José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

27.10.21

Outono

 


As folhas caiem das árvores
com o peso do Outono
castanhas, amarelas, verdes, vermelhas
às vezes
um adeus de sombras a voarem.

Mudas as árvores abraçam o frio.


17.10.21

Não sei se volto a voltar

 

(Auto-retrato)
     

     Algures no Brasil cheguei a estar num Paraíso. E regressei.  Agora encontrei outro Paraíso.      Não sei se volto a voltar.
     
    Começo por um dos lados: o mar sem fundo, no compasso di roncu di mar(1)  a chegar claraMente até  mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas tranquilas danças  com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E há as tamarineiras com os fortes braços erguidos para os céus e os seus frutos tombados doados à espera de quem lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser maior no céu indefinito do meu olhar.
     Estou nu, sentado com os pés apoiados na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açúcar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprá-la numa flauta vazia por aí adiante. 

    Olhando, escutando, aprendendo a ser mais. 

    O pássaro que me visita todos os dias merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.



 (1) “nos sons compassados das ondas do mar”. (crioulo do Sotavento).


(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde.) 


P.S. Texto do livro de contos "lusófonos":
O OURO BREVE DOS DIAS.

10.10.21

Portas para os dias.

Pintura: J. A. M.

 " Não andes a correr atrás das borboletas. Antes, cuida bem das flores que tens no teu jardim e elas virão até ti "