( Pintura: J. A. M. )
1
Bate-me à porta a noite
o silencioso exercício do Mundo
acontece-me na mais pura beleza
do que parece estar nu.
Inspira-me a visão das linhas curvas
dos sons e a inutilidade das mãos
quando a intenção desta beleza é estar
à altura do espanto.
Sou, pois, mais um ser
dominado pela voz, cantando
o seu exemplo de onda transformada
em espuma
2
É sempre à noite, quando a luz
caminha de soslaio entre as paredes do mundo e
chego à casa da minha existência.
É sempre fria esta estranha sensação a distância
entre tudo o que parece real dentro da casa ou
dessa voz vadia
que canta desamparada e só.
( J. A. M. - Anos 80 ou 90?)
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