que a nossa vida inteira
nasce
do que pensamos & sentimos.
.
textos poéticos e imagens & etc ~ José Alberto Mar ~
Estou na ponta d,areia. Sentado à sombra. O guarda-sol é cor-de-laranjas maduras e à minha frente há o mar vivo e aceso.No céu vários tons azuis luminosos descem naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu sábado.
Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a devida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de deus.
Também as crianças vivem à-solta por aqui, onde o mar larga de vez as suas ondas e dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pikenos sal/ tos, de quem está mesmo felizmente feliz.
Passa alguém com uma caixa transparente pelo braço e leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidinhas que outros irão comer, concerteza.
Olhando para trás, vejo dois candeeiros públicos ainda acesos a despontarem por entre os altos verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto.
É de lá, dessas bandas, que chega até aqui aquela música popular, sempre a tocar as esferas do coração. Tem jeitos de frases muito simples e até bem fundas se as deixarmos espalharem-se pelo corpo inteiro. Muitas pessoas, cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.
1 papagaio caiu agora a meus pés e só agora enxergo que é feito de plástico que já foi saco de super-mercado, mais uns pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda mais agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil, como TUDO, dá curvas sozinho com a sua cauda louca sem tino, esburacando o espaço, rodopia veloz e depois..,
já nem tanto..
cai
no chão sólido do mundo e a criança continua a ser uma criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar, mais crescida, mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha viva desabotoada até incerto ponto, de bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas cervejas "Sol", a uns jovens que estão prá-lí num forrobodó evidente.
Um bandozito de pardais passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com cadeiras & mesas, azuis, vermelhas, brancas e cinzentas. E, desaparecem numa curva uníssona do tempo," o que é feito deles?", enquanto uma parte de mim ainda se regala a fazer jogos infindáveis com as cores do cenário.
Lá adiante, lá ao fundo, uma tira horizontal de água evidentemente salgada mais cintilante no brilho, parece fazer-me um apelo secreto e pessoal, mas agora não me apetece falar disso
(Texto revisitado.2009.Original de São Luís do Maranhão -2007)
Estava já quase acordado na cama do meu quarto, no Hotel Europa, quando a Ana e a Joyce abriram a porta cheias de sorrisos floridos e me convidaram para dar um passeio pelas franjas de Gaibu. Lá fomos, que nem 1 trio harmonia pelo dia adiante.
Passámos pela linda praia de Calhetas, onde vi ondas debruçadas sobre a própria espuma e mais espuma sempre, depois de serem verde-esmeralda e azul-turquesa, e também vi uma foto do jovem Eusébio no bar lá do sítio, ao lado de N ilustres que por ali tinham po(u)sado algures, ao longo dos seus destinos. Depois, continuámos a caminhar por entre árvores, plantas e flores de muitas cores e aromas, até que, a certa altura, num morro inesperado e cheio de azul muito azul do céu, vi uma tabuleta tosca de madeira com a palavra: “PARAÍSO”.
As minhas companheiras apanharam o meu ar aparvalhado e eu apanhei-as a sorrirem apenas cúmplices. O que é que eu tinha a dizer?
Lá descemos entretidos com os pés de cada um, a saltarem de pedra em pedra, até que desembocamos numa espécie de praia com a água muitomasmuito transparente e a areia quase prateada pelo pôr-do-sol que se diluía pelas águas até ao esquecimento. Sentámo-nos a olhar e a escutar o mundo através daquele ponto de vista, dentro do ponto de vista de cada um e os três sentados juntos com as 6 vistas desarmadas, despidas, deliradas. Já não sei, e pouco me importa, o tempo (o tempo?..) que poisámos ali, a respirar aquele simples paraíso tão simples realmente em tudo. Lembro-me vagamente que as palavras eram coisas a mais e a ninguém lhe passou pala cabeça falar de tal coisa.
Quando regressámos a Gaibu, numa camioneta que ainda circulava, já lá estava instalada uma noite claramente aberta á nossa festa.
- Gaibu-Recife. Brasil. 2006. Texto revisto -
Agostinho da Silva, in 'Considerações'
"As duas grandes superfícies políticas parecem ter um Estado-Maior conjunto cuja missão é convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles.
Nestas eleições, até aqui, tudo se está a passar como se PS e PSD tivessem feito um pacto formal de não trazer à discussão pública questões do carácter de quem nos governa, tem governado e quer governar. É um contrato simples: se o PS não falar do BPN, o PSD não fala do Freeport. Se o PSD não falar de Lopes da Mota, o PS não fala de António Preto. Num país onde a justiça é o mais desacreditado e ineficaz sector do Estado, Manuela Ferreira Leite escuda-se num suposto código de valores judiciais que a obriga a não falar de casos em investigação ou entregues aos tribunais. Esta matriz inflexível de conduta, repetida como uma litania contra o quebranto, tem tido o efeito de escamotear do debate público os mais graves episódios da história da democracia em Portugal. Com esta atitude pactuante, Manuela Ferreira Leite passou ela a ser, também, parte da "asfixia democrática" que diagnosticou no regime de Sócrates. Uma asfixia que está a conseguir sufocar em poucos dias o gritante acto de censura socialista na TVI, porque é impossível falar de Manuela Moura Guedes e do seu defunto Jornal Nacional sem falar de Freeport e de Sócrates. Isso faria despoletar imediatamente uma série infindável de represálias socialistas que começariam no indiciado António Preto e acabariam no arguido Dias Loureiro com todas as histórias mal contadas sobre a Sociedade Lusa de Negócios e os financiamentos partidários. Provavelmente o PSD de Manuela Ferreira Leite encontra justificação para este pacto de silêncios no insuportável tacticismo articulado por Paulo Rangel quando disse que a ética e a política eram compartimentos estanques na vida pública. Tudo somado, no actual PSD, encontra-se uma estranha e perturbante continuidade entre a tese da necessidade de suspensão temporária da democracia que Manuela Ferreira Leite articulou (lapsus liguae ou ameaça?) e a busca de justificações para o comportamento presente na doutrina de Nicolau Maquiavel que Rangel claramente fez na Universidade do PSD. É altura de formular a eterna questão: - Será sensato comprar um carro em segunda mão a esta gente? Por outras palavras: - É este partido a alternativa? Só pode haver uma resposta lúcida. - Nem mais nem menos do que a gente do Freeport e da TVI. Tudo se está a passar como se as duas grandes superfícies políticas tivessem um Estado-Maior conjunto cuja missão fosse convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles. E não tem que ser necessariamente assim. Há ética para além do que Maquiavel diz, mais liberdade do que o politicamente correcto martelado à custa de censura e mais possibilidades do que escolher o voto meramente entre BPN e Freeport. A coligação de interesses do Bloco Central já nos fez chegar à grande crise mundial com desvios nos indicadores de desenvolvimento que prenunciam um futuro sombrio. Portugal precisa de revolucionar as escolhas políticas. Não é a votar repetida e clubisticamente que nos assumimos como povo e como Estado. Juntos, PS e PSD, estão a asfixiar o que nos resta de democracia e parece que já nem notamos que nos está a faltar o ar."
- Artigo de Mário Crespo, in J.N. -
P.S. E obrigado, Mário Crespo!
(Descartes) -in, CITADOR - |
“Portugal continua com os combustíveis mais caros da Europa”; “Desemprego atinge níveis inéditos (30-08-2009)”; “Um estudo do Gabinete de Estratégia e Planeamento, do Ministério do Trabalho, revela o mais baixo aumento nominal homólogo dos ganhos dos trabalhadores desde 2003.”Os preços dos combustíveis descem mais devagar em Portugal do que no resto da Europa. A conclusão partiu da Autoridade da Concorrência (ADC)”;” O Escândalo Casa Pia rebentou nos finais de 2002. Em finais de 2009 está tudo por resolver.”;” Em Portugal existe o maior desnível salarial de toda a União Europeia.”; “o desemprego atinge a maior taxa alguma vez verificada”.” Mais grave ainda é o facto de existirem 600.000 desempregados, dos quais cerca de 250.000 não têm direito a qualquer apoio económico em situação de desemprego”; “Hospitais com gestão empresarial tiveram prejuízo de 91,1 milhões de euros, no primeiro semestre de 2009;” Depois do Governador de Portugal, Vítor Constâncio ter afirmado que a nacionalização do BPN não teria custado ao Estado mais de mil milhões de euros, o Ministro das Finanças afirmou que esse valor andaria próximo dos dois mil e duzentos milhões de euros”; “Ministério Público abriu um novo processo que envolve um membro do Conselho de Estado , o Dr. Manuel Dias Loureiro, no âmbito do “Caso BPN”, por alegadas comissões na venda da empresa Plêiade à Sociedade Lusa de Negócios (SLN), Este processo soma-se, assim, a outro em que ex-administrador da SLN foi constituído arguido e que é relativo à compra e venda da empresa tecnológica Biometrics, de Porto Rico”; “Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras, foi hoje condenado a sete anos de prisão efectiva e a perda de mandato. Bem como a pagar uma indemnização de 463 mil euros ao Estado. O Tribunal de Sintra deu como provada a culpa do autarca em quatro crimes: fraude fiscal; abuso de poder; corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais”;Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado a 3-Set.-2009 mostra dados preocupantes sobre o bem-estar das crianças portuguesas, com níveis quase sempre na cauda dos 30 países estudados;(...)