"Cego do Maio". Foto: J. A. M. |
Já a noite tinha sido
iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um
fio emaranhado de leves e ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1
texto antigo.
Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava ligado.
Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava ligado.
Os barcos continuavam a baloiçar o
cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que
ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
Os pescadores, disse-me um dia
um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o
gáudio dos turistas que acudiam aos magotes e as crianças agora pediam
moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
(Póvoa do Varzim.
Douro Litoral. Portugal)
- in, livro de contos, O OURO BREVE DOS DIAS.
2021-
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