Pintura: J. A. M. |
(1ª dose)
Uma mulher contra um muro.
Encostada ao de leve, como quem ampara algo sem nome e prende à sua frente a
sombra que a desafia.Olhando para o chão. Um lugar que não se vê, porque é evidente espelhado nos
olhos, que este ser consente no rosto inclinado.Será o subterrâneo medo de estar viva ou o seu natural segredo de ser mulher,
exposto a este mundo assim?
(2ª dose)
(...) Esta é uma outra mulher, mais
madura que exalta o seu corpo com um propósito evidente.
Por detrás dela, há um pano de tenda com formas e cores aliciantes e escuras.
- Serão as suas memórias?
O seu espírito torna-se mais branco, na evidência da luz diurna que cai sobre
ela.
(3ª dose)
(...) Outra mulher deitada com um ar de sofá cómodo e a olhar abertamente para
quem a vê. Nada tem a perder.
Mas, para quem a olha demorosamente, há no seu olhar algo de enigma que não é
criado para o momento e é o que fica.
Ligando-a realmente à vida.
Repousa ali inteira no seu corpo, mas o seu ser humano é longe e
é sempre mais.
(J.A.M. ~ Julho-2010)
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