José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

24.10.09

ALGURES


Estou na ponta d,areia. Sentado à sombra. O guarda-sol é cor-de-laranjas maduras e à minha frente há o mar vivo e aceso.No céu vários tons azuis luminosos descem naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu sábado.
Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a devida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de deus.
Também as crianças vivem à-solta por aqui, onde o mar larga de vez as suas ondas e dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pikenos sal/ tos, de quem está mesmo felizmente feliz.
Passa alguém com uma caixa transparente pelo braço e leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidinhas que outros irão comer, concerteza.
Olhando para trás, vejo dois candeeiros públicos ainda acesos a despontarem por entre os altos verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto.
É de lá, dessas bandas, que chega até aqui aquela música popular, sempre a tocar as esferas do coração. Tem jeitos de frases muito simples e até bem fundas se as deixarmos espalharem-se pelo corpo inteiro. Muitas pessoas, cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.

1 papagaio caiu agora a meus pés e só agora enxergo que é feito de plástico que já foi saco de super-mercado, mais uns pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda mais agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil, como TUDO, dá curvas sozinho com a sua cauda louca sem tino, esburacando o espaço, rodopia veloz e depois..,
já nem tanto..
cai

no chão sólido do mundo e a criança continua a ser uma criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar, mais crescida, mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha viva desabotoada até incerto ponto, de bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas cervejas "Sol", a uns jovens que estão prá-lí num forrobodó evidente.
Um bandozito de pardais passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com cadeiras & mesas, azuis, vermelhas, brancas e cinzentas. E, desaparecem numa curva uníssona do tempo," o que é feito deles?", enquanto uma parte de mim ainda se regala a fazer jogos infindáveis com as cores do cenário.

Lá adiante, lá ao fundo, uma tira horizontal de água evidentemente salgada mais cintilante no brilho, parece fazer-me um apelo secreto e pessoal, mas agora não me apetece falar disso




(Texto revisitado.2009.Original de São Luís do Maranhão -2007)

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