José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

28.12.15

Cheguei hoje ao Tarrafal…


 
cheguei hoje ao Tarrafal. A viajem em “ayacer”* demorou-se, com vizinhos  sonolentos como eu, o meu grande malão lá atrás cheia de pedras preciosas, jóias de ouro muitas e de prata algumas, N riqueza, a mala pesadíssima lá atrás encostada a um porco branco que às vezes rosnava para o silêncio dele próprio e o barulho do veículo pela estrada acima que nem uma seta q.b. dentro do nevoeiro que às vezes se esquecia de o ser, e então havia montanhas verdes, casas perdidas sozinhas por lá, onde me apetecia morar.
 

 
* pequena camioneta.
 
 
(Cabo Verde)

pequenas sabedorias

6.12.15

há nevoeiro na estrada e a ferida voltou




há nevoeiro na estrada e a ferida voltou alastrar. Com crisântemos carregados de aromas para os lados onde se abre o sol caído entre nós.

Não é Inverno nem é Verão é outro o tempo da espera e da esperança, entre as árvores com história e as rochas escolhidas pelo mar.

Só na espuma das noites caiem  pérolas nas visões.

A Longa Estrada

 
Imagem : J. A.M.

1.12.15

Sentimentos Ilhados


 
O céu cheio de manchas cinzentas umas mais outras menos escuras sobre um fundo que se pressente azul. O Monte Cara pousado na sua lonjura pensativa e sempre tão presente na alma de cada mindelense. O aroma nostálgico do Ser de uma ilha com as raízes mergulhadas no oceano Atlântico, os sons de uma morna abrindo a noite como quem pede licença para entrar, mas já se instalou suave e inteira abrindo os braços a quem quiser estar, a menina de camisa encarnada e mini-saia-azul abertamente com as coxas de ébano demoradamente nuas e brilhantes até um determinado ponto inexacto, os 2 amigos calados & unidos a uma garrafa de grogue, a criança ainda de colo de camisa cor-de-rosa e 4 totós verde-alface no cabelo encarapinhado a chupar uma manga pela boca adentro e uma gota docemente a cair-lhe pelo queixo até à mão naturalmente aberta da mãe absorta aos sons do cantor, unindo-nos a todos num só lugar e depois lá fora os ruídos dos ilhéus que vão e vêem dos seus destinos circulares, e ali fora na estrada alguém vai sentado de lado sobre uma bicicleta que desliza sorrateiramente pelas azáguas* a fora sem darmos por isso

 

*Em crioulo: poças de água da chuva

(Cabo Verde. Mindelo.)