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" Deixo a Porta Entreaberta " ( 26 Junho ~15 Julho. Porto. Portugal) |
Tríptico às
Imagens Nuas
1.º
Por vezes, alguém põe um dedo na ferida.
Quero dizer: alguém acorda a sombra geral dos seus nomes e os nomes mergulham
nos ritmos do sangue e logo as mãos crescem para os lugares e os lugares
crescem com elas e tudo fica mais Alto. Há quem passe, olhe de lado e continue
a sua vida. Outros há que passam e se detêm por um pormenor mais chamativo.
2.º
Claro que todos os lados, todos os nomes
são pretextos. E os lugares também. Nascemos e morremos por uma graça indomável
perdida no tempo. Andamos às voltas disto tudo enquanto por dentro acordam e
adormecem as sementes povoadas pelos estranhos frutos de uma sede sem fim.
3.º
Vozes e imagens que cantam a Vida e o
exemplo dos milhares de sóis mesmo sabendo-se que para outros olhares, há um
abismo memorial nas cabeças uma outra idade outra boca menos cercada pelos dons
dos dias, na transformação dos corpos.
(in, “ A Primeira Imagem “ , J. A.
M. - 1998)