José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

29.10.12

Estrelas Apagadas




já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos, sentados, calados, curvados, olhavam presos por um fio emaranhado de leves & ondulantes pensamentos o horizonte,  como quem lia 1 texto antigo.

Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava & tudo estava unido. Os barcos continuavam a balançar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse  eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.

E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso junto ao aconchego do útero.

Os pescadores – disse-me um dia um amigo vagabundo – viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes e as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.


Out.2010

 

 

 

 

 

 

 

 

2.10.12


















Foto construída. J. A.M.


 
- lá no fundo, há um barco à nossa espera que baloiça aos sons das noites & dos dias, sons levíssimos que estremecem o silêncio e quem os escuta já esqueceu qualquer certeza (...)