José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

7.5.18

onde o Sol é mais perto



Às vezes pego no bloco. Pego na caneta. Fico assim horas a fio a olhar para o a noite do céu, depois a incerta altura, desço
o olhar

1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste jardim há um chaparro com ramos ainda pouco rugosos onde a cortiça respira e cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que estremece & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar enquanto o algodão dos álamos dança no ar e uma sisão algures espalha as pautas.

De repente, a chuva parou.
Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem ao desejo da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que desce dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.



( Algarve. Rascunho Nº218)

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