José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

2.1.20

~ 3º pedaço de mais um diário perdido ~

Série: pequenas sabedorias. Autor: J. A. M. 
























Depois de viajar por muitos universos, as asas descem
mais cegas
mais frágeis
apenas dois olhos na luz possível.


Por aqui, neste mundo, à minha volta: 2 universos, apenas: o Universo do Amor e o Universo do Medo. Cada um com inúmeras portas e janelas e nomes encobertos e descobertos por onde se entra e sai e se volta a entrar e a sair. Quase eternamente. O círculo ou a espiral, a sobrevivência do macaco nas ilustrações da luz ou a luz derramada em forma de cruz. Tudo inscrito, tudo escrito em todos os lados, dentro das cabeças, na imensa água do interior do corpo, nas paredes levantadas, por fora & por dentro, nas alegrias e na dor.

Talvez a propósito, à dias, numa repentina surpresa com o seu quê de inopinada iluminação, apercebi-me que a morte não acontece só aos outros. Eu também vou morrer?
após N deambulações entre vários registos de quem pensa que pensa e tudo neste regaço tem 1 tom incómodo e em vão, claro que não cheguei a lado algum, digamos Maior. Mas, confesso, fiquei abalado. Eu já “sabia isto”, mas um outro de mim também me disse que não era bem “isto” o que eu sabia. Era algo mais ao longe, uma qualquer coisa esfumada entre os “ trabalhos e os dias ” (1) e o simples medo de tal, digamos assim, efetiva constatação.

Regressei pois aos universos dos Amores e dos Medos. Lembrei-me das inúmeras cabeças metafóricas e mortas dos jardins públicos do meu país (2) e coloquei a minha de lado, por simples resguardo. De coração aberto revi o que sinto ter vivido ao longo da vida e encontrei ilhas, memórias, abreviações, pedaços, momentos onde houve algo maior, outros assim-assim e ainda outros, nem-por-isso.
Tenho esta idade, varia todos os dias, 18, 25, 52, 68, 1000, 10.000 e todo o presente à minha frente. Vou começar agora a cumprir realmente o meu destino.


(1)  Poema épico de Hesíodo; 
(2) representação evidente da sobrevalorização ocidental do  "mundo da Razão ". E, por este caminho veja-se o "estado das coisas".

NOTA pessoal: tenho a ligeira impressão, que a maioria das pessoas, vivem o dia-à-dia como se fossem "eternas", isto é, não pensam - de vez em quando -  naturalmente, que 1 dia irão morrer. Como o povo diz: "esta Vida são 2 dias". Talvez, algumas vezes 3.
Um estudo +/- recente, declarou que neste mundo, Um Milhão de pessoas deita-se e acorda morto.

(data=?)

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