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INSTALAÇÃO ARTÍSTICA. Ourique.Santana da Serra. Autor: J. A. M. |
(folha Nº 13)
(…) Então, hoje ensinei os meus discípulos a plantar 1 carvalho (1). No novo quintal, que aluguei à Junta de Freguesia aqui da zona, vá lá não foram alarves no negócio até não pareciam políticos (depois, dá-nos umas flores para a festa cá da Terra. Está bem!).
Não chamei as crianças nem lhes dei secas de aulas teóricas e essas outras tretas que por aí andam nos ensinos oficiais deste ofuscado país, peguei na pequena haste da futura árvore (2), construí um buraco a condizer e eles aconteceram ali a olhar para a circunstância. Depois, fui ao poço com um cântaro e despejei a água que julguei necessária à firmeza da terra abraçada às raízes do novo hospede. Olhei para esta obra na companhia de 4 olhos debruçados, atentos, até vislumbrei como admirados e pensativos, quem o haveria de dizer, tratando-se de gatos.
Confirmado a facto em si, in loco, um dia destes haverá um pouco mais de oxigénio para o Planeta, que bem-precisa! há por aí, pelo Mundo a fora, pessoal a fazer o mesmo, graças a Deus! nem tudo está perdido, penso às vezes em momentos de um inesperado fervor e uma boa dose de esperança.
Enquanto agora os meninos, refastelados na almofada de flores exóticas, de onde várias cores se desprendem, olham para mim como se eu fosse um ser estranho (…)
Francamente...
(1) A escolha da futura árvore,
aconteceu-me facilmente. No geral, vivo
em Portugal. “A maioria das florestas autóctones do continente de
Portugal eram carvalhais. Daí a razão de existirem tantas terras
com o nome de Carvalho(a), Carvalhal(ais), Carvalhosa, Carvalhedo(a),
Carvalheiro(a), Carvalhinho(a), Carvalhido, e mais especificamente Cercal e
Cerqueira que são arvoredos de Carvalhos-Cerquinhos (Quercus
faginea subsp. broteroi). O seu epíteto subespecífico é dedicado ao
grande botânico português Félix de Avelar Brotero (1744-1828), autor
da Flora Lusitanica e, mais tarde, da Phitographia Lusitaniae.”(tradução livre)
(2) Flora Lusitanica é um livro de Félix
de Avelar Brotero, com descrições sobre a flora portuguesa,
escrito em latim. Obra, publicada em 1804. Tratou-se da
primeira obra acerca da flora portuguesa sendo descritas 1885 espécies, muitas
delas desconhecidas até então pela ciência, tendo também sido a 1ª que formulou uma nomenclatura da botânica
portuguesa.
P.S. Para
os Celtas, especialmente para os druidas tratava-se de uma árvore “sagrada” e
há muito a dizer acerca deste assunto, mas por hoje fico por aqui.