18.7.19
16.7.19
14.7.19
( Os Distraídos)
Pintura de J. A. M. ( 100X100 cm) |
alguém passeia-se
algures por caminhos e paisagens onde há pedras pelo chão e acontece-lhe
curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e há um diamante
entre as suas mãos, o olhar turva-se pelo brilho que o sol, atento a tudo onde
há vida, lhe oferece no mesmo instante e depois há quem veja logo ali um presente, ou há quem não dê
conta do vislumbre que lhe aconteceu e continue apegado aos seus hábitos,
atirando o pequeno seixo para as águas de 1 rio que desliza por perto no seu
ocaso indiferente a tudo isto.
Os hábitos
escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias
acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta
vida que nos está acontecendo.
E por aqui os
diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas
pela infindável sede que também habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
- quanto demora uma idade a ser luz?
(Ourique. Alentejo. Portugal)
- Rascunho Nº 287 -
11.7.19
~ 1 Céu para Todos ~
Pintura de : J. A. M. |
Série: pedaços de 1 diário perdido
(…) aconteceu-me algures, num país distante, sem tempos nem espaços uma luz 1ª, e
sem dar tempo ao tempo muitas luzes explodiram em uníssono e só não caí redondo
talvez por um acaso que julgo agora ter sido fortuito.
Era a simples beleza de um areal prateado sem fim, ao lado o mar
evidentemente, e eu ou alguém na altura por mim passeava sem qualquer destino
entre os despojos das ondas à frente dos olhos e o soletrar dos seus sons
quando se fingiam enfim de mortas. Deambulava por ali ciente da felicidade
que vivia sem dar por tal e a incerta altura, o sol que me acompanhava desde o
início desbotou-se pareceu retirar-se e eu senti-me sozinho sem
e foi então, regressando aos milagres da luz (pois hoje sei que tudo é Luz), que olhei mui
convictamente para o céu no lugar onde o sol se tinha ausentado e pedi convictamente que voltasse para a companhia
que me faltava. Repentinamente surgiu invadindo-me de calor, das raízes dos
cabelos até às plantas dos pés e … fiquei repentinamente surpreendido pelo
meu próprio espanto!
e foi a partir deste momento que nunca mais duvidei de Deus.
Um deus, muito longe de todas as cruéis religiões que andam por aí a fazerem
dos homens escravos.
(…)
Data = ?
8.7.19
3 Obras na Exposição: " Novos Mundos - Nuevos Mundos - New Worlds "
5.7.19
pedaços do texto "Estou de Tanga"
Obra de : J. A. M. |
hoje levantei-me bem comigo e a vida, comi manga, papaia e cana de açúcar que o meu quintal me ofereceu com uma claridade de sol já esclarecido nas coisas do mundo. Também bebi água logo nas aberturas do dia e é água fresca e leve que vem dos lados do convento de São Francisco, do séc. 17, eles lá sabiam as melhores fontes das coisas essenciais na vida.
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos (...)
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos (...)
(...) A minha amiga borboleta, que me visitou logo no 1º dia, volta todos os santos dias, enquanto estou a acordar-me nestas pequenas tarefas prazenteiras. Ontem um dia destes veio poisar na minha mão, mas só no fim do coração da manga bem chupada [1] é que sorveu com tal suavidade a última gota que me deixou derrotado por longos instantes.
Ah! eu e a minha balurca[2], batizada ao 3º dia com o nome Unine [3],
duas pétalas brancas uma de cada lado onde pontuam vários círculos negros
salpicados à toa, falámos abertamente dentro dos nossos silêncios unidos,
depois foi vadiar desclaradamente pela mata fora partilhar alegria e liberdade
com outros seres vivos na viagem, remando agora as suas muitas asas frágeis ao
sabor das curvas zoadas da aragem e, pronto (...)
(Sidády Vêlha. Ilha de
Santiago. Cabo Verde.)
[1] Para quem ainda não viveu
estas circunstâncias, creio achar por bem informá-los que as mangas por aqui
cabem inteiras numa mão e então não se comem propriamente dito, após as
primeiras dentadas na casca amarelaesverdeada chupam-se longamente até o
caroço, qual osso, reluzir à luz que há.
[2]
Só gosta de vadiar, sem trabalhar (crioulo do Sotavento).
[3] Referência a personagem mítico da
cultura popular cabo-verdiana, transcrito por Leão Lopes, em “UNINE” (Edição:
Embaixada de Portugal em Cabo Verde, Instituto Camões e Centro Cultural
Português Praia-Mindelo, Coleção Livros Infanto-Juvenis, 1998).
NOTA: uma das várias versões do texto completo, encontra-se publicado a 24.9.08, neste blogue.
NOTA: uma das várias versões do texto completo, encontra-se publicado a 24.9.08, neste blogue.
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