José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

16.3.17

a viagem

série: diásporas.

 
JÁ  FUI  AO  PARAÍSO
 
Há coisas do diabo. Já fui ao Paraíso.
E voltei. Estava já quase acordado na cama do meu quarto no Hotel Europa, quando a Ana e a Joyce abriram a porte em leque cheias de sorrisos floridos e me convidaram para darmos um passeio pelas franjas de Gaibu. Lá me levantei um tanto ou quanto aturdido pelas caipirinhas da noitada anterior, mas depois de beber o coco fresco que me atiraram de chofre, vesti a t-shirt e os calções de sempre e lá fomos, que nem 1 trio harmonia pelo dia adiante
Passámos pela linda praia de Calhetas, onde vi ondas debruçadas sobre a própria espuma, depois de serem verde-esmeralda e azul-turquesa e também vi uma foto do jovem Eusébio no recatado bar lá do sítio, ao lado de N ilustres que por ali tinham po(u)sado algures, ao longo dos seus destinos. Depois, continuámos a caminhar por entre árvores, plantas e flores de muitas cores e aromas, Tudo era enorme, até que a certa altura, num morro inesperado e cheio de azul muito azul do céu, vi uma tabuleta tosca de madeira com a palavra: “PARAÍSO”. As minhas companheiras apanharam o meu ar aparvalhado e eu apanhei-as a sorrirem apenas cúmplices.
O que é que havia a dizer?
Lá descemos entretidos com os pés de cada um, a saltarem de pedra em pedra, até que desembocamos numa espécie de praia com a água muitomasmuito transparente e a areia era prateada pelo pôr-do-sol que se diluía pelas águas até ao esquecimento. Sentámo-nos a olhar e a escutar o mundo à volta através daquele ponto de vista, dentro do ponto de vista de cada um e os três sentados juntos com as 6 vistas desarmadas, despidas, deliradas. Já não sei e pouco me rala, o tempo (o tempo? J ) que poisámos ali, a respirar aquele lugar tão belo e simples irrealmente em tudo. Lembro-me vagamente que as palavras eram coisas a mais e a ninguém lhe passou pala cabeça falar de tal coisa.
Quando regressámos a Gaibu, numa camioneta que ainda circulava, já lá estava instalada uma festa claramente aberta á nossa espera.
 

J.A.M.
(Brasil. Pernambuco.Gaibu.2004. Alterada.2006; 2015; 2016;2017)

13.3.17

há anjos na noite & para eles o meu azul é pouco



















( J.A.M. ~ foto trabalhada)

(series: allucinations)

Msg a Garcia


lá por haver cegos, não quer dizer
que a luz não exista

(J.A.M.-1435)
J.A.M. ( série: pequenas sabedorias)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


OCULTO REVELADO. - Mecânica Quântica -


Estrelas Apagadas



já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um fio emaranhado de leves& ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1 texto antigo.
Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava & tudo estava unido. Os barcos continuavam a balançar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso junto ao aconchego do útero.
Os pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes e as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.
 
 
José Alberto Mar

 (Out.2010.Modificado.Março.2016. Publicado no f.b. Março.2017))

10.3.17

Bom fim de semana ~ Good weekend













( Foto: J.A.M. - Galiza. España )

HÁ GENTE QUE MANDA NA GENTE PARA SE SENTIR GENTE

 

J.A.M.- O Grito (imagem trabalhada.)
 
Há "gente" que manda na gente, só para se sentir gente. Eu, cá para mim, não gosto  nada dessa "gente". Prefiro, de longe, a gente que gosta da gente, sem lhe apetecer mandar na gente. Pois, essa "gente", que só gosta de mandar em toda a outra gente para se julgar gente, cá para mim, não são gente, mesmo. Porque se essa "gente" fosse realmente gente, entendia claramente, que não é necessário haver gente-por-cima & gente-por-baixo, dado que toda a gente nasce despida e toda a gente vai desta para melhor, vestida por outra gente.
Mas, porque é que o raio que os parta, dessa "gente" que continua a mandar em toda a outra gente, não começa por saber mandar neles próprios, para se tornarem verdadeiramente gente?
 
 Essa "gente" é mentecapta, muito inteligentes sem dúvida mas com a inteligência ao serviço da estupidez, têm a lucidez do tamanho da astúcia,  são inequivocadamente infelizes, intranquilos, sem  paz por dentro, escuros, desalmados até, mas nós  a gente,  que culpa temos disso? Embora essa "gente" nos castigue  continuadamente por isso.
 
 
Gente deste & daquele ramo dessa árvore putrefacta, crentes disto & daquilo, governantes Grandes & governantezinhos pequenininhos, lá vê a gente aquela outra “gente” a continuar a mandar para nos ludibriar, escravizar, espezinhar, ignorar  & roubar a toda a minha nossa gente (…)
 
 
Claro que também há gente que se deixa levar  assim, por essa "gente" seguem-nos cegamente e então só é gente assim-assim  entre os muitos lados das gentes.
Nesta coisa de haver gentes, "ser ou não ser é“ mesmo a questão, pois cá para mim não há
meias-gentes, propriamente dito.
(...)

 

 

(Texto-esboço-inacabado-quiçá- Agosto.2007. Modificado.2009.Modifica.2017.)

Guerreiro com 2 hearts.Warrior with 2 corações

A Lei e a Liberdade



Não entendo essa ausência de rigor
dissipando a morte
no fundo insípido dos dias

Seja o que fôr que haja pelo menos uma vez
um olhar grandioso
sobre o grandioso mundo
que uma mão se liberte libertando a imagem
e seja pássaro, ideia ou nuvem
ou um íntimo segredo abraçado á vida.


(in, "s Mãos e as Margens". Ed. Limiar.1991.)

9.3.17

A Última Droga: Oxigénio.



















J.A.M. ( poster.cartaz.Imagem trabalhada)

Msg a Garcia


Tudo está á mão de semear.
Nós só apanhamos o que está á nossa altura.


( J.A.M. - séc. 21)

6.3.17

O Barco Noturno


 
Foto: J.A.M.
 
 
 
o barco, no alto mar
acesa é a noite que o desenha
contra o fundo estrelado enfim

o barco com a sua âncora abismada
as cores dos peixes estremecem
o silêncio fundo do que é sagrado

o barco como metáfora de alguém
que olha o horizonte alongado dentro.

 

 
(Maio.2010. Alterado.2016. Alterado.2017)



1.3.17

estrelas apagadas


 
 
já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um fio emaranhado de leves & ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1 texto antigo.
Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava & tudo estava unido. Os barcos continuavam a balançar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso junto ao aconchego do útero.
 
Os pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes e as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.




José Alberto Mar

(Out-.2010. Modificado.Março-2016)
 



 

 

a grandiosa dança ~ the great dance











J.A.M. (2000)