- Desenho. Rotring s/ papel. j.a.m. -
O silêncio serpenteia-se nas ondas do ar a boca da noite
abre as flores do coração curva os sons que tem sempre à
mão e o tempo habita-nos mais ao sabermos nos olhos as
sombras que se despedem das árvores onde os pássaros
acolhem os primeiros tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase assim começam
a sinfonar uma visão acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda é o segredo de haver um mundo contudo sagrado.
- in, Recomeço Límpido, no Centenário de José Gomes Ferreira.2000 -
abre as flores do coração curva os sons que tem sempre à
mão e o tempo habita-nos mais ao sabermos nos olhos as
sombras que se despedem das árvores onde os pássaros
acolhem os primeiros tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase assim começam
a sinfonar uma visão acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda é o segredo de haver um mundo contudo sagrado.
- in, Recomeço Límpido, no Centenário de José Gomes Ferreira.2000 -
O deserto é um silêncio depois do mar,
ResponderEliminarÉ o êxtase da luz sobre o coração da areia.
Vai-se e volta-se e nada se esquece.
Tudo se oculta para depois se dar a ver
No ponto em que os ventos se cruzam
E as almas gritam no fundo dos poços.
Os cestos sobem e descem prometendo água,
Uma frescura que derrete a febre.
Não são as tâmaras que adoçam a boca,
É a beleza das mulheres dissimulando
O desejo como um pecado sob a escuridão dos véus.
As serpentes assobiam ou cantam
Conforme o veneno que lhes molda o sangue.
Enroscam-se sobre as pedras
como fragmentos de lua à espera da manhã.
E a sombra alonga-se nas dunas
Ondulando rente às palmeiras
Como a última cobra do medo das crianças.
Não há ruído maior que este silêncio
Que se serve com tâmaras e com chá
Na mesa rasteira, sobre a terra molhada.
É no que não se nomeia que está o infinito.
(José Jorge Letria in "Os Mares Interiores")
Um abraço ;)