José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

8.1.20

(Enxerto do livro inédito “Diário de 3 Gatos”)

Cartaz: J. A. M. 
























(…) Então hoje ensinei os meus discípulos a plantar 1 carvalho (1). No novo quintal, que aluguei à Junta de Freguesia aqui da zona, vá lá não foram alarves no negócio até não pareciam políticos (depois, dá-nos umas flores para a festa cá da Terra. – Está bem!).

Não chamei as crianças (2) nem lhes dei secas de aulas teóricas & essas outras tretas que por aí andam nos ensinos oficiais deste ofuscado país, peguei na pequena haste da futura árvore, construí um buraco a condizer e eles aconteceram ali a olhar para a circunstância. Depois fui ao poço com um cântaro e despejei a água que julguei necessária à firmeza da terra abraçada às raízes do novo hospede. Olhei para esta obra na companhia de 4 olhos debruçados, atentos, até (julguei) admirados e pensativos, quem o haveria de dizer? tratando-se de gatos.
Confirmado a facto em si, in loco, 1 dia destes haverá um pouco + de oxigénio para o Planeta, bem-precisa! há por aí, pelo Mundo a fora, pessoal a fazer o mesmo, graças a Deus! nem tudo está perdido, penso às vezes em momentos de um inesperado fervor & uma boa dose de esperança.

Enquanto agora os meninos, refastelados na almofada de flores exóticas, de onde várias cores se desprendem, olham para mim como se eu fosse um ser estranho (…)


Francamente... 



J.A.M.

(2018 ? - Rascunho Nº  17  )


(1) A escolha da futura árvore, foi-me fácil. No geral, vivo em Portugal.  “A maioria das florestas autóctones do continente de Portugal (as que existiam antes da destruição provocada pelas actividades de alguns humanos) eram carvalhais. Daí a razão de existirem tantas terras com o nome de Carvalho(a), Carvalhal(ais), Carvalhosa, Carvalhedo(a), Carvalheiro(a), Carvalhinho(a), Carvalhido, e mais especificamente Cercal e Cerqueira que são arvoredos de Carvalhos-Cerquinhos (Quercus faginea subsp. broteroi). O seu epíteto subespecífico é dedicado ao grande botânico português Félix de Avelar Brotero (1744-1828), autor da Flora Lusitanica e, mais tarde, da Phitographia Lusitaniae.” ( tradução livre).
Em celta significa quer + kuez " árvore nobre ".  

(2) trata-se de um casal de gatos com cerca de 8 meses.

5.1.20

( notícia do dia )



" Hoje a Terra atinge a sua velocidade máxima: 110.700 Km/h.Segure-se porque viaja a mais de 110 mil quilómetros por hora.

Na verdade, apesar de estar sentado numa cadeira neste momento, está a “andar” a uma velocidade infernal.”


(P.S. utilize o seu cinto de segurança, + conveniente).

Cartaz. J. A. M.




















pplwqre: https://pplware.sapo.pt/ciencia/hoje-a-terra-atinge-a-sua-velocidade-maxima-110-700-km-h/

~ Encontros ao Deus-Dará ~

Trabalho dos Anos/ 80 . J. A. M. 




















primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era  macia de um modo tão suave e a pedir só mansidão e elas, as mãos, transcorriam bêbedas com todos os seus 10 dedos nas polpas sensíveis cada vez eram mais e eu lá no fundo, no final da sensação, deixava-me navegar com toda a preguiça esboçada do mundo, por este mar de novidades que aquele corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.

E ela estava deitada, enlevada no seu sonho de ser mulher para as minhas mãos e eu sentia-a a crescer nos ritmos da respiração, e de um lado e do outro, ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio, que tínhamos de possuir precisamente ao mesmo tempo.
Tudo ilusão. E, no entanto, não era. Eu estava ali, ela também, éramos 2 corpos com as portas escancaradas ao Mundo. A aragem das mãos esvoaçando sobre a pele de veludo, era o que sobrava do silêncio de chumbo, onde os nossos corpos jaziam. Havia entre nós, um nó inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais aprumadas já não dizem palavras. Os gestos criavam outros mundos, onde só nós cabíamos, onde só nós éramos perfeitos  espera de o sermos.


José Alberto Mar. Brasil.

(in, " Gazeta de Poesia Inédita" 4-Jan-2020:

2.1.20

~ 3º pedaço de mais um diário perdido ~

Série: pequenas sabedorias. Autor: J. A. M. 
























Depois de viajar por muitos universos, as asas descem
mais cegas
mais frágeis
apenas dois olhos na luz possível.


Por aqui, neste mundo, à minha volta: 2 universos, apenas: o Universo do Amor e o Universo do Medo. Cada um com inúmeras portas e janelas e nomes encobertos e descobertos por onde se entra e sai e se volta a entrar e a sair. Quase eternamente. O círculo ou a espiral, a sobrevivência do macaco nas ilustrações da luz ou a luz derramada em forma de cruz. Tudo inscrito, tudo escrito em todos os lados, dentro das cabeças, na imensa água do interior do corpo, nas paredes levantadas, por fora & por dentro, nas alegrias e na dor.

Talvez a propósito, à dias, numa repentina surpresa com o seu quê de inopinada iluminação, apercebi-me que a morte não acontece só aos outros. Eu também vou morrer?
após N deambulações entre vários registos de quem pensa que pensa e tudo neste regaço tem 1 tom incómodo e em vão, claro que não cheguei a lado algum, digamos Maior. Mas, confesso, fiquei abalado. Eu já “sabia isto”, mas um outro de mim também me disse que não era bem “isto” o que eu sabia. Era algo mais ao longe, uma qualquer coisa esfumada entre os “ trabalhos e os dias ” (1) e o simples medo de tal, digamos assim, efetiva constatação.

Regressei pois aos universos dos Amores e dos Medos. Lembrei-me das inúmeras cabeças metafóricas e mortas dos jardins públicos do meu país (2) e coloquei a minha de lado, por simples resguardo. De coração aberto revi o que sinto ter vivido ao longo da vida e encontrei ilhas, memórias, abreviações, pedaços, momentos onde houve algo maior, outros assim-assim e ainda outros, nem-por-isso.
Tenho esta idade, varia todos os dias, 18, 25, 52, 68, 1000, 10.000 e todo o presente à minha frente. Vou começar agora a cumprir realmente o meu destino.


(1)  Poema épico de Hesíodo; 
(2) representação evidente da sobrevalorização ocidental do  "mundo da Razão ". E, por este caminho veja-se o "estado das coisas".

NOTA pessoal: tenho a ligeira impressão, que a maioria das pessoas, vivem o dia-à-dia como se fossem "eternas", isto é, não pensam - de vez em quando -  naturalmente, que 1 dia irão morrer. Como o povo diz: "esta Vida são 2 dias". Talvez, algumas vezes 3.
Um estudo +/- recente, declarou que neste mundo, Um Milhão de pessoas deita-se e acorda morto.

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