ao poço com um cântaro e despejei a água que julguei necessária à firmeza da terra abraçada ao novo hospede. Olhei para esta obra na doce companhia  de 4 olhos debruçados, atentos, até (julguei) admirados e pensativos, quem o haveria de dizer? tratando-se de gatos.
Confirmado a facto em si, in loco, 1 dia destes haverá um pouco + oxigénio para o Planeta *, bem-precisa ! há por aí, pelo mundo a fora, pessoal a fazer o mesmo - graças a Deus -  nem tudo está perdido, alimento-me destas veleidades às vezes em momentos de fervor & esperança.

Enquanto agora os meninos, refastelados na almofada colorida de flores exóticas, de onde aromas vários se desprendem sonham com a floresta dos seus sonhos  de felinos (…)


* Há  hiperligações nas palavras: " Natureza" e " Planeta " ( é só clicarem  ).

Rascunho.?-10-18

3.10.18

estrellas

 Mestre Guilherme

 (con su autorización, claro). Habana. Cuba. Ag. 2018
~~

" Llegaste tu ": https://youtu.be/S8m1r9nJjmU








 

( enxerto do livro inédito: “Diário de 3 Gatos” )




(…) hoje ás tantas de amanhã nos horários absurdos do establishment & após uma noitada do caraças com amigos, está claro!  quando cheguei a casa os meus mafarricos tinham-me aprontado o raio da casa em pantanas. Antes confesso-vos, saí a correr sei lá porquê, deixei isto  num livre desleixo cozinha escancarada porta aberta para o atelier o meu quarto e a sala. O resto, que não é muito, ficou obviamente encerrado, para os ir confrontando com certos limites. Já agora tambien vos confesso que amo a liberdade e porque não proporcionar tal prazer (tal educação ao prazer) a estes 2 jovens seres vivos*?

Há que saber educar, veio-me esta ideia assim: encaminhar tudo o que é  semente para o sol, fazer por discernir os caminhos & as almas para a radiosa liberdade dos voos, sempre mais que possíveis, apesar dos velhos do Restelo.

O ar da casa estava 1 tanto empestado e foi minha tarefa ir ao W.C. dos meninos e retirar a kaka, coloca-la com o devido aprumo na compostagem que construí à dias, algo que faço sempre como um aprendiz que se quer atento, mas por vezes, confesso-vos, ainda me  distraio com as novas notícias que estão acontecer por este Mundo de Deus a fora (…)




·         * Trata-se do “Preto” ( para os desconhecidos: Sr. Dr. Preto) e da “Donzela” ( para os outros: Mademoiselle Donzela); 4 patas cada um. Raça: gatos. 3 meses e pico.



Rascunho. ?-09-18




Aquí está el por qué deberías convertir tu música a 432 Hz

2.10.18

zurracha



rosas prósperas levantadas
por mãos que não sei
apenas sinto o aroma voltando-se
de repente a porta da casa
está  num outro jardim
e toda a noite se apagou
no coração que flui.


( 29-09-18)

postais

-.- Sr. Dr. zé kalunga -.-
~

Vieux Farka Touré - AFH3: https://youtu.be/0ZE6a_rg8RQ

1.10.18

Ойся ты ойся (Dancе with swords)

shells ~ vieiras ~ conchas ~ قذائف ~ coquilles ~ シェル ~ ракушки ~ Muschelschale ~ снаряди ~ conchiglia di mare ~ κοχύλια ~ kuoret ~ havskal ~ seashell ~ 壳 ~ схелл ~koki ~ igobolondo ~~~

A Ver-O-Mar, Póvoa do Varzim, Caminho de Santiago. Foto: j. a. m.
~

O Ativismo Quântico e a Espiritualidade

Quantum Academy

https://youtu.be/6uINvyxbxcg

~

The Many Worlds of the Quantum Multiverse | Space Time:

O Labirinto de Dédalo

Obra de  J. A. M. . Acrílico s/ tela, 100X100 cm, 2018.

Trecho das Metamorfoses de Ovídio:
Agora, o opróbrio da família crescera: estava à vista de todos,
pela estranheza do monstro biforme, o imundo adultério da mãe.
Minos decide expulsar esta vergonha para o seu matrimônio
e fechá-la numa casa complexíssima, de aposentos nas trevas.
Celebérrimo pelo seu talento na arte da arquitetura, Dédalo
encarrega-se da obra, baralha os sinais e faz o olhar enganar-se
em retorcidas curvas e contracurvas de corredores sem conta.
Tal como na Frígia o Meandro nas límpias águas se diverte
fluindo e refluindo num deslizar que confunde, e, correndo
ao encontro de si próprio, contempla a água que há de vir,
e, voltando-se ora para a nascente, ora para o mar aberto,
empurra a sua corrente sem rumo certo, assim enche Dédalo
os inumeráveis corredores equívocos. A custo ele próprio
logrou voltar à entrada: de tal forma enganador era o edifício.
Met. 8, 155-168
    in, " MITOLOGIA HELÉNICA": 

"feiticeira" de Luís Represas

30.9.18

~ não peço brasas emprestadas ~



hoje, porque é domingo, deu-me para ir jantar fora pra espraiar ver gente à minha volta talvez fazer amigos algo assim que pudesse ser um não-sei-quê-de-diferente do raio da semana de trabalho. Encaminhei-me para o  restaurante mais próximo dado que estava a chover e os guarda-chuvas não se dão bem comigo & vice-versa e já agora  confesso com o  tempo acabei por aceitar tal facto, assim como muitos outros e outros até não, francamente, há coisas que real/mente Não abdico. Lá fui entretido com  a noite bem escura e as gotas de água fria que me perseguiram até à meta pretendida na altura e quando desemboquei na coisa é que me apercebi que amanhã será feriado e por conseguinte todo o pessoal da zona lhe deu pra ir prá-li, coincidências do caraças.

Lá me alinhei aprumadamente na fila de espera depois de emprestar o nome ao men de serviço nos apontamentos e pus-me a pasmar com o vái-e-vém corredio dos empregados por  entre N curvas do pouco espaço e os rostos foragidos de si próprios,  mais um ou outro personagem que sobressaia por 1 ocaso qualquer  que logo olvidei  e me resvalava o olhar para aqui e acolá onde acabava por se esfumar (as mesas fartas, as bocas a mastigarem abertamente nos vários planos arranhados das algazarras, os omnipresentes telemóveis pelo meio das batatas fritas & das carnes a fumegarem químicos, o ruído abrupto das 4 pernas das cadeiras juntas quando deslizavam, um prato que foi desta pra melhor forçando à despedida a presença obrigatória de muitos olhares, por aí…..)

e sem dar por isso já estava a ser encaminhado por um empregado conhecido que me levava pela mão imaginei isto agora mesmo, sou franco, pois quando já à uns bons anos, fui palhaço num pequeno circo ambulante pela província descobri que somos todos crianças amorosas ou para lá caminhamos queria tanto crer, então logo a seguir aconteci numa mesa com duas cadeiras, onde obviamente só ocupei uma. Aparentemente. Dado que a outra, por debaixo da toalha de plástico com quadrados ainda vermelhos servia-me para apoiar confortavelmente as sapatilhas encharcadas de todo. É Inverno por estas bandas e dei as botas ao Sr. A. que estava a tentar dormir à soleira da porta de minha casa, quando o encontrei vinha eu sei lá de onde , já a transbordar de estrelas mediunicas &  cheio de  generosidade pela Humanidade,  o pobre diabo é que as pagou. ( Será necessário haver sempre uma vítima & um algoz, neste Mundo? )

Por cima da minha cabeça havia uma T.V. e no início estranhei tanta gente a olhar para mim. O meu “eGo”,  ( o tal meu cão com o seu aspeto cada vez + belo  qual modelo, já vai tendo  uma boa cotação na praça internacional, após exposição pública desatempada, mas oportuna, a meu ver, qualquer dia chamam-no pra  Hollyood  é o meu  grande sonho  e eu vou ser o seu curateur & ambos vamo-nos safar bem na vidinha, haja deus! ) veio-me agora ao de cima isto são tentações ordinárias que acontecem pelos raios dos hábitos mas, a bem da verdade centremo-nos centra-te ), o meu cão rafeiro acima referido, desta vez  ficou a  fingir que guarda  a casa.

Dado a algazarra inopinada (em relação ás minhas perspectivas iniciais, para quê as perspectivas quando tudo está sempre a mudar como nos anúncios das T.V.s ? ), explico,  não só pelo feriado já aludido mas também porque já começou coisa dos Natais e ele há grupos & mais grupos a juntarem-se para se comemorarem felizmente há males que vêm por bem e quando chegou o empregado com aquele livrinho trés fino que  só tem meia-dúzia de folhas habitualmente, mas aqui fica-se pelas duas, eu disparei-lhe logo a solução: ½ dose de açorda de camarão ( lá são generosos nisto, já não é a 1ª  vez & até dá pra trazer pra casa, para mim, para o eGo e uma cadela do vizinho, presentemente em época de cio)  e o  maduro branco da casa  com o seu conveniente ar de frescura ( é do Douro, bonzinho até à data venham mais turistas para o sr. costa gerir bem se for possível o zé povinho até lhe agradecia), e aguardei pastando o olhar pela multidão de vozes & rostos & gestos & televisões nos 4 cantos do lugar já agora porque não haver 5  nesta altura do campeonato  mundial naquela base  consumista & insana  das  competições? , e então

o pedido não demorou a ter resposta & ainda bem pois já estava a esgotar o cardápio visual & sonoro. Debrucei-me sobre o assunto em questão e isolando-me do mundo à-volta, saboreei o repasto, pois realmente a fome é negra, como dizem os pobres pois os ricos ainda não chegaram e com a noite da alma  pelo meio ainda mais ou ainda menos, (quem o há-de  dizer?),  depois havia ali mesmo à minha frente mais 1 camarão rosadinho que nem as bochechas da minha namorada  minhota, mais uma concha para desnudar mais uma colherada de açorda com orégãos, a faca & o garfo entrecruzando-se num bailado amistoso + uma golada do delicioso néctar que descia qual cascata deslumbrada em si (e em mim), TudO estava a ficar  1 pouco mais claro  comecei a serenar os impetuosos ânimos um tanto ou quanto já exaltados do meu dele estômago que desde manhã cedo não tinha vislumbrado niente.
Fizemos as pazes finalmente nunca é tarde para tal deslumbrante facto, claramente. Assim isto servisse de indelével exemplo a tanta gente perdida  por aí, valha-me Deus.

Mastiguei demoradamente como é meu hábito, já tive pressas quando era maluco, todo entretido com os minúsculos sabores que advêm de tal esforço pelos vistos compensatório para as papilas gustativas que batiam palmas em uníssono. Escortinando agora à-volta aquele mundo parecia-me tudo muito longe. Efetivamente, tinha-me desligado. Aprendi esta pequena arte algures com um mestre budista que me enfiou numa gruta sozinho por um ano e tal. Mal me pôs a vista em cima, ali à porta do mosteiro sedento da tal luZ, nem me deu tempo para. Foi numa montanha do Tibete ( bem perto de um portal ) toda alva de neve e quando saí de lá até voei já tinha asas.
Bons tempos,,, em que entre mim e os anjos apenas havia a diferença no comprimento das mesmas. Quanto à cor ( as minhas ainda eram negras devido à  demorada escuridão) ninguém se sentia nem mais nem menos assim é que eu gosto & gostos não se discutem.

Depois regressei aos imperais  & imperiosos Ocidentes, via Portugal ( onde tenho um torrão de terra em Trás-os-Montes),  caí desamparadamente na dialétioca  made in  U.E. prá-ki made in U.S.A. prá-li todos  feitos em nós obscuramente  amistosos opiniões pessoais claro & todas as minhas asas foram à vida. 1º fiquei lorpa de todo a ver telejornais e jornais e sei lá que mais, depois  deixei-me disso e comecei andar macambúzio pelos cantos dos dias & das noites depois  mais adiante surgiu-me  uma depressão horrível  afiançou-me   mesmo o Sr. Dr. da Caixa, e mais depois logo a seguir Sr.s Dr.s psiquiatras pílulas um balúrdio de $ nas farmácias [1], quase ia parar ao Hospital do Monte da Virgem, secção dos malukinhos. Terra esta de danados , meu irmão, como vamos nós resolver esta balbúrdia?

Após um delicioso café  ( honra lhe seja feita )  e um incendiário bagaço ( fabrico caseiro, proibido nas Europas eles lá sabem o que fazem) lá me dispus a declarar-me à noite sozinho que remédio, regressando a casa entre estrelas muitas penduradas nos seus destinos de estarem ali para os meus olhos solitários e gotas de chuva agora prateadas pela luz descarada que descia da lua subitamente cheia.








[1] Onde felizmente me deixam pagar ao fim do mês  quando o patrão me dá (Deus lhe dê  muita saúde), o tal de ordenado mínimo que  já nem tenho cabeça pra saber, a minha Maria é que trata dessas coisas.



Rascunho nº 220. 1974/2018  



29.9.18

(série): DIÁSPORAS AO DEUS~DARÁ



coisas noturnas


até que enfim o Porto hoje era uma cidade viva às 3 horas da manhã ainda havia uma chusma de gente nas ruas à volta dos Clérigos e, enquanto resolvia comigo a estranheza da novidade, acabei por me sentar numa cadeira à frente do café Piolho. havia pessoal desordenado em grupos, falavam, riam, bebiam. Gostei. havia também um aroma quente no ar & fiquei por ali o tempo de 2 finos frescos, ou foram mais?

Depois, atravessei a escuridão do jardim da Cordoaria, onde revi de soslaio, mas com natural atenção, as estátuas do Juan Muñoz. com aquela parca luz geral a gentinha do nosso hermano ganhava um ar mais severo e bizarro. Mas porque é que não estavam parados?


As extensas sombras pelo chão pareciam levitar ao som dos candeeiros sobriamente acesos. ao fundo, ainda estalavam no ar as gargalhadas dos jovens, abrindo a noite a outras luzes mais




( Porto, Portugal,1995 ) 


rascunho Nº 287

Mudanças

autor: j. a. m. ( 85X65 cm, 2014. obra pertencente ao Sr. Eng.º Jaime Godinho)




















 "Hinech Yafa" - Michal Elia Kamal: https://youtu.be/x3QY4qv-DEo

desenho: j. a. m.

























Zeca Afonso - Vejam Bem: https://youtu.be/Io_RidA1mlI

28.9.18

Porque hoje é Sexta~Feira ( " Belas mulheres varrendo os ares labirínticos / com a nudez das coxas aplainadas na Beleza" )

koisas de Cuba

"A Viagem". foto: j. a. m. Trinidade, playa Maria Aguillar, 2018.

















em cima de asas brancas estou
sonhando céus para além dos azuis
o alvorecer da madrugada
as grandes & pequenas portas translúcidas
o som do ouro no olhar
águas luminosas da grandiosa fonte
transbordam
o ser no ser
o estar no estar.



(rascunho.18-08-18)

koisas de Cuba

desenho de Carlito, 9 anos ( "El Robot")
Repare-se no enorme coração do robô, nas suas Asas
y en los pájaros en el aire




el árbol de graviola está allí y estoy aquí. Ambos
nosotros estamos onde também estamos.

  yo hablé hablado con sentimiento con ella,

tiene frutos todo el año
 y todos los días me oferece
2 ou 3 frutos maduros do seu labor.


- Escuto os relâmpagos, la lluvia + o - que baja
re/paro como las calles ficam  com águas sobradas

igualmente mais frescas.

As pessoas sentam-se às portas das casas

el calor por allí es bien aireado
y hablan de las cosas de la vida






( Trinidade. Agosto -2018 )



- Rascunho  Nº 9 -

27.9.18

Publicidade ao Serviço do Cidadão ~ CABO VERDE ~ Dia dos Oceanos

postais














 Sr. Dr. zé kalunga


 Raul Seixas ( Tente Outra Vez ) : https://youtu.be/wx0wyD1sXFM

pintura de Ruco - Cuba


 Chan Chan (Angerona):

https://youtu.be/75kL5_DcGNQ

(série): DIÁSPORAS AO DEUS~DARÁ



hoje regressei ao Restaurante da Rosa


era uma porta vermelha 
(preâmbulo)
Fui jantar ao chinês ali ao lado. A patroa, a Rosa, continua com o mesmo rosto que tinha há uns 10 anos, quando a conheci num outro restaurante ainda era empregada, continua com o mesmo corpo, até o jeito leve de cirandar por entre as mesas e aquele sorriso tão amplo como contido, que eu nunca cheguei mesmo até . Fascina-me esta mulher de tão longe, a modos que frágil e sempre tão atenta aos meus saqués ).
E depois venho-me embora a tentar desembrulhar-me daquele sorriso que vai comigo até outra coisa qualquer se atravessar no meu caminho.


era a mesma porta vermelha?


Já há uns bons tempos que não ia a um restaurante chinês e então hoje, sei-lá-porquê, deu-me para ir ao Restaurante da Rosa, mas afinal a Rosa andava por outros jardins…
Mal entrei, fui atenciosamente recebido por uma jovem chinesinha que me abriu o espaço com uma larga simpatia que me surpreendeu. “isto já teve melhores dias”, pensei. Sentei-me, retribuindo q.b. a simpatia da menina com um sorriso até inesperadamente sincero lá no fundo.
Comi algo comestível, e o melhor foi a salada, mastiguei esquecidamente os vegetais que depeniquei na travessa, com o complemento direto de um Evel branco fresco e para enlaçar a coisa no fim: café & saqué de rosas.

Enquanto o laço não acontecia, olhei à volta para os Altos-relevos e as pinturas com o tal brilho eclético dos plásticos o que me seduz muitas vezes são as palavras desenhadas em mandarim, e olhando-as linha a linha, invento traduções rocambolescas, pois só cada uma dá pano para mangas.
Ponho-me a observar, comedidamente é claro, a empregada chinesa bem acompanhada pela luz morna do local, fininha, impávida, e tentei adivinhar-lhe algo de dentro dela mesmo, para além da epidérmica empatia já demonstrada.
Não estava a ser nada fácil chegar a tais portos... 

O café e o respetivo anexo chegaram, a pikena estava por aqui há 1 ano, respondeu-me, com o seu ar naturalmente aprumado, já arranha o português do cardápio e até um pouco mais e, mais uma vez, aquela incerteza de eu a olhar, olhos nos olhos, e ela espreitar-me sei lá de onde. Disse-lhe que era um antigo cliente da casa, perguntei-lhe onde parava a Rosa e ela disse algo de “Avero” (Aveiro?), acrescentei mais umas lerias oportunamente circunstanciais tentando prepará-la psicologicamente para me oferecer, por decisão própria se possível, o 2º saqué de rosas, que ao fim e ao cabo no tempo da Rosa era trigo limpo, ai que porra.
E eu gosto deste “bagaço”, não sei bem se é pelo saqué em si e o seu efeito em mim, se é pelas rosas, porque eu amo todas as flores, a natural vacuidade com que entram em nós, eu amo as suas cores, eu amo os aromas, as suas elegâncias, os silêncios, as sombras, a permanente entrega aos outros e a si próprias, Oh! como eu sou louco por flores. Sempre tão tranquilas sempre à mão de semear de qualquer mão amiga ou matreira, eu amo despudoradamente estas criaturas de Deus, que não se cansam de me ensinar coisas acerca das artes e da vida.
Entretanto dediquei-me ao café e ao tal néctar, que acontece em  cálices pequenos, rendilhados com dragões a fumegarem linhas curvas, e eis a piada da primeira descoberta: quando a coisa está cheia, a gente ao beber o primeiro gole repara que lá no  fundo está uma sr.ª toda descascada numa pose abertamente descarada e a gente olha e das duas uma, ou ficamos enlevados eternamente por caminhos lúbricos & afins ou então continuamos a bebericar, pois em princípio é este o objetivo do ato, enquanto a provocação se vai diluindo no fundo vazio do olhar e do esquecimento, até desaparecer de todo.

Bá-lá, entretanto a música? suave & calma, obrigava o maralhal ali presente, demasiado próximo ao meu território, a amainar a algazarra com que tinha entrado, o que eu agradeci muda e convictamente aos músicos chineses, aos deuses chineses e também portugueses e a tudo o que ocasionalmente tinha contribuído para tal. Cansado de vislumbrear, pedi a conta, que remédio, com um gesto arredondado de uma só mão (mas ainda com umas ténues esperanças do que seria provável acontecer-me) e o tal saqué de borla Lá Surgiu, meticulosamente colocado ao lado do raio da conta. Enfim, vale mais tarde do que nunca, e rejubilei saborosamente por ter reavido tal privilégio, atirando o último trago goela abaixo e sentindo-me deliciado com o fogo que se extinguiu melodiosamente pelo corpo todo.

Com tais sortilégios acontecidos, saí para a rua bem sr. de mim mesmo e do meu destino, fogueei 1 cigarro no meio da noite e algumas estrelas permitidas pela névoa citadina deixaram-me que tal acontecesse: neste antro insano de concorrências, foi milagre!





(V. N. Gaia. Douro Litoral. Portugal)



- rascunho Nº ? -




25.9.18

postais

obra de arte submersa em plástico. Autor da pintura: j. a. m.
-
postagem do Sr. Dr. zé kalunga

~.~

P.S. ouvi dizer que algo se passa na Fundação de Serralves, Porto, Portugal.



o " BURNOUT " ?

(  BURNOUT ? )
obra: j. a. m. 
-.-

notícia da SIC Notícias, 25.09.2018 09 h 15:


( Um em cada três trabalhadores em risco de " burnout " )