José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

29.12.19

ainda: Cabo Verde

Escultura pendurada numa parede da " Casa Café Mindelo" . Foto: J. A. M.
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Oh! Facho do achar
Se perseguir o não achado
É mesmo total,
Aparelha-te e sê acabado
Apressa-te e sê mortal.

Numa padiola, a vida, o poeta
E os versos insossos e sem lado.
Dá-lhes fogo de amassar.


( in, "Gaveta Branca"- A Luz e a Voz. Poeta Kaká Barbosa.)

26.12.19

a ciência da espiral, quando há luz por cima

Pintura: J. A. M.
( Introdução visual, à  próxima palestra sobre a Glândula Pineal)

24.12.19

~ 2º pedaço de mais um diário perdido ~



Djeu ou o Ilhéu dos Pássaros. Mindelo. Cabo Verde. Foto: J. A. M. 

















Alguém disse já não recordo, pois foi num campo de batalha e o ribombar das bombas e dos seus ecos na altura, faziam-nos surdos. A outros, faziam-nos cegos. A outros ainda, faziam-nos mortos.

Mas a frase em questão, no meio daquele inferno encantou-me o lugar e por momentos caí num silêncio sem tempo, que me trouxe a casa de meus pais, longe muito longe, onde havia um jardim.

E a frase era assim: não corras atrás das borboletas, cuida antes das tuas flores que elas virão até ti (1).

Ainda hoje, passados séculos, por vezes em dias ou noites em que tudo parece estranhamente desolador, me acontecem as imagens bem nítidas que esta frase levanta à frente do meu olhar.
E então, algo em mim se transforma e tudo à minha volta também. E, um sorriso leve e doce aflora por dentro.


(1) frase atribuída, a D. Elhers, em tradução livre.


(raskunho Nº 7)

Dez-2019

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TABERNA À BEIRA-MAR



Uma luzinha distante
E um farol cuspindo luz
Na cara negra da noite

Tudo é salgado e saudoso 

Ventos com ondas às costas
Fazem tremer a taberna
Que é um navio ancorado.

Amor intenso e brutal  
Entre navalhas abertas
E o desleixo
De uma rameira entre os braços.

Andam no ar desesperos
Em densos rolos de fumo.

Garrafas, copos, garrafas...
- Ai! A sede do marinheiro…

Tatuagens picando a pele
Gritam a dor e a bravura
Das aventuras nos portos

Gente de todas as raças,
Gente sem pátria e sem nome

- Apenas gente do mar
Com voz de sal e de vento
E barcos nos olhos líquidos.
Entram o Tédio e a Saudade
Mordendo velhos cachimbos…
Entram e saem depois
Levando, aos tombos, um bêbedo.

Baralhos, mesas e bancos
Garrafas, copos, garrafas
E a cara do taberneiro

Instigam a velhas revoltas
E tudo cheio de vícios,
E tudo cheio de sono
E tudo cheio de mar!


Aguinaldo Fonseca.
( Mindelo, 22 de Setembro de 1922 - Lisboa24 de Janeiro de 2014)