José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

15.2.22

~ 18ª folha de 1 diário perdido ~

MUNDOS PARALELOS( 105X105 cm). J. A. M. 

Atravesso os dias como quem viaja. Quase tudo é inesperado porque nada espero.
Por vezes, levanta-se um farol. Às vezes, é metáfora outras vezes é mesmo visão ou alucinação. A distância do momento faz um laço entre o que em mim há de vivo e está acordado e o que me trespassa. Fica um resíduo de luz que permanece e aos poucos se esvai.
Nestas margens os nomes são difíceis. Os nomes praticamente não existem. Tornam-se as sombras por onde a minha viagem me acompanha.
Há pontes por estes caminhos. E rios que desaguam para dentro das vozes. Abundantes águas há neste planeta.
Mas só em silêncio vejo o meu rosto multiplicado por 1001 rostos que acabo por saber serem meus.


 

10.2.22

A Ilha Encarnada

 

Pintura: J. A. M. 


Olho-te agora de longe. O teu rosto enaltece a luz que cai entre os muitos ramos das enormes árvores à-volta e ao mesmo tempo é uma luz saída de dentro de ti. Com um sorriso leve igual a 1 pássaro suave que vai passando. Entre ti e este momento, entre ti e a tua discreta doação ao que no fundo já sentes ser, recordei agora esse instante fugaz entre o marulhar dos pequenos peixes na água do rio e os teus pés à beira descalços e acesos no meio da fogueira que agora me apetece imaginar.

Por detrás de ti havia plantas e flores despidas pelo sol com aromas em brandas chamas, havia borboletas amarillas(1) lúcidas e loucas sem dono agrupadas em círculos, e foi então que eu vi que eras uma pequena deusa ali descida, sem testemunhas, e prometi voltar sem o saber.


(1)  amarelas (castelhano)


- Topes de Collantes, Cuba -