O céu cheio de manchas acinzentadas umas
mais outras menos escuras sobre um fundo que se pressente azul. O “Monte Cara”
sempre pousado na sua lonjura pensativa e sempre tão presente no caroço da alma
de cada mindelense. Os aromas nostálgicos do Ser de uma ilha com as raízes
mergulhadas nas águas demoradas do eternamente mágico oceano, onde já fomos grandes & voltearemos a sêlo.
Os sons de uma morna abrindo a noite
como quem pede licença para entrar mas já se instalou suave e inteira, abrindo
os braços a quem quiser estar, a menina de camisa encarnada e
mini-saia-azul-abertamente com as duas coxas de ébano polido demoradamente nuas
e brilhantes até um determinado ponto inexato, os dois amigos calados & unidos
a uma garrafa de grogue, a criança de colo ainda, sapatos de serapilheira cor-de-rosa
e quatro totós verde-alface no cabelo encarapinhado, a chupar uma manga pela boca adentro
e uma gota a cair-lhe doucement pelo
queixo até à mão naturalmente aberta da mãe absorta aos sons do Vadú,
unindo-nos a todos num só lugar uníssono e depois lá fora vislumbro através do
feixe de luz da porta com uma nesga aberta, os ruídos dos ilhéus que vão e vêm
dos seus destinos circulares e ali na estrada, agora mesmo, alguém vai sentado ao contrário numa bicicleta que desliza sorrateiramente pelas azáguas afora ~ ~ ~ ~ ~
mas que arte será aquela?
(Mindelo. Ilha de S. Vicente.Cabo Verde)
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