José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

29.8.09

"A FENDA ERÓTICA"


No mundo das aparências, até era um bom pedaço de mulher. Mas, não dizia coisa com coisa que valesse uma pena. A pesar em tudo, aguentei firme mas sentado, aquela avalanche de desabafos num discurso vulgaróide de quem despeja lixo em plena rua a céu aberto e os outros que se lixem. No presente caso, os "outros" era só eu, o que me dava, por um lado uma responsabilidade honorável e por outro, as desvantagens que me recuso a voltar a nomear.
O meu papel ali com 2 ouvidos e uma só cara de parvo a fingir-se atenta e absorta, fazia-me lembrar tantas personagens que já esqueci muitas. Desde o analista clínico que é bem pago para o ser, até uma incineradora em forma humanóide, eu vi-me em cada uma...
Mas, ela tinha um charme, evidentemente, senão eu já tinha ido há muito, comprar um maço de tabaco e não teria regressado a tal base. Falo das suas belas pernas envoltas numa saia à Sharon Stone que de vez em quando cruzava e descruzava e era nessas alturas que eu a olhava de cima a baixo, tentando coincidir-me no olhar com um incerto ponto, digamos central, que feliz e infelizmente, era sempre obscuro. Depois regressava ao meu estar e voltava a ficar com aquele ar impassível, olhar profundamente afastado a mostrar que ruminava com lentidão cada palavra que aparecia.De onde em onda,para não parecer mesmo uma estátua ali sem destino, emitia alguns sons que se resumiam à palavra: "pois..." , quando e só quando, eu sentia que podia meter uma cunha estreita na torrente de frases que a fulana fazia acontecer.
Na verdade, como ser humano sentia-me um grande idiota aparvalhado de todo pelo domínio do meu próprio tesão. Esta coisa, assim, demorou horas e horas até que (...)



-Agosto.2009-

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