José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

16.11.15

Estou de Tanga


 
hoje levantei-me bem comigo & a vida, comi manga, papaia e cana de açúcar do meu quintal tudo oferecido com a claridade do sol já esclarecido nas coisas do mundo.
Também bebi água logo nas aberturas do dia e é água leve e fresca que vem dos lados do convento de São Francisco, do séc. XVII, eles lá sabiam as melhores fontes das coisas essenciais à vida.
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde se colhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as rochas negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de cores a partir para outros lugares.

Acabei agora de regar as minhas plantas, saudar as flores que me ajudam tacitamente a ser feliz, tocar ao de leve as folhas da palmeira aqui ao lado, são pequenos gestos aparentemente distraídos entre seres que são irmãos.

A minha amiga borboleta, que me visitou logo no 1º dia, volta todos os santos dias, enquanto estou a acordar-me nestas pequenas tarefas. Um dia destes, veio poisar na minha mão, mas só ao fim do coração da manga bem chupada, é que sorveu com tal suavidade a ultima gota que me deixou derrotado por uns longos instantes.

Ah! eu e a minha amiga borboleta, duas pétalas brancas, uma de cada lado, onde pontuam vários círculos negros salpicados  à toa, falámos abertamente dentro dos nossos silêncios amadurecidos, depois foi vadiar pela mata a fora  partilhar alegria e liberdade com outros, remando agora as suas muitas asas frágeis ao sabor das curvas da aragem e, pronto.

Votei ajustar a tanga à cintura (um dia destes tenho que arranjar uma tanga a sério de pano de terra, logo se vê) incendiei 1 cigarro, pernas desleixadamente sobre a varanda azul e costas contra o mundo.

 

 

Cabo Verde. Ilha de Santiago. Sidády Vêlha - 2008

12.11.15

A Viajante














(lençõis maranhenses. Br.)
Foto de J.A.M.

( Aliete )


Aliete foi menina algures. Falou e eu escutei e depois fizemos amor com os dois corpos ali. Lembro os seus olhos de índia distantes e negros a pele de veludo a chamar-me o tesão na lentidão de cada mão. Adormecemos tombados já o sol acendia os lençóis. Deixei-lhe o ás de copas que encontrei pelo caminho à espera do nosso destino. Ela deixou o meu coração mais dourado.

 
(Brasil-Natal-Agosto-2003)

11.10.15

OLHANDO PARA O MONTE CARA



Os ramos das palmeiras ao sabor da leve brisa
e os sons frescos encaminham-me para o mar
onde vejo um pensativo rosto de pedra.


Feliz escurece, o olhar à procura
da lua, esse vaso de luz
onde uma das luas se deita
e então eu sou, a sombra pousada

nessa luz alheada.
 
 
( Cabo Verde. Mindelo)

da Série: pequenas sabedorias.





17.9.15

Estremece a estrela que vive



 
Estremece a estrela que vive naturalmente aberta

à escuridão & nos 2 olhos cintila
o véu do instante, a aparência maior
do que é superfície e aí se afoga
na multidão dos dias há tanta vida  mecânica


Vejo nos gestos o silêncio amparado
pelo silêncio que aspiro
o lugar onde qualquer semente pensa
sonhando com tudo
pois nada do que é fruto
acontece sozinho.

 



Set. - 2009

de coração na cabeça (Série)
















de J.A.M.

Técnica: Tinta da china e acrílico s/ papel.
Medidas: 60X75 cm
(2015)

28.8.15

Atravessado pelo zen


 


 

 ...e o ar dentro das gaiolas está engaiolado?
algo realmente aconteceu e eu fiquei perplexo. várias vezes, o ar se tornou mais leve e aí as palavras eram sombras estranhas mesmo, quando o silêncio pesava inventava à sorte outros sons: kaziar, ooom, latuuda, maçala, tarugui,....etc.
no próprio acto da busca retornava ao silêncio vivo. onde as mãos lembravam somente algo que se eleva.
e o ar, ao atravessar as gaiolas, soprava risos criativos. A bem dizer eu só estava ali, para aprender a estar

 


 

...distante mas aceso, ele procura o seu silêncio vazio. depois de todos os sons que já conhece, depois do eco desses mesmos sons, depois de qualquer imagem de som, ele busca um silêncio que nunca aconteceu.
tudo à superfície é ruído e tumulto. insatisfeito, incompleto, ele mergulha para dentro. foge de uma parte de si, para encontrar outra, onde se veja mais real e vivo.

 


 

 .. todo este caminho é demorado. as vozes à volta, as vozes dentro da cabeça, as vozes pendulares das imagens, dos astros, da torrente das águas no corpo em frente à lua, só por si é muito para ele descobrir entre as 7 portas qual a 1ª, a 2ª e por aí adiante ou então se não haverá  vez alguma.
adiante, se lembra que a intuição é a única voz que pode ser escutada, depois do silêncio pleno instalado, ali onde nenhum sinal será referência de qualquer outro

17.7.15

Deambulando pelo arco-iris.

 
Técnica: Tinta da china e acrílico s/ papel.
Medidas: 60X75 cm.
(2015)
Autor: José Alberto Mar
 


o novelo da paisagem perdura
no lugar que está a cair.