José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

16.10.20

OUTONO



 

As folhas despedem-se das suas árvores

castanhas, amarelas, verdes, vermelhas

às vezes

um adeus de sombras a voarem

 

vadias pela aragem enquanto a terra

não lhes dá colo.

 

Naturalmente, em breve despidas

as árvores abraçam o frio.



( J. A. M. - anos 80?)


12.10.20

INTERROGAÇÕES

 












( Pintura: J. A. M. )


1

 

Bate-me à porta a noite

o silencioso exercício do Mundo

acontece-me na mais pura beleza

do que parece estar nu.

 

Inspira-me a visão das linhas curvas

dos sons e a inutilidade das mãos

quando a intenção desta beleza é estar

à altura do espanto.

 

Sou, pois, mais um ser

dominado pela voz, cantando

o seu exemplo de onda transformada

em espuma

 

2

 

É sempre à noite, quando a luz

caminha de soslaio entre as paredes do mundo e

chego à casa da minha existência.

 

É sempre fria esta estranha sensação a distância

entre tudo o que parece real dentro da casa ou

dessa voz vadia

que canta desamparada e só.


( J. A. M. - Anos 80 ou 90?)