José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

14.7.09

pensamentos

- Imagem trabalhada. j.a.m. -


O tamanho das coisas têm o nosso tamanho.
Do coração a mente cria as imagens do Mundo.
Tocamos a altura do que vivemos.
Por dentro e por fora de nós, tudo é igual.
Não há ilusões, há realidades muitas.

8.7.09

pensamento(s)

- Poema visual.2009. j.a.m. -

À TERRA


- Pintura. Técnica-Mista.j.a.m. -


Vem do centro da Terra esta luz nas palavras
corpo de abundância e vertigem
onde evoluem muitas vozes
e às portas da boca
exaltam as suas âncoras.

Talvez por disciplina ou rotina ou esquiva ausência
se encontram os livros pelas manhãs
abertos ao alimento constante dos dias
sem que haja uma descoberta abismal
no meio dos infinitos textos do olhar.

Última a primeira porta dos labirintos:
São as Mãos. É a Terra.
Segredos que nos vão lembrando a procura do mundo
sob os regressos da voz em cada página.



(in, As Mãos e as Margens. Editora Limiar.Porto.1991)

6.7.09

momento(s)

- Imagem trabalhada. j.a.m. -


Coisas simples, p.f., palavras pousadas como o pão na mesa, frases espaçadas com 1 intervalo para nos debruçarmos nas suas varandas, silêncios cheios em que cada um seja um e todos, olhares que falem também e troquem apenas luzes para se manterem abertos, gestos poucos em movimentos comunicantes, eu aqui, tu acolá, estamos entre amigos, há que afugentar o medo que se instalou em tudo, meu deus, o medo que serve os tais que sugam o Mundo e queimam o sangue das nossas vidas sem tantas vezes darmos por isso.

1.7.09

OUTRAS VIDAS

- Bandas de Castro Laboreiro -

São seres que se apagam em silêncio, vestidas de escuridão entre as pedras de granito onde se sentam e a vastidão do céu para onde largam as recordações de uma vida.

À volta, as poucas ovelhas colhem ainda da terra a seiva verde das ervas. Por perto, o cão castro laboreiro, faz um círculo divagado com os olhos e instala-se descansado.

30.6.09

"SILÊNCIO INSURRECTO"

- Desenho. Rotring s/ papel. j.a.m. -


O silêncio serpenteia-se nas ondas do ar a boca da noite
abre as flores do coração curva os sons que tem sempre à
mão e o tempo habita-nos mais ao sabermos nos olhos as
sombras que se despedem das árvores onde os pássaros
acolhem os primeiros tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase assim começam
a sinfonar uma visão acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda é o segredo de haver um mundo contudo sagrado.


- in, Recomeço Límpido, no Centenário de José Gomes Ferreira.2000 -

DA PLANTA DOS PÉS ATÉ À RAÍZ DOS CABELOS

- Pintura. Guache s/ cartolina. j.a.m. -


Escuta
como o ar brilha em silêncio nas nossas veias lavradas e
os cometas dos sonhos transportam minuciosas luzes para
dentro da nossa escuridão, é um corpo sempre com um lado
esquecido, o ouro, dizes, navega pelo sangue entra e sai
pelos poros e o olhar torna-se o lugar das aparições,
inaugura o tempo que volta escondido sob os primeiros
sinais das madrugadas.


(in, A Primeira Imagem. ed. Sol XXI.1998)

IMGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA

-Desenho. Rotring s/papel. j.a.m. -

IMAGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA (Nº6)


Entrego ao Mundo
a forma de alguns segredos
transportados pela leveza distante
do tempo, em cada palavra eu
digo: uma vida
uma estrela que devolve a luz
e estremece no centro
dos seus contornos
deslocados destas lógicas onde
os instantes da fala
só deixam falar
o que já é transparente.


(in,A Primeira Imagem. Ed. Sol XXI.1998)




23.6.09

pensamento

(Desenho. Rotring s/ papel. j.a.m.)


"Nem sempre podemos mudar as circunstâncias

mas sempre podemos mudar

as nossas atitudes em relação a elas."

11.6.09

CIDADE VELHA. Ilha de S. Tiago. Cabo Verde

- Imagem construída a partir de fotos e pinturas realizadas no local.j.a.m -

Homenagem à Cidade Velha, uma das
7 MARAVILHAS DE PORTUGAL NO MUNDO

Poema Visual

(Imagem de j.a.m.-2009)

29.5.09

A Ilusão de Um "eu" Separado

Imagem fractal construída. j.a.m.

“Um ser humano é parte de um todo chamado por nós de Universo, é uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experiencia-se a si mesmo, aos seus pensamentos e sentimentos, como alguma coisa separada do resto - uma espécie de ilusão de óptica da sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós. A nossa missão é libertarmo-nos dessa prisão, alargando os nossos círculos, para envolver todas as criaturas vivas e o todo da natureza na sua beleza.”



- Albert Einstein, “Ideas and Opinions”. 1954. (Tradução livre) -

Jethro Tull (Aqualung )

27.5.09

Série: O(s) Grito(s) . A Escola Pública em Portugal

(Imagem construída. j.a.m. )


"Este governo desfigurou a escola pública. O modelo de avaliação docente que tentou implementar é uma fraude que só prejudica alunos, pais e professores. Partir a carreira docente em duas, de uma forma arbitrária e injusta, só teve uma motivação economicista, e promove o individualismo em vez do trabalho em equipa. A imposição dos directores burocratiza o ensino e diminui a democracia. Em nome da pacificação das escolas e de um ensino de qualidade, é urgente revogar estas medidas."


- in, blogue PROAVALIAÇÃO -

23.5.09

Brasil. Maranhão. Rio Preguiças. Foto de j.a.m.


ENCONTRO

Um barco desliza nas águas ao de leve sonoras.
Enquanto a noite desce como um lençol suavemente escuro
apagando o rio, que era azul
e agora já é um espelho prateado deitado sobre o mundo.
Alongado pela vastidão que se recolhe nos olhos de quem só olha.

Há em tudo uma paz impossível, e eu vejo o teu rosto e tu pareces não ser.
Olho-te de novo, e tu olhas-me assim:
tão perto e tão longe, no fundo de mim, que me deixas mais nu.
Eu sei:
és aquela que me ama do fundo das águas
que agora nos unem.
Eu sou aquele que procura
e te dá o silêncio inteiro das minhas duas mãos nas tuas.
Pois, no fim desta escuridão
somos sempre sozinhos.
A partir de agora, entre nós
não haverá mais segredos.


- In, Colectânea "Os Dias do Amor".Editora Ministério dos Livros.2009

22.5.09

ELIPSE PARA OS OLHOS

(Imagem transformada. j.a.m.)

Em cada gesto
um ofício sem idade
dizendo os corpos em sobressaltos
entre as coisas circulares do tempo.

E quem já esteve em muitos lugares
principia e acaba olhando o Mundo
pelas suas formas
e aí morre qualquer hábito
e a vastidão da Terra com sementes
há memória da Vida
e das coisas que acontecem.



- In, O Triângulo de Ouro.Ed. Justiça e Paz.1988
-
Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.1987



UMA ROSA SEM TEMPO

(Turquia. Istambul. Foto de j.a.m.)

Há porém um estado de absoluta nostalgia
um coração selado sobre a emigração dos dias
com um rosto partilhado pelos segredos do Mundo.

Não é a voz, não é essa desordem da luz
nem a matéria ou a memória das palavras
é outra a sedução despojada de qualquer brilho
outra a distância abandonada lá no fundo vivo dos olhos.


- In, As Mãos e as Margens. Ed. Limiar. 1991 -



IMAGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA

Brasil. São Luís do Maranhão.2006 (foto de j.a.m.)


Os dedos sensíveis escutam as vozes
do sangue. Vibram, morrem devagar
nos gestos. Memórias e Mundos
na ilusão de um tempo e de um lugar.
Enquanto as luzes mais violentas
apagam os contornos
quando as asas do poema
chegam ao fim.



(Imagens afundadas na Memória.11ª.)
- In, A Primeira Imagem.1998 -

14.5.09

Às de Copas

- Pintura de Miguel D Alte -

SENSAÇÃO A VELUDO NAS MÃOS


Primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas, as mãos, transcorriam bêbedas com todos os seus 10 dedos nas polpas sensíveis e eu lá ao fundo, no final da sensação, navegava com toda a preguiça esboçada do mundo, por aquele mar de novidades que o teu corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.

Estavas ali deitada, absorta no teu sonho inteiro de ser escultura para as minhas mãos, e eu sentia-te a crescer nas ondas da respiração e de um lado e do outro, ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio, que tínhamos de possuir exactamente ao mesmo tempo.

Tudo ilusão. E, no entanto não era. Eu estava ali, tu também, éramos dois corpos com as portas abertas de todo. A aragem das mãos esvoaçando sobre a tua pele de veludo, era o que sobrava do silêncio de chumbo, que os nossos corpos mortais no fundo faziam. Havia entre nós um nó inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais aprumadas já não soltam palavras.

E os gestos criavam outros mundos, onde só nós cabíamos, onde só nós éramos quase perfeitos, à espera de o sermos.



Brasil. Maranhão.2007