Sem cansaço Para lá das escadas, há o começo de qualquer coisa … Uma espécie de círculo luminoso ao fundo. As montanhas ao relento. São corpos que dormem. Fechadas em ocultos silêncios. Sob véus de franca neblina.
( Percorro, sem cansaço, o caminho suportado por líquenes. Quietos. Lisos. À medida dos meus passos as montanhas ganham súbitos cumes. Aproximados do céu. )
A lua. Pousada entre relevos. Olhos pálidos. Discretamente. Velam pelo sonho das sementes que, na estação das primaveras, arrebentam do chão crespo. E, então, nas encostas, pequeníssimos roxos espontaneamente florescem.
( Percorro, sem cansaço, quelhos que levam ao cimo dos morros. Colho das escarpas uma pedra. Táctil. Ali, inexplicável ! Como força estranha que chama. Octaédrica. Carbono. Brilha. Imoderada. Na concha da palma da minha mão ... )
Para lá das escadas, outras luas nascem. Navegam luares. Em leitos nocturnos das encostas cadentes …
… Há música. Música também … Erguida. E é antiga. Total. Piano. Sonata. Ao luar. Beethoven. Ou somente a cadência das neblinas ?
Pelas escadas fora …
O Assombro surge ao alcance da mão. Espontâneo momentâneo insólito. Pronto. Como pedra celeste que brota inesperada. Do chão. Por entre coisas banais ...
( Repara : sem cansaço ... )
Eugénia Soares (Enquanto caminhava “Pelas escadas fora”, imagem construída por j.a.m. In “EUCVOOCAMINHANDO.BLOGSPOT.COM”, 2011.01.28, ao mesmo tempo que ouvia a “Sonata ao Luar – 1º Movimento”, Ludwig van Beethoven.)
Sem cansaço
ResponderEliminarPara lá das escadas, há o começo de qualquer coisa …
Uma espécie de círculo luminoso ao fundo.
As montanhas ao relento. São corpos que dormem.
Fechadas em ocultos silêncios. Sob véus de franca neblina.
( Percorro, sem cansaço, o caminho suportado por líquenes.
Quietos. Lisos. À medida dos meus passos as montanhas
ganham súbitos cumes. Aproximados do céu. )
A lua. Pousada entre relevos. Olhos pálidos. Discretamente.
Velam pelo sonho das sementes
que, na estação das primaveras, arrebentam do chão crespo.
E, então, nas encostas, pequeníssimos roxos
espontaneamente florescem.
( Percorro, sem cansaço, quelhos que levam ao cimo
dos morros. Colho das escarpas uma pedra. Táctil.
Ali, inexplicável ! Como força estranha que chama.
Octaédrica. Carbono.
Brilha. Imoderada. Na concha da palma da minha mão ... )
Para lá das escadas, outras luas nascem. Navegam luares.
Em leitos nocturnos das encostas cadentes …
… Há música. Música também … Erguida.
E é antiga. Total.
Piano. Sonata. Ao luar.
Beethoven. Ou somente a cadência das neblinas ?
Pelas escadas fora …
O Assombro surge ao alcance da mão.
Espontâneo momentâneo insólito. Pronto.
Como pedra celeste que brota inesperada.
Do chão. Por entre coisas banais ...
( Repara : sem cansaço ... )
Eugénia Soares (Enquanto caminhava “Pelas escadas fora”, imagem construída por j.a.m. In “EUCVOOCAMINHANDO.BLOGSPOT.COM”, 2011.01.28, ao mesmo tempo que ouvia a “Sonata ao Luar – 1º Movimento”, Ludwig van Beethoven.)