José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

5.10.18

(série): DIÁSPORAS AO DEUS~DARÁ

Ruínas da Igreja de São Matias, Alcântara ( 1647). Foto:  j. a. m . 

















Ponta d’Areia ( Br.)



Estou na Ponta d’Areia [1]. Deitado ou sentado à sombra, aí uns 30 e tal graus. O guarda-sol é cor de mangas maduras e eis à minha frente o mar vivo e aceso. Do céu vários azuis luminosos descem naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu domingo.
As crianças vivem à solta por aqui, onde o mar deslaça dia & noite as suas ondas e elas, as crianças, dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pequenos sal/tos de quem está mesmo felizmente feliz e quer, continuar assim, sem precisar de o querer.
Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a merecida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de Deus.
Passa uma caipira [2] com o peso dos anos no rosto grudado pelo sal que vagueia pela aragem e com uma caixa transparente no braço leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidas que outros irão comprar, com certeza.
Olhando para trás, vejo 2 candeeiros públicos ainda acesos, o que não me espanta (pois em Portugal também acontecem estes  descuidos) a despontarem entre as cabeleiras verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto. É de lá - dessas bandas - que chegam até aqui aquelas músicas populares, sempre a tocarem as esferas do coração. Muitas pessoas cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.
Um papagaio caiu, tombou mesmo agora a meus pés e re/paro que é feito de plástico, que já foi saco de supermercado + uns pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda mais agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil como Tudo, dá curvaS sozinho com a cauda louca sem tino e esburaca o espaço, rodopia veloz e depois ,,, cai outra vez no chão aparentemente sólido do mundo e a criança continua a ser criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar, mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha desabotoada, bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas garrafas de Sol [3]  a uns jovens que estão pr'ali num forrobodó evidente e regressa ao balcão, esvoaçando um olhar geral pelas mesas dos seus clientes.
Um bandozinho de sabiás-da-praia passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com cadeiras & mesas azuis, vermelhas e brancas e desaparecem numa curva uníssona do tempo, o que é feito deles? pensei, enquanto uma outra parte de mim se regala a misturar as cores do cenário em jogos infindáveis.

Lá adiante, lá mesmo ao fundo, onde o céu se afunda numa tira horizontal de água mais cintilante no brilho, faz-me lembrar que amanhã irei a St. º António de Alcântara, por onde um touro [4] passeia a sua estrela de cinco pontas na testa carimbada, em noites de lua cheia.


 (São Luís. Estado do Maranhão. Brasil)


Bia Ferreira - Diga Não : https://youtu.be/HyusmerTeUM

P.S.TEXTO DEDICADO AO poVo  Brasileiro  NESTE MOMENTO DA SUA HISTÓRIA .


- raskunho Nº 326 -



[1] Praia localizada a cerca de 4 km do centro da cidade de São Luís, muito movimentada principalmente aos fins de semana, pela população local.

[2] Pessoa humilde do campo, da roça, do interior do Estado.

[3] Marca de cerveja brasileira.

[4]https://youtu.be/WdMWKzRiooY . Segundo uma interpretação livre e segundo  lendas populares, na lha dos Lençóis, D. Sebastião mora num palácio de cristal que se ergue no fundo do mar próximo à ilha considerada encantada. Consta que o rei vagueia pela praia, durante a noite, na forma de um touro com uma estrela de ouro (ou de prata), na testa. Se alguém conseguir atingir a estrela e ferir o touro, o seu reino será desencantado e D. Sebastião poderá regressar a Portugal.

" A Anomalia Magnética do Brasil "

Pintura de : j. a. m. - 2015
~
Anomalia Magnética do Atlântico Sul https://youtu.be/8EGJbs2zibc


( 2º enxerto do livro inédito : " Diário de 3 Gatos ")



(…) tal como há pessoas que gostam de rosas ou de outras flores, eu gosto de plantar sementes de girassol, de ervas daninhas, de tudo o que é provável para a possibilidade da existência de um ar mais puro para todos nós. Sou 1 amante descarado da Natureza * & pronto, como diz o meu povo, gostos não se discutem, e com esta posso prosseguir estará claro um dia destes, pois será coisa do destino ;-)

Então hoje ensinei os meus discípulos a plantar 1 carvalho. No novo quintal, que aluguei à Junta de Freguesia aqui da zona, vá lá não foram alarves no negócio até não pareciam políticos ( dps, no fim do ano, dá-nos 1 ou 2  sacos de batatas. – o.k. ! ).

Não  chamei  as crianças nem lhes dei secas de aulas teóricas & essas tretas, peguei na pequena haste da futura árvore, construí um buraco a condizer e eles aconteceram ali a olhar para a circunstância. Depois fui ao poço com um cântaro e despejei a água que julguei necessária à firmeza da terra abraçada ao novo hospede. Olhei para esta obra na doce companhia  de 4 olhos debruçados, atentos, até (julguei) admirados e pensativos, quem o haveria de dizer? tratando-se de gatos.
Confirmado a facto em si, in loco, 1 dia destes haverá um pouco + oxigénio para o Planeta *, bem-precisa ! há por aí, pelo mundo a fora, pessoal a fazer o mesmo - graças a Deus -  nem tudo está perdido, alimento-me destas veleidades às vezes em momentos de fervor & esperança.

Enquanto agora os meninos, refastelados na almofada colorida de flores exóticas, de onde aromas vários se desprendem sonham com a floresta dos seus sonhos  de felinos (…)


* Há  hiperligações nas palavras: " Natureza" e " Planeta " ( é só clicarem  ).

Rascunho.?-10-18