José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

31.8.09

Série : O(s) GRITO(s) . PORTUGAL : Uma Outra Perspectiva

- Colagem. j.a.m. -


"Se o País tivesse rosto, as expressões e os olhares mostrariam a face de um Povo triste e sem sentido de vida.

A alma, que tantas vezes expressa e indicia o estado do corpo, anda vazia de sentimentos e confusa de emoções.
O País já não tem expressão. Sente que lhe roubaram a alma e lhe taparam a boca.
Aos poucos fomos perdendo a identidade.

Hoje somos um corpo amorfo. Adormecido. Cansado. Quase morto. Pouco reactivo. Assustado. Inerte. Indeciso. Receoso. Desconfiado.
A grande massa humana que configura e conflui entre fronteiras, anda ausente e órfã de ideais. Somos um corpo á deriva. Fomos um pasto fértil e variado.
A colheita já foi feita.

Então que País vai ser este ?
A história e o impulso vital que nos leva à sobrevivência, irão fazer emergir aqueles que passam pela vida com o sentido maior que só o Universo pode conter. Para esses a Pátria é mais que o lugar de abrigo, ou o pasto seleccionado á medida de algumas bocas.
É acima de tudo, a responsabilidade de contribuir para que os valores integrantes do compromisso humano, se façam de acordo com os parâmetros essenciais da justiça, do equilíbrio de valores, da ética, da responsabilidade social, do respeito pelas leis da natureza e na consciencialização de que já hoje, teremos de preservar o amanhã.
A sociedade que nos está a ser deixada, é o reflexo da ganancia descontrolada de alguns, da falta de sentido de justiça de outros e acima de tudo da nossa incapacidade enquanto Povo de sabermos ver e ponderar tudo o que até hoje nos foi sendo feito.
Adormecemos durante demasiado tempo.
Todos certamente podemos concluir que não era este o País que ambicionávamos.
Todos de certeza iremos comprovar, o futuro negro que rapidamente se aproxima e que irá trazer á evidência a natureza perversa desta gente que há tantos anos anda a enganar os Portugueses.
Este País está a chegar ao fim. O Novo terá de contar com gentes descomprometidas do Sistema, a quem caberá a responsabilidade maior de corrigir o Estado da Nação e Ousar novas politicas.
O primeiro passo terá de ser pela recuperação da dignidade perdida.
O segundo será pelo esclarecimento exacto da situação catastrófica em que se encontra o País, na exigência de responsabilidades a quem de forma fraudulenta usou as funções de Estado, e na devolução dos direitos de cidadania que são a base e a sustentação dos Regimes ditos Democráticos. (...)"


- in, força emergente(http://www.forcemergente.pt/) -

30.8.09

Porto

Escultura de Juan Muñoz. Jardim da Cordoaria.Porto.


coisas nocturnas. Até que enfim, o Porto hoje era uma cidade viva. às 2 horas da manhã ainda havia uma chusma de gente nas ruas à volta dos Clérigos e eu, enquanto resolvia comigo a estranheza da novidade, acabei por me sentar numa cadeira tresmalhada à frente do café Piolho.havia pessoal desordenado em grupos + ou - assim-assim, que se fartava de beber, claro. e de falar, também.Gostei. havia um aroma quente no ar & fiquei por ali o tempo de 2 finos bem frescos.
Depois, atravessei a escuridão do jardim da Cordoaria, onde revi de soslaio mas com atenção, as estátuas do Juan Muñoz. com aquela parca luz geral a gentinha do Muñoz ganhava um ar mais severo e bizarro. Mas, porque é que não se mexiam?
Só as extensas sombras pelo chão pareciam levitarem ao som dos candeeiros sobriamente acesos. ao fundo, ainda estalavam no ar as gargalhadas dos jovens, abrindo a noite a outras luzes mais verdes.

(30-Agosto-2009)

29.8.09

"A FENDA ERÓTICA"


No mundo das aparências, até era um bom pedaço de mulher. Mas, não dizia coisa com coisa que valesse uma pena. A pesar em tudo, aguentei firme mas sentado, aquela avalanche de desabafos num discurso vulgaróide de quem despeja lixo em plena rua a céu aberto e os outros que se lixem. No presente caso, os "outros" era só eu, o que me dava, por um lado uma responsabilidade honorável e por outro, as desvantagens que me recuso a voltar a nomear.
O meu papel ali com 2 ouvidos e uma só cara de parvo a fingir-se atenta e absorta, fazia-me lembrar tantas personagens que já esqueci muitas. Desde o analista clínico que é bem pago para o ser, até uma incineradora em forma humanóide, eu vi-me em cada uma...
Mas, ela tinha um charme, evidentemente, senão eu já tinha ido há muito, comprar um maço de tabaco e não teria regressado a tal base. Falo das suas belas pernas envoltas numa saia à Sharon Stone que de vez em quando cruzava e descruzava e era nessas alturas que eu a olhava de cima a baixo, tentando coincidir-me no olhar com um incerto ponto, digamos central, que feliz e infelizmente, era sempre obscuro. Depois regressava ao meu estar e voltava a ficar com aquele ar impassível, olhar profundamente afastado a mostrar que ruminava com lentidão cada palavra que aparecia.De onde em onda,para não parecer mesmo uma estátua ali sem destino, emitia alguns sons que se resumiam à palavra: "pois..." , quando e só quando, eu sentia que podia meter uma cunha estreita na torrente de frases que a fulana fazia acontecer.
Na verdade, como ser humano sentia-me um grande idiota aparvalhado de todo pelo domínio do meu próprio tesão. Esta coisa, assim, demorou horas e horas até que (...)



-Agosto.2009-

ÁS VEZES,TUDO É TÃO LONGE

. Imagem retirada da net,s/ autor .


"É JUSTAMENTE PORQUE ELE NÃO É COMPETITIVO
QUE O MUNDO NÃO CONSEGUE COMPETIR COM ELE"

Lao Tsé

18.8.09

MSG

- Desenho. Rotring s/ papel. título:" De Coração na Cabeça"(Nº 5). j.a.m. -



No geral, gosto mais de estar com pessoas simples, pois o seu saber é mais verdadeiro, isto é, o que me dizem está mais próximo das suas naturezas.
Enquanto as pessoas ditas cultas, no geral, dizem, falam mui distantes do seu ser.As suas palavras podem ser extremamente bem alinhadas, elaboradas em universos bem agradáveis aos ouvidos, mas se
escutarmos com atenção, não há nada ali que venha de uma fonte natural, com voz própria, do ser humano que nos ocupa & invade.


(Piriri.18.Agosto.2009)

16.8.09

- Foto trabalhada. j.a.m. -

ATRAVESSADO PELO ZEN (3º selo)



.. todo este caminho é demorado. as vozes à volta, as vozes dentro da cabeça, as vozes pendulares das imagens, dos astros, da torrente das águas no corpo em frente à lua, só por si é muito para ele descobrir entre as 7 portas qual a 1ª, a 2ª e por aí adiante.

adiante, se lembra que a intuição é a única voz que pode ser escutada, depois do silêncio pleno instalado, ali onde nenhum sinal será referência de qualquer outro

ATRAVESSADO PELO ZEN (2º selo)



...distante mas aceso, ele procura o seu silêncio vazio. depois de todos os sons que já conhece, depois do eco desses mesmos sons, depois de qualquer imagem de som, ele busca um silêncio que nunca aconteceu.

tudo à superfície é ruído e tumulto. insatisfeito, incompleto, ele mergulha para dentro. foge de uma parte de si, para encontrar outra, onde se veja mais real e vivo.

14.8.09

ATRAVESSADO PELO ZEN (1º selo)



...e o ar dentro das gaiolas está engaiolado?

algo realmente aconteceu e eu fiquei perplexo. várias vezes, o ar se tornou mais leve e claro e aí as palavras eram sombras afastadas estranhas mesmo, quando o silêncio pesava inventava à sorte outros sons: kaziar, ooom, latuuda, maçala, tarugui,....etc.
no próprio acto da busca retornava ao silêncio vivo. onde as mãos lembravam somente algo que se eleva.
e o ar, ao atravessar as gaiolas, soprava risos criativos. A bem dizer eu só estava ali, para aprender a estar.

"escultura"

- Praia da Madalena. Gaia. Agosto.2006. j.a.m. -

12.8.09

UM MAPA SIMPLESMENTE DESENHADO



...como se o fogo pudesse apagar essa garganta da montanha onde uiva um animal ferido. onde há uma estátua em forma de H maiúsculo, para ensinar quem por ali passa esquecidamente à procura de si, quase tão livre como a águia, lá nos céus da visão, desliza a sua sombra pelo chão.

se tantos sinais há à nossa volta, quando olhamos, é porque o nosso corpo está a essa altura.
e vem a água em cascata, alisar as rochas paradas só por si avolumam os sons que cantam: o burburinho do fogo a sumir-se em contraluz amaina os seus seres e vê-se a terra paciente acordar as sementes, para uma vida mais vertical e solar. e o animal ferido, aos poucos é uma memória que cai no esquecimento e por lá fica sarada de todo e qualquer mal do mundo. (...)

11.8.09

O Futuro de Portugal

. Europa Prima Pars Terrae in Forma Virginis. Hienrich Bnting (1545-1606) .


O que calcula que seja o futuro da raça portuguesa?


O Quinto Império. O futuro de Portugal — que não calculo, mas sei — está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra, e também nas quadras de Nostradamus.

Esse futuro é sermos tudo.

Quem, que seja português, pode viver a estreiteza de uma só personalidade, de uma só nação, de uma só fé? Que português verdadeiro pode, por exemplo, viver a estreiteza estéril do catolicismo, quando fora dele há que viver todos os protestantismos, todos os credos orientais, todos os paganismos mortos e vivos, fundindo-os portuguesmente no Paganismo Superior?

Não queiramos que fora de nós fique um único deus! Absorvamos os deuses todos! Conquistamos já o Mar: resta que conquistemos o Céu, ficando a terra para os Outros, os eternamente Outros, os Outros de nascença, os europeus que não são europeus porque não são portugueses.

Ser tudo, de todas as maneiras, porque a verdade não pode estar em faltar ainda alguma cousa!

Criemos assim o Paganismo Superior, o Politeísmo Supremo! Na eterna mentira de todos os deuses, só os deuses todos são verdade.



Fernando Pessoa, in 'Portugal entre Passado e Futuro'

9.8.09

a cerca dos encontros


- Saturno eclipsando o sol. Imagem da Sonda Cassinia.15-11-2006 -

às vezes está-se com uma pessoa, horas a fio, e não sai dali nenhum voo. Tudo é maquinal & vulgar, apenas o silêncio parece trazer algum sentido aos momentos. E a gente vai de um lugar para outro, inventa circunstâncias, digamos agradáveis , por exemplo uma esplanada solarenga em frente ao mar, mas a ordem das coisas permanece, não há provocação naturalmente q.b. que altere o não-sei-quê de alma, que o outro concerteza possui. Mas, quando as pessoas se encontram não é por um qualquer acaso fortuito. Aprendi que há uma razão pelo meio que as colocou onde estão.
No entanto, quantas vezes tais razões são tão longínquas que demoram a mostrar-se?

7.8.09

Dos Ciclos

- Imagem construída. j.a.m. -



e as aves adormecidas no meu coração há anos há anos que voo e foi precisamente hoje de manhã que elas soltaram mais um dia lindo para mim.
Ao fim da tarde regressam, umas juntas outras nem por isso, pousam-me no abrigo dos ombros e esperam que a noite se realize para se esconderem lá por dentro dos seus sonhos de seres com asas aconchegadas ao calor do sol que agora acende o outro lado da Terra.
Amanhã tudo se irá repetir aparentemente igual.


-6.Agosto-2009-

6.8.09

5.8.09

Série: O(s) Grito(s) : Gripe A

- Imagem transformada. j.a.m. -


Aproximadamente mil milhões de pessoas no mundo estão infectadas por doenças consideradas tropicais negligenciadas, uma delas é a doença de Chagas. A população de risco propensa a ser infectada por esta enfermidade é de 100 milhões no mundo e uma das lacunas que existem hoje para a sua erradicação é a ausência de tratamento tanto para pacientes em fase crónica como para crianças.

É uma doença negligenciada porque a indústria farmacêutica não investe em pesquisa e na produção de medicamentos, pois não vê mercado nos países ricos.


Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a enfermidade afecta principalmente crianças. Só no Brasil, onde há dois milhões de pacientes crónicos, morrem todos os anos cinco mil pessoas.


"No silêncio, revelar-te-ei os meus segredos"

- Imagem transformada. j.a.m. -



"No silencio, revelar-te-ei os meus segredos". Nas pausas entre as frases, olha o meu rosto apenas aparentemente ausente e vê como procuro a palavra mais certa para te dizer o que no fim escutas é sempre outra coisa afinal.
Entre nós há a diferença entre 2 mundos. Por onde andaste? O que olhaste? O que viveste? E do que viveste, o que realmente ficou?
E todo este caminho vem de muito longe, não acredites na memória. Até incerto ponto somos a água que vemos à superfície, esquecendo-nos que lá por baixo há outras águas que nunca se estancam num fundo qualquer. Nesse fundo não vislumbramos nada do nosso corpo, mas ele também está lá. Como o planeta em que vivemos, temos em nós a mesma água. E é muita. E as coincidências não são. É por isso que os rios nos fascinam e os mares também.

A gente está numa praia, põe-se a olhar: aquele mar os sons ondulados das ondas a vida sempre viva daquilo e depois o céu lá ao fundo, parece parado. E nós ali até certo ponto, se o olhar no seu próprio corpo se apura é o espanto e um silêncio, outro.

- Para quê, dizer-te mais agora?


A Lista ( Oswaldo Montenegro)

Vasos Comunicantes

- foto. j.a.m. -


Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro de ti se achava inteiramente nua...

MSG

- Poema Visual s/ base fotográfica da Ilha dos Pássaros, em Mindelo, Cabo Verde -

4.8.09

ONDE O SOL É MAIS PERTO (6ª dose)

- Imagem construída. j.a.m. -



(...)Por aqui o jardim está a ficar bem fresco. Vejo as gotas de água a tombarem, de folhas em folhas e depois apagarem-se no chão, onde as raízes absortas das plantas se abrem ao desejo satisfeito da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes com as obscuridades à-volta.
De repente, os repuxos calaram-se. Na superfície azulada da piscina, estranhamente ondulada,está a lua estampadamente enorme no meu olhar também eu fico maior.

- Porque é que só às vezes, tudo é tão belo, meu deus?


ONDE O SOL É MAIS PERTO (5ª dose)

- Colagem. j.a.m. -


(...) Neste Mundo, as pessoas são muitas e há muitas diferenças, mas lá pelos lados do fundo, as semelhanças são mais.
Uma vez, estive num país longínquo, fui lá parar, já não me lembro como, não entendia patavina da língua daquela gente, nada tinha nos bolsos e o que é certo é que me dei muito bem por lá. Comia, bebia, dormia, fodia, amei e creio bem que fui amado, senti-me vivo continuamente e graças a isto tudo, saí de lá,quando acabou o ciclo, cheio de coisas novas, renovado.(...)

ONDE O SOL É MAIS PERTO (4ª dose)

- "Um Céu Assim". Turquia. Foto de j.a.m. -


(...) ao invés, há pessoas que pensam & pensam tanto durante os dias e as noites, que se transformam em cabeças gigantes, com o resto do corpo ausente, que a bem dizer, para eles, só serve para atrapalhar e de útil, tem o facto de ser um mero meio de transporte. Deviam viver uns tempos com tribos de índios não domesticados, tribos africanas ainda bem selvagens, para talvez descobrirem o que há demais neste chão simples de deus, a começar pelos aromas da terra, a sábia lentidão do reino vegetal e mineral a crescerem ligados a tudo o que há de mais vivo no Mundo: a água, o ar, a paciência do sol, a vigilância da lua, as energias subtis acordadas sempre, etecetera.(...)

3.8.09

ONDE O SOL É MAIS PERTO (3ª dose)

- Monte Cara. Cabo Verde. Mindelo. Foto de j.a.m. -


(...) ouço uma nova respiração neste jardim.É o sistema de rega que acordou.Uns tubinhos anónimos, quais periscópios, levantam-se sozinhos no meio das ervas e respingam ramos finos de água à-volta. As ervinhas verdes agradecem, imagino eu.

Ás vezes penso: falta aqui qualquer coisa, uma espécie de alma mais viva mais acordada nas múltiplas direcções em que podemos colocar-nos - de coração inteiro - em relação à vida. Depois vejo como a maior parte das pessoas engolem os dias & as noites e o seu tempo nesta Terra, agindo em função dos estímulos exteriores do mundo. Para cada 1 o seu mundo de estímulos.Cada 1 inclinado sobre os parapeitos das suas janelas para os seus lados de fora. Aguardam, agem e voltam a esperar para agir, assim assim.Um dia acontece-lhes a morte e descobrem que, no fim de contas, nunca tinham vivido bem o assunto. É um estilo.(...)

2.8.09

ONDE O SOL É MAIS PERTO (2ª dose)

- esfera . j.a.m. -


(...) Há dias, muitos pássaros aninharam-se lá, apinhados em bandos e eram rolas, pardais e outras formas de aves que tinham asas em leque, caudas longas e um corpinho pelo meio.
Também aparecem por estas bandas, melros que gostam de zonas mais próximas do chão, saltitam, aguardam à sombra e depois lá vão.
Muito ao longe e apesar de tudo, felizmente ? ainda ouço os barulhos rasgados dos automóveis e parece-me espantoso, sei lá porquê, imaginar pessoas lá dentro. Tem haver com velocidades. Ritmos. Respirações. (...)

1.8.09

ONDE O SOL É MAIS PERTO (1ª dose)

- Sobreiro. j.a.m. -


Às vezes pego no bloco preto. Pego na caneta. Fico assim
horas a fio a olhar para o céu, 1 pirilampo ali outro acolá, na espessura da noite
depois,
por detrás da sebe desta casa há um sobreiro com ramos rugosos onde a cortiça respira & cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que estremece e dança, muito espaçadamente, com a aragem que vem dos lados do mar, talvez
(....)