É necessária uma longa preguiça laboriosa distracção para que o acaso encontre as portas do seu espírito. É preciso aguardar atento esses nomes estremunhados ainda circulando sobre os corpos a espera no sono disfarçado pelas mãos.
(extracto.in,"As Mãos e as Margens", Editora Limiar.Porto.1991)
.. no entanto, ainda há os dias que virão, as velas acesas dentro dos corações animados para cima dos sonhos e estes como gritos acordados a chamarem o corpo para o equilíbrio das vozes inspiradas e tudo o que realmente é desconhecido como um desenho esboçado à felicidade do Homem - quanto tardas?
..e do animal às asas nos símbolos ocidentais da brancura, as imagens nos tempos que correm já ultrapassam as visões dos homens de génio, ainda espero desesperado uma espécie de justiça entre os homens, porque é que a ganância nunca mais sabe encontrar a sua morte?..
...regressa..debruça-te sobre os teus primeiros sonhos enquanto eras criança era a água metafórica a respirar para cima, o teu corpo aberto ao sol e às perguntas que amadureciam com as folhas das árvores, verdes, verdes eram as emoções impressas dentro das noites que acordavas, a infância é sempre tão vasta e desprendida, não era?..
....colher dos teus olhos a voz que me chama sei lá para onde eu olhe o teu corpo está nu e eu vejo-me despedido pela natureza e já não é a carne, nem os cabelos, nem a púbis, é outro o espanto que me afronta, talvez volte aos teus olhos e ao fundo dessa luz irei a caminho de quem me cativa assim, sem mais nenhuma palavra embalo a noite que me leva...e já nada tem haver contigo.. é outra a chama que me chama...quantos deuses são inventados nestes percursos?..
Estou na ponta d,areia. Sentado à sombra. O guarda-sol é cor-de-laranjas maduras e à minha frente há o mar vivo e aceso.No céu vários tons azuis luminosos descem naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu sábado.
Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a devida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de deus.
Também as crianças vivem à-solta por aqui, onde o mar larga de vez as suas ondas e dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pikenos sal/ tos, de quem está mesmo felizmente feliz.
Passa alguém com uma caixa transparente pelo braço e leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidinhas que outros irão comer, concerteza.
Olhando para trás, vejo dois candeeiros públicos ainda acesos a despontarem por entre os altos verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto.
É de lá, dessas bandas, que chega até aqui aquela música popular, sempre a tocar as esferas do coração. Tem jeitos de frases muito simples e até bem fundas se as deixarmos espalharem-se pelo corpo inteiro. Muitas pessoas, cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.
1 papagaio caiu agora a meus pés e só agora enxergo que é feito de plástico que já foi saco de super-mercado, mais uns pauzinhos de coqueiro aliados, e aindamais agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil, como TUDO, dá curvas sozinho com a sua cauda louca sem tino, esburacando o espaço, rodopia veloz e depois..,
já nem tanto..
cai
no chão sólido do mundo e a criança continua a ser uma criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar, mais crescida, mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha viva desabotoada até incerto ponto, de bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas cervejas "Sol", a uns jovens que estão prá-lí num forrobodó evidente.
Um bandozito de pardais passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com cadeiras & mesas, azuis, vermelhas, brancas e cinzentas. E, desaparecem numa curva uníssona do tempo," o que é feito deles?", enquanto uma parte de mim ainda se regala a fazer jogos infindáveis com as cores do cenário.
Lá adiante, lá ao fundo, uma tira horizontal de água evidentemente salgada mais cintilante no brilho, parece fazer-me um apelo secreto e pessoal, mas agora não me apetece falar disso
(Texto revisitado.2009.Original de São Luís do Maranhão -2007)
23.10.09
- Foto. Perto de Natal.Brasil. j.a.m.-
“Quem sabe esperar pacientemente é um vencedor”. (Anônimo)
Há coisas do diabo. Já fui ao Paraíso. E voltei. Era um lugar sem a chatice dos turistas, a uns bons quilómetros de Recife, em direcção a um dos pontos cardeais do mundo.
Estava já quase acordado na cama do meu quarto, no Hotel Europa, quando a Ana e a Joyce abriram a porta cheias de sorrisos floridos e me convidaram para dar um passeio pelas franjas de Gaibu. Lá fomos, que nem 1 trio harmonia pelo dia adiante.
Passámos pela linda praia de Calhetas, onde vi ondas debruçadas sobre a própria espuma e mais espuma sempre, depois de serem verde-esmeralda e azul-turquesa, e também vi uma foto do jovem Eusébio no bar lá do sítio, ao lado de N ilustres que por ali tinham po(u)sado algures, ao longo dos seus destinos. Depois, continuámos a caminhar por entre árvores, plantas e flores de muitas cores e aromas, até que, a certa altura, num morro inesperado e cheio de azul muito azul do céu, vi uma tabuleta tosca de madeira com a palavra: “PARAÍSO”.
As minhas companheiras apanharam o meu ar aparvalhado e eu apanhei-as a sorrirem apenas cúmplices. O que é que eu tinha a dizer?
Lá descemos entretidos com os pés de cada um, a saltarem de pedra em pedra, até que desembocamos numa espécie de praia com a água muitomasmuito transparente e a areia quase prateada pelo pôr-do-sol que se diluía pelas águas até ao esquecimento. Sentámo-nos a olhar e a escutar o mundo através daquele ponto de vista, dentro do ponto de vista de cada um e os três sentados juntos com as 6 vistas desarmadas, despidas, deliradas. Já não sei, e pouco me importa, o tempo (o tempo?..) que poisámos ali, a respirar aquele simples paraíso tão simples realmente em tudo. Lembro-me vagamente que as palavras eram coisas a mais e a ninguém lhe passou pala cabeça falar de tal coisa.
Quando regressámos a Gaibu, numa camioneta que ainda circulava, já lá estava instalada uma noite claramente aberta á nossa festa.
"Poucas serão as escolas em que o professor não anime entre os alunos o espírito de emulação; aos mais atrasados apontam-se os que avançaram como marcos a atingir e ultrapassar; e aos que ocuparam os primeiros lugares servem os do fim da classe de constantes esporas que os não deixam demorar-se no caminho, cada um se vigia a si e aos outros e a si próprio apenas na medida em que se estabelece um desnível com o companheiro que tem de superar ou de evitar. A mesquinhez de uma vida em que os outros não aparecem como colaboradores, mas como inimigos, não pode deixar de produzir toda a surda inveja, toda a vaidade, todo o despeito que se marcam em linhas principais na psicologia dos estudantes submetidos a tal regime; nenhum amor ao que se estuda, nenhum sentimento de constante enriquecer, nenhuma visão mais ampla do mundo; esforço de vencer, temor de ser vencido; é já todo o temperamento de «struggle» que se afina na escola e lançará amanhã sobre a terra mais uma turma dos que tudo se desculpam. Quem não sabe combater ou não tem interesse pela luta ficará para trás, entre os piores; e é certamente esta predominância dada ao espírito de batalha um dos grandes malefícios dos sistemas escolares assentes sobre a rivalidade entre os alunos; não se trata de ajudar, nem de ser ajudado, de aproveitar em comum, para benefício de todos, o que o mundo ambiente nos oferece; urge chegar primeiro e defender as suas posições; cada um trabalhará isolado, não amigo dos homens, mas receoso dos lobos; o saber e o ser não se fabricam, para eles, no acordo e na harmonia; disputam-se na luta(...)".
"Houve 1 e-mail, de Abril de 2008, que se soltou do jornal o público e foi parar a um jornalista da ilha da madeira e depois ainda foi foi cair no jornal diário de notícias e mais tarde voltou aparecer no jornal o público, um mês antes das campainhas das eleições e entretanto o sr. presidente da república de portugal disse que não dizia nada acerca do assunto mas disse-o distinguindo o seu braço direito de há 25 anos tornando-o o seu braço esquerdo no meio de 120 pares de braços que por ali andam a esbracejar, e agora, depois do p.s. ganhar a eventual continuidade do desgoverno do país, o sr. presidente deste local em causa, apareceu em todas as televisões a dizer que suspeitava andar a ser espiado pelos ouvidos do "S.I.S.Tema" do já referido desgoverno, mas a gente que ouviu aquilo não entendeu patavina do desabafo, embora pelo visual dê para perceber que a "coisa" parece séria e o sr. presidente já não está para brincadeiras do género e francamente eu também já perdi mesmo a paciência para aturar esta cambada".
Estremece a estrela que vive naturalmente aberta à escuridão e nos 2 olhos cintila o véu do instante, a aparência maior do que é superfície e aí se afoga na multidão dos dias a vida é mecânica Vejo nos gestos o silêncio amparado pelo silêncio que aspiro, o lugar onde qualquer semente pensa sonhando com tudo pois nada do que é fruto acontece sozinho.
"As duas grandes superfícies políticas parecem ter um Estado-Maior conjunto cuja missão é convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles.
Nestas eleições, até aqui, tudo se está a passar como se PS e PSD tivessem feito um pacto formal de não trazer à discussão pública questões do carácter de quem nos governa, tem governado e quer governar. É um contrato simples: se o PS não falar do BPN, o PSD não fala do Freeport. Se o PSD não falar de Lopes da Mota, o PS não fala de António Preto. Num país onde a justiça é o mais desacreditado e ineficaz sector do Estado, Manuela Ferreira Leite escuda-se num suposto código de valores judiciais que a obriga a não falar de casos em investigação ou entregues aos tribunais. Esta matriz inflexível de conduta, repetida como uma litania contra o quebranto, tem tido o efeito de escamotear do debate público os mais graves episódios da história da democracia em Portugal. Com esta atitude pactuante, Manuela Ferreira Leite passou ela a ser, também, parte da "asfixia democrática" que diagnosticou no regime de Sócrates. Uma asfixia que está a conseguir sufocar em poucos dias o gritante acto de censura socialista na TVI, porque é impossível falar de Manuela Moura Guedes e do seu defunto Jornal Nacional sem falar de Freeport e de Sócrates. Isso faria despoletar imediatamente uma série infindável de represálias socialistas que começariam no indiciado António Preto e acabariam no arguido Dias Loureiro com todas as histórias mal contadas sobre a Sociedade Lusa de Negócios e os financiamentos partidários. Provavelmente o PSD de Manuela Ferreira Leite encontra justificação para este pacto de silêncios no insuportável tacticismo articulado por Paulo Rangel quando disse que a ética e a política eram compartimentos estanques na vida pública. Tudo somado, no actual PSD, encontra-se uma estranha e perturbante continuidade entre a tese da necessidade de suspensão temporária da democracia que Manuela Ferreira Leite articulou (lapsus liguae ou ameaça?) e a busca de justificações para o comportamento presente na doutrina de Nicolau Maquiavel que Rangel claramente fez na Universidade do PSD. É altura de formular a eterna questão: - Será sensato comprar um carro em segunda mão a esta gente? Por outras palavras: - É este partido a alternativa? Só pode haver uma resposta lúcida. - Nem mais nem menos do que a gente do Freeport e da TVI. Tudo se está a passar como se as duas grandes superfícies políticas tivessem um Estado-Maior conjunto cuja missão fosse convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles. E não tem que ser necessariamente assim. Há ética para além do que Maquiavel diz, mais liberdade do que o politicamente correcto martelado à custa de censura e mais possibilidades do que escolher o voto meramente entre BPN e Freeport. A coligação de interesses do Bloco Central já nos fez chegar à grande crise mundial com desvios nos indicadores de desenvolvimento que prenunciam um futuro sombrio. Portugal precisa de revolucionar as escolhas políticas. Não é a votar repetida e clubisticamente que nos assumimos como povo e como Estado. Juntos, PS e PSD, estão a asfixiar o que nos resta de democracia e parece que já nem notamos que nos está a faltar o ar."
"Na China alguns produtores agrícolas estão a moldar os seus frutos com moldes de plástico que obrigam estes a crescerem de forma condicionada, dentro de um invólucro semi-rígido. Depois dos produtos geneticamente modificados, surgem agora os produtos morfologicamente modificados. Que mais se irá seguir? Frutos misturados geneticamente com animais ou mesmo seres humanos...?"
Em cada gesto um ofício sem idade dizendo os corpos em sobressalto entre as coisas circulares do tempo
E, quem já esteve em muitos lugares principia & acaba olhando o Mundo pelas suas formas e aí morre qualquer hábito e a vastidão da Terra com sementes há memória da Vida e das coisas que acontecem.
Muitas vezes, para afastar do tempo a atenção dos seus estudantes, o grande mestre Zen, Rinzai, costumava levantar um dedo e perguntar lentamente: "O que é que está faltando neste momento?"
Hoje chegou a casa e disse-me, num murmúrio quase silêncio apagado: "Já ando a trabalhar na Escola desde o dia 1 de Setembro, todos os santos dias, das 8 h. e 30m. até às tantas da noite, ele são reuniões disto & daquilo, acções de informações várias, mais documentos a preencher em papel & suporte digital e vice-verso com as burrocracias respectivas, e escuta lá, já andamos todos arrasados com aquilo e Ainda Não Começaram as Aulas, Tás a Ver?". Como se a nossa função “lá” fosse tudo, menos sermos professores dos ALUNOS”
Entretanto, como até estava um pouco menos taciturno que o habitual, mostrou-me esta imagem (ali em cima) e disse-me que se sentia assim!
Cá pra mim é porque hoje já é 6ª feira
4.9.09
- Imagem construída.j.a.m. -
"Apenas desejo a tranquilidade e o descanso, que são os bens que os mais poderosos reis da terra não podem conceder a quem os não pode tomar pelas suas próprias mãos."
“Portugal continua com os combustíveis mais caros da Europa”; “Desemprego atinge níveis inéditos (30-08-2009)”; “Um estudo do Gabinete de Estratégia e Planeamento, do Ministério do Trabalho, revela o mais baixo aumentonominal homólogo dos ganhos dos trabalhadores desde 2003.”Os preços doscombustíveis descem mais devagar em Portugal do que no resto da Europa. A conclusão partiu da Autoridade da Concorrência (ADC)”;” O Escândalo Casa Piarebentou nos finais de 2002. Em finais de 2009 está tudo por resolver.”;” Em Portugal existe o maior desnível salarial de toda a União Europeia.”; “o desemprego atinge a maior taxa alguma vez verificada”.” Mais grave ainda é o facto de existirem 600.000 desempregados, dos quais cerca de 250.000 não têm direito a qualquer apoio económico em situação de desemprego”; “Hospitais com gestão empresarial tiveram prejuízo de 91,1 milhões de euros, no primeiro semestre de 2009;”Depois do Governador de Portugal, Vítor Constâncio ter afirmado que a nacionalização do BPNnão teria custado ao Estado mais de mil milhões de euros, o Ministro das Finanças afirmou que esse valor andaria próximo dos dois mil e duzentos milhões de euros”; “Ministério Público abriu um novo processo que envolve um membro do Conselho de Estado, o Dr. Manuel Dias Loureiro, no âmbito do “Caso BPN”, por alegadas comissões na venda da empresa Plêiade à Sociedade Lusa de Negócios (SLN), Este processo soma-se, assim, a outro em que ex-administrador da SLN foi constituído arguido e que é relativo à compra e venda da empresa tecnológica Biometrics, de Porto Rico”; “Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras, foi hoje condenadoasete anos de prisão efectivae a perda de mandato. Bem como a pagar uma indemnização de 463 mil euros ao Estado. O Tribunal de Sintra deu como provada a culpa do autarca em quatro crimes: fraude fiscal; abuso de poder; corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais”;Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado a 3-Set.-2009 mostra dados preocupantes sobre o bem-estar das crianças portuguesas, com níveis quase sempre na cauda dos 30 países estudados;(...)