José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

26.1.24

Visitas

Life in the Universe. J. A. M.

 

As obscuridades da noite ampliam o espaço do coração pelo silêncio instalado.
Outros ritmos de tambores celestes invadem os rios interiores que transbordam.
Barcos incógnitos e luminosos aproximam-se.
São mensagens de outros mundos que nossos mundos são.
Já não ouso decifrar. Porque pensar é estancar a corrente, germinar barragens.
Prefiro abrir as asas metafóricas e de peito aberto e livre acolher as imagens vindouras que devagar me designam e me fazem ser o que, afinal já era.

Confesso, sou sempre pouco para o que digo.

 


( J. A. M. )

 

21.1.24

no comments

 (3ª parte)

Trabalho: J. A. M.

Coisas comuns ( 2ª parte)



E os círculos de expansão fecham-se. E ao fecharem-se circulam, circulam sem as asas das espirais.
Eis o reflexo da vontade dos deuses que as geraram. Deuses inclassificáveis, nem bons nem maus. 
A vassalagem erguida pelas igrejas , acompanha tais ditames. Os seres humanos androides alimentam as grandes oficinas da energia, retida somente para alguns.
Como desatar os nós desta noite, sabendo que esta é pessoal e privativa e cada um de nós se agarra a ela como se fosse o seu verdadeiro "eu"?

Novos tempos estão vindo. Os universos não dormem.
Mais próximo de nós, o sol estende os seus braços de luz cada vez mais. As suas mãos tocam-nos e algo em nós diluído no trânsito dos dias, transforma-nos.
Ainda remediavelmente inconscientes copiamos a arte dos girassóis.


( J. A. M. )

19.1.24

Coisas Comuns

Pintura: Sinais de um novo Renascimento. J.A.M.

 (1ª Parte)

uma manada de egos invadiu o lugar. Permanecem. É um espaço amplo recheado de paredes, vozes sem eco, corpos distanciados das suas almas, corpos desalmados pelas suas inocências.
Há sempre alguém que levanta a voz, convicto nos quiméricos poderes dos sons e dos seus dons demiurgos e os outros, sem rumo por dentro, escutam-nos (preenchidos momentaneamente) e seguem-nos ampliando os lugares invadidos de egos.
O maior "pecado", a ignorância.


( J. A. M.)

14.1.24

Cantador de Palavras

Pintura. J. A. M. 


 

Um corpo paciente atravessa a transformação
dos dias, as oscilações breves do tempo.
(Não é um corpo inocente, pois tem em si
a nudez das árvores nas paisagens
os lábios nos frutos suspensos da sede)
 
 
E quando desse labor apaixonado
surge uma sombra transparente
será um poema será
uma lentíssima pausa na luz
um novo aroma evaporado da pele
para os olhos de quem sabe morrer
à espera de si.
 
 
Entre os vagarosos crepúsculos das palavras
e o primeiro sopro da leitura
há uma cintura de astros inacabados
percursos de sonhos a dormirem no desejo.
 

É para estas fontes que regresso ao fim das noites
espalhando os sonhos mais raros e sozinhos
sobre a esquecida língua do silêncio.


( J. A. M. )
 
 
 
 
 
 

12.1.24

~ folha de um diário perdido ~

 

Sona Jobarteh está a entrar pelos lados onde as portas são mais negras. Para que as estrelas resplandeçam mais, nesta infindável noite.
Há na vocação das vozes um halo universal redondo é este planeta onde agora vivemos.
 
Como no mar: altas ondas outras nem tanto, a 7ª onda é sempre ouro nos sons alongados e por tal sortilégio algo em nós se expande mais.
Tenho agora os pés nus onde elas esmorecem e eu cresço.
Falo do amor. Falo sempre do amor.
 
Entretanto no mar alto e no seu fundo, tudo parece sereno, adormecido, indiferente.
Mergulhei por aqui em noites de imprudentes êxtases. Cheguei a morrer: de encantamento.
Regressei sempre 1 outro que demorava a reconhecer. Enquanto peixes translúcidos me trespassavam. Enquanto o sal da água resplandecia como minúsculos cometas afogados pelo brilho. E tudo era a mesma matéria, tudo estava sempre ligado a uma luz que de longe clamava.
Os sons, as raízes dos sons de Sona Jobarteh, aproximam tal mistério.
É uma outra colheita para a alma, outra voz incógnita cujos sons chegam a ter cores.
Pleno de tudo, regresso á minha cabana onde acendo uma vela. Vivo numa ilha, desconhecida pelos mapas.
E tudo se torna claro como um anel de sol virado do avesso. Dentro e fora tudo é igual.

 
 

( J. A. M. – Gâmbia-2023)


Sona Jobarteh – Jarabi:

https://youtu.be/oToZfPGMMBY?si=F3abTRDcUiPemF3M


7.1.24

a noite transfigura o olhar

Pintura. A NOITE. J. A. M. ( 1980)

 

Vê-se como a noite transfigura
o olhar
e tudo à volta enaltece um outro
mundo
onde os nossos olhos se inclinam
para dentro
desenhando as formas que chegam
com uma luz alheia, uma luz
cheia de novos horizontes
onde somos os mesmos sendo outros.


( J. A. M.)