30.8.12
Género Metáfora
A
gente vai sabendo as coisas para aprender a saber outras coisas e depois
esquecer.
Amparamo-nos
nisto & naquilo ao sabor dos gostos e desgostos que a vida nos dá, ao bater
do coração contra o peito do mundo.
Alguém
passeia-se algures por caminhos e paisagens, onde há pedras pelo chão e acontece-lhe
curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar por isso e há um diamante
entre as mãos, o olhar turva-se pelo brilho demasiado que o sol lhe oferece no
mesmo instante e depois?
Há
quem logo veja um diamante, há quem não dê conta do vislumbre que lhe
aconteceu e continue a sua vida apegado aos seus hábitos, atirando o pequeno
seixo para as águas de 1 rio que desliza por ali no seu ocaso indiferente a
tudo isto.
Os hábitos escravizam-nos, tornam-nos cegos, todos os
dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias mas não o são,
não.
29.8.12
Ecce Homo
Desenho: J. A. M.
" Ter força é ser capaz de devolver, bem redondinha, a bola
quadrada que a vida nos passou."
28.8.12
paisagem natural
Foto: J. A. M.
( Giordano Bruno foi queimado numa fogueira há cerca de 400 anos, por defender que a Terra estava viva )
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3º
Colher escolher à tona o desejo mais fechado
entregá-lo aos olhos e dizer: como acontece o coração
no seu exacto pensamento. Onde felizmente
há música na geometria dos astros
e um início de ouro a cada momento.
in, " O Triângulo de Ouro", Ed. Justiça e Paz, 1988.
Noturnos Lusitanos
Imagem: J. A. M.
" Por tão alto e doce pensamento
com razão a razão se me perdia..."
( Camões )
Ainda é tão vivo o sonho dos antigos engenhos a cintilarem os olhos
à volta dos astros a soltarem as mãos como barcos com luz e os pensamentos
a baterem nos horizontes em imagens de sal e o mal que é a saudade
por algo sem nome a desatar as memórias com laços em cruz e a cegueira
que vem após as visões o nada despido quando 10 dedos são muitos
e as fadadas distãncias em nós para cada corpo a sua alma
para cada alma o seu destino e tudo isto a saber a tão pouco quando
olhamos pela janela e a primeira imagem do dia acorda em nós
a ilusão de um deus.
olhamos pela janela e a primeira imagem do dia acorda em nós
a ilusão de um deus.
- in, " A Primeira Imagem". 1998 -
27.8.12
26.8.12
Série: Auto-Retratos-Assim
Foto Construída: J. A. M.
in catálogo , Exposição de Artes Visuais " Trabalhos de 1 Jardineiro", Maio , Porto - 2012.
Entrada Para o Luar
um caroço onde se alumia uma chama
silenciosa
que nos acende os dias & as noites.
Onde, perdura o que foi e há-de ser (...)
25.8.12
24.8.12
dulce vita
Foto: J. A. M.
A luz que se levanta
para os olhos
a dulce vita espalhada
no rosto do dia
as cores viajantes
na seiva & no sangue
as estrelas caladas
os sons dos pássaros ao lado
as águas do rio. O
momento que se completa
e depois já é outro momento-
-monumento da vida.
( Visões retrospectivas: in, "A Primera Imagem" - 1998 )
14.8.12
Onde o Sol é Mais Perto
Imagem: J. A. M.
Às vezes pego no bloco. Pego na caneta. Fico assim horas a fio a olhar
depois desço o olhar
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite
por detrás da sebe da casa há um sobreiro com ramos rugosos onde a cortiça respira & cresce sem darmos por isso e as folhas todoas juntas formam uma cabeleira que estremece e dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar.
De repente, os repuxos calaram-se. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas obsortas se abrem ao desejo da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que desce dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à-volta. Na superfície azulada da piscina, estranhamente ondulada, está a lua estampadamente enorme.
2.8.12
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