Pintura de : J. A. M. |
Série: pedaços de 1 diário perdido
(…) aconteceu-me algures, num país distante, sem tempos nem espaços uma luz 1ª, e
sem dar tempo ao tempo muitas luzes explodiram em uníssono e só não caí redondo
talvez por um acaso que julgo agora ter sido fortuito.
Era a simples beleza de um areal prateado sem fim, ao lado o mar
evidentemente, e eu ou alguém na altura por mim passeava sem qualquer destino
entre os despojos das ondas à frente dos olhos e o soletrar dos seus sons
quando se fingiam enfim de mortas. Deambulava por ali ciente da felicidade
que vivia sem dar por tal e a incerta altura, o sol que me acompanhava desde o
início desbotou-se pareceu retirar-se e eu senti-me sozinho sem
e foi então, regressando aos milagres da luz (pois hoje sei que tudo é Luz), que olhei mui
convictamente para o céu no lugar onde o sol se tinha ausentado e pedi convictamente que voltasse para a companhia
que me faltava. Repentinamente surgiu invadindo-me de calor, das raízes dos
cabelos até às plantas dos pés e … fiquei repentinamente surpreendido pelo
meu próprio espanto!
e foi a partir deste momento que nunca mais duvidei de Deus.
Um deus, muito longe de todas as cruéis religiões que andam por aí a fazerem
dos homens escravos.
(…)
Data = ?
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