José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

22.7.18

em Abril águas 1000



às vezes à noite, cem nadas para fazer, pego no bloco pego na caneta e fico assim, horas a fio a olhar para o céu, depois a incerta altura, desço o olhar 
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste jardim há 3 sobreiros unidos com troncos rugosos onde a cortiça respira e cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que estremece  & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar enquanto pedaços de algodão dos álamos esvoaçam e uma sisão (1) algures espalha as pautas.

De repente, a chuva parou. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem aos desejos da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.


(1) declarado a "Ave do Ano 2017", em Espanha.


(rascunho nº 151)

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