José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

28.7.19

Um Barco dançava na Luz

Foto: J. A. M.

















Hoje, para variar, meti-me ao caminho para norte e vim parar à Povoa do Varzim.


O mar vivo e aceso, com o sol por cima, está a meu lado como um companheiro para esta ocasional minha solidão, prazenteira aliás.
Nesta esplanada onde os sons das ondas se  debruçam em cascatas iluminadas para dentro dos ouvidos dos olhos e a bem dizer, para o corpo todo.


Saio de mim

e reparo num barco de velas no alto mar, parece transparente segue um percurso e agora atravessa a luz espelhada na água pelo sOl e parece desaparecer definitivamente. Como é tão belo saber esta luz por fora e por dentro o reflexo direto e verídico das leis da Natureza em Tudo se demonstram.

A Maria, empregada de Pernambucoestou cá há duas semanas que me serve as estrellas (1), tem um ar graciosamente sensível, ondula a sua maravilhosa bunda por entre as mesas e a simpatia dos clientes que surgem como cogumelos neste fim de tarde  Alguns destes amigos vêm do trabalho e falam alto entre eles, como se tivessem muitas coisas adiadas para dizerem. Outros mais cansados aparentemente, agarram-se com afinco aos telemóveis e vice-versa & também ficam presos a uma atenção  tão demorada que me deixa derrotado, mas logo recupero.

O copo amarelo da cerveja, os tremoços também amarelos, ambos juntos bem equilibrados em cima do corrimão branco da varanda com minúsculos espelhos, onde os azuis do mar se refletem e  parecem criar um outro mar.  E a sinfonia dos maravilhosos sons das ondas  torna-se mais aLta, d´encontro aos meus 2 ou 200 ouvidos expectantes. E, por momentos torno-me o Cego do Maio, sem me entender.


E o tal barco, feito de nevoeiro e magia voltou ao início e este início é a forma de uma ilha a flutuar entre as águas longínquas e um horizonte difuso e o barco desliza agora outra vez no mesmo caminho outro.

- Maria, já reparou naquele barco além?
- Desculpe, sr., mas não vejo barco algum.



Entretanto: o jantar, algo comestível com um “Cabriz”(2), mas quanto ao prego no prato a parte da carne nem se via praticamente que o digam os talheres. Como só consumo cadáveres raramente, não houve problema de maior, embora tenha assinalado a “gravidade do lapso” ao empregado que  fez a fita de se mostrar servil, nem era preciso tanto pensei eu para com os meus botões, depois de um sorriso q.b. compreensivo & implicitamente altaneiro de cliente de fora, para estar  de acordo com o teatro.



Entre tanto ar tudo escureceu, nem horizonte, nem gaivotas, apenas umas luzinhas dispersas são barcos de pesca nesta zona ainda são possíveis embarcações pequenas onde meia-dúzia de pescadores salvam muitas fomes e apetites nos pratos dos restaurantes à beira-mar plantados à espera dos lucros, obviamente, venham os turistas, por aqui ainda há peixe fresco, serviços baratos, aproveitem  que 1 dia destes nunca se sabe, até quando?


E eis-me então agora no laço final: café curto &  Jack Daniel`s, com uma pedra. De gelo, feito com água da Serra da Estrela, gosto de saber estas coisas.



Antes de me ter despedido do local, ainda olho + uma vez para o tal barco, parece sempre parado antes de o fixar, o barco e a sua viajem, agora é uma visão ou alucinação diferente e entre este e as águas que o transportam não  há intervalo que se vislumbre tudo é uníssono e caminha através de um tempo metafórico que 1 dia destes talvez venha a saber.
As novidades dos novos tempos aproximam-se já chegaram, tudo começa a ser um outro modo de olhar, de estar vivo e aceso.



(1) cerveja da Galícia ( España).
(2) vinho da zona do Dão, Portugal.



(Inicial: Out. 2018)

 Rascunho Nº27



25.7.19

Série; Celebrações

Pintura : J. A. M.

























Há coisas que acontecem.
Há coisas que não acontecem.
Entre elas, a luz derradeira a mais simples
luZ
as esplêndidas aranhas solares expandindo as teias
à nossa volta, ainda os véus impostos da escuridão
erguidos por afortunados ventos dos desertos
das almas que viajam pelas fontes
onde me perdi para Te encontrar
e agora sou o diabo, o anjo negro transformado
em mais um deus, graças a deus
nos teus frondosos braços há oásis
onde pouso as asas quando as noites são translúcidas
e então, eu lhes abro minha atenção
e depois sei como regressar aos voos
o tempo é uma pérola abismada no meu bico
& todas as aves dos céus sem fim
subitamente iluminam as minhas asas
com a felicidade das coisas assim.





(Data: séc. 20)

24.7.19

de manhã


Foto Trabalhada. Autor: J. A. M. 















de manhã, quando ainda as aves são sonhos
e já as claridades esvoaçam
abrindo as portas & as janelas
de encontro aos olhos de quem acorda

e os rios de ouro abrem as vozes
à procura dos mastros humanos
onde há gente viajada em nascentes

e a Beleza do mundo é 1 presente simples
e tudo se ampara nos muitos eus
que devagar se unem
enlaçando a infância, o futuro e o agora

de manhã quando algo estala o
silêncio instaurado e já ouço
o cantarolar aceso dos pássaros
Felizmente vivo
mais um dia.



(11-10-2008)

21.7.19

New Worlds - Nuevos Mundos - Novos Mundos

https://www.arteinformado.com/agenda/f/nuevos-mundos-novos-mundos-new-worlds-177228

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(IM)POSSIBLE WORLDS?

 From poet to poet: "Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of dreams.* "But also from the poet to the visual artist, in a dual declaration of freedom concerning the frontiers of language, or even of the world itself, heading new worlds in which from the ordinary, the Other and the Other else are created. Thus, if in the plastic work of José Alberto Mar we recognize ourselves before signs related to nature (suns, moons, flowers, butterflies) and related to the human being (hearts, eyes, inner flames, heads, crosses), we harmonize ourselves before universal archetypes of geometrical formal root, we become amazed, however, at the metamorphosis of the signs in a process of morphogenesis that has gradually been emphasized by the ontological course of the artist's work, where quest and revelation emerge indivisible. In such a way, that in these (im)possible universes that we are allowed to glimpse, the look surprises itself, but it does not migrate since the other self who affirms himself is deeply rooted in both the human being and nature as an assumption of the transcendent. From another angle, in this display we encounter again a performance between colour and its absence, the intense line, in two-dimensional, three-dimensional forms - and suggestions of other planes – as well as the ethereal signs of ours and of other new languages, that is, all that derives from a symbolic calligraphy. But again, it seems to us that the unmistakable imprint of José Alberto Mar's art flows naturally from the existential matrix of the poet, painter - and visionary - and also from a radical freedom of the being and the existing as an assumed celebration of life. Anyhow, “Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of dreams.”

* (Poet, Ruy Belo, Homem de Palavras)

poeta Sofia Moraes. Translation: Dr.ª  Isaura Pereira
Trabalho visual: J. A. M.

quando a gaivota passou
e deixou a sua sombra pousada
no meu olhar,
todo o rio se tornou um cais de símbolos.


19.7.19