José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

27.7.18

postais

" Os ácaros apresentam uma alimentação muito diferenciada entre os grupos, podendo ser parasitas (...) alguns grupos são predadores (...) " - Wikipédia. 

- Moon In Water - Underworld -

24.7.18

Msg a Garcia.



Morfeu: A matrix está em todos os lugares. Está em tudo à nossa volta. Mesmo agora, neste quarto. Você pode vê-la quando olha pela janela ou quando liga a sua televisão. Você pode senti-la quando vai trabalhar… quando vai à igreja… quando paga os seus impostos. É o mundo que foi colocado diante dos seus olhos para cegá-lo e mantê-lo longe da verdade.

NeoQue verdade?

Morfeu: que você é um escravo, Neo. Como todos os outros, você nasceu em servidão. Numa prisão que você não pode saborear ou ver ou tocar. Uma prisão para a sua mente”. 


(Matrix)


P.S. " Por favor, não responda para esta caixa postal, destinada exclusivamente ao envio de mensagens informativas".

22.7.18

em Abril águas 1000



às vezes à noite, cem nadas para fazer, pego no bloco pego na caneta e fico assim, horas a fio a olhar para o céu, depois a incerta altura, desço o olhar 
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste jardim há 3 sobreiros unidos com troncos rugosos onde a cortiça respira e cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que estremece  & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar enquanto pedaços de algodão dos álamos esvoaçam e uma sisão (1) algures espalha as pautas.

De repente, a chuva parou. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem aos desejos da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.


(1) declarado a "Ave do Ano 2017", em Espanha.


(rascunho nº 151)

12.7.18

Diásporas ao Deus~Dará



já há uns bons tempos que não ia a um restaurante chinês e então hoje, sei-lá-porquê, deu-me para ir ao Restaurante da Rosa, mas afinal a Rosa andava por outros jardins…
Mal entrei, fui imediatamente recebido por uma jovem chinesinha que me abriu o espaço com uma larga simpatia que me surpreendeu. “Isto já teve melhores dias”, pensei. Sentei-me, retribuindo q.b. a simpatia da menina com um sorriso até sincero lá no fundo.
Comi algo comestível, e o melhor foi a salada, mastiguei esquecidamente os vegetais que depeniquei na travessa, com o complemento direto de um Evel branco fresco e para enlaçar a coisa no fim: café & saqué de rosas.

Enquanto o laço não acontecia, olhei à volta para os altos-relevos e as pinturas com o tal brilho eclético dos plásticos o que me seduz muitas vezes são as palavras desenhadas em mandarim, e olhando-as traço a traço, invento traduções rocambolescas, pois só cada uma dá pano para mangas.
Ponho-me a observar, comedidamente é claro, a empregada chinesinha bem acompanhada pela luz morna do local, fininha, impávida, e tentei adivinhar-lhe algo de dentro dela mesmo, para além da epidérmica empatia já demonstrada.
Não estava a ser fácil chegar a outros portos... 

O café e o respetivo anexo chegaram, a pikena estava por aqui há 1 ano, respondeu-me, com o seu ar naturalmente aprumado, já arranha o português do cardápio e até um pouco mais e, mais uma vez, aquela incerteza de eu a olhar, olhos nos olhos, e ela espreitar-me sei lá de onde. Disse-lhe que era um antigo cliente da casa, perguntei-lhe onde parava a Rosa e ela disse algo de “Avero” (Aveiro?), acrescentei mais umas lérias oportunamente circunstanciais tentando prepará-la psicologicamente para me oferecer, por decisão própria se possível, o 2º saqué de rosas, que afinal no tempo da Rosa era trigo limpo, ai que porra.

E eu gosto deste “bagaço”, não sei bem se é pelo saqué em si e o seu efeito em mim, se é pelas rosas, pois eu amo todas as flores, eu amo as cores, eu amo os aromas, as suas elegâncias, os silêncios, as sombras, a permanente entrega aos outros e a si próprias, Oh! como eu amo as flores. Sempre tranquilas sempre à mão de semear de qualquer mão amiga ou matreira, eu amo despudoradamente estas criaturas de deus, que não se cansam de me ensinar coisas das artes e da vida.

Entretanto dediquei-me ao café e ao tal néctar, que acontece em cálices pequenos, rendilhados com dragões a fumegarem linhas curvas, e eis a piada da primeira descoberta: quando a coisa está cheia, a gente ao beber o primeiro gole repara que lá no fundo está uma sr.ª toda descascada numa pose abertamente descarada e a gente olha e das duas uma, ou ficamos enlevados eternamente por caminhos lúbricos & afins ou então continuamos a bebericar, pois em princípio é este o objetivo do ato, enquanto a provocação se vai diluindo no fundo vazio do olhar, até desaparecer de todo.

Bá-lá, entretanto a música? suave & calma parece mal dizer oca, obrigava o maralhal ali presente, demasiado próximo ao meu território, a amainar a algazarra com que tinha entrado, o que eu agradeci muda e convictamente aos músicos chineses, aos deuses chineses e também portugueses e a tudo o que ocasionalmente tinha contribuído para tal. Cansado de vislumbrear, pedi a conta, que remédio, com um gesto arredondado de uma só mão (mas ainda com umas ténues esperanças do que seria provável acontecer-me) e o tal saqué de borla Lá Surgiu, meticulosamente colocado ao lado do raio da conta. Enfim, vale mais tarde do que nunca (dizem eles que um dia, um dia é que vai ser) e rejubilei saborosamente por ter reavido tal privilégio, atirando o último trago goela abaixo e sentindo-me deliciado com o fogo que se extinguiu melodiosamente pelo corpo todo.

Com tais sortilégios acontecidos, saí para a rua bem senhor de mim mesmo e do meu destino, fogueei 1 cigarro no meio da noite e algumas estrelas permitidas pela névoa citadina deixaram-me que tal acontecesse: neste antro insano de concorrências, foi milagre !



(Rascunho Nº 216.Portugal.2010)



6.7.18

cem títulos


(...) falo-te das sombras acesas das koisinha da vida, essas paisagens atravessadas pelo rigor dos dias & das noites, exatamente como se todos os lugares tivessem a mesma forma do que és.
Vivemos por circunstâncias dizem, sempre dentro sempre fora, muito mais dentrofora do que pensas saber quando ainda pensas, com a tua liberdade, quando existe, e o nosso desconhecido destino comum nada distraído em nós.

frondosas árvores crescem sobre pedras.


(1999)