Há coisas do diabo. Algures no Brasil cheguei a estar no Paraíso. E regressei. Agora encontrei outro Paraíso. Não sei se volto a voltar.
Começo por um dos lados:
o mar sem fundo, no compasso di roncu di
mar [1] a chegar claraMente até mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas
tranquilas danças com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E
há as tamarineiras com os fortes
braços erguidos para os céus & os seus frutos curvados doados à espera de quem
lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que
iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser
maior no céu indefinito do meu olhar.
Estou nu, sentado com as patas apoiadas na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açucar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprar uma flauta vazia por aí adiante.
Olhando, escutando, aprendendo a ser mais.
O pássaro que me visita
todos os dias, merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua
árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo
meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está
demasiado claro para mim.
de: j. a. M. & Victor M.
(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde. Rascunho.2008/2017)
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