No mundo das aparências, até era um bom pedaço de mulher. Mas, não dizia coisa com coisa que valesse uma pena. A pesar em tudo, aguentei firme mas sentado, aquela avalanche de desabafos num discurso vulgaróide de quem despeja lixo em plena rua a céu aberto e os outros que se lixem. No presente caso, os "outros" era só eu, o que me dava, por um lado uma responsabilidade honorável e por outro, as desvantagens que me recuso a voltar a nomear.
O meu papel ali com 2 ouvidos e uma só cara de parvo a fingir-se atenta e absorta, fazia-me lembrar tantas personagens que já esqueci muitas. Desde o analista clínico que é bem pago para o ser, até uma incineradora em forma humanóide, eu vi-me em cada uma...
Mas, ela tinha um charme, evidentemente, senão eu já tinha ido há muito, comprar um maço de tabaco e não teria regressado a tal base. Falo das suas belas pernas envoltas numa saia à Sharon Stone que de vez em quando cruzava e descruzava e era nessas alturas que eu a olhava de cima a baixo, tentando coincidir-me no olhar com um incerto ponto, digamos central, que feliz e infelizmente, era sempre obscuro. Depois regressava ao meu estar e voltava a ficar com aquele ar impassível, olhar profundamente afastado a mostrar que ruminava com lentidão cada palavra que aparecia.De onde em onda,para não parecer mesmo uma estátua ali sem destino, emitia alguns sons que se resumiam à palavra: "pois..." , quando e só quando, eu sentia que podia meter uma cunha estreita na torrente de frases que a fulana fazia acontecer.
Na verdade, como ser humano sentia-me um grande idiota aparvalhado de todo pelo domínio do meu próprio tesão. Esta coisa, assim, demorou horas e horas até que (...)
-Agosto.2009-
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