José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

30.6.09

"SILÊNCIO INSURRECTO"

- Desenho. Rotring s/ papel. j.a.m. -


O silêncio serpenteia-se nas ondas do ar a boca da noite
abre as flores do coração curva os sons que tem sempre à
mão e o tempo habita-nos mais ao sabermos nos olhos as
sombras que se despedem das árvores onde os pássaros
acolhem os primeiros tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase assim começam
a sinfonar uma visão acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda é o segredo de haver um mundo contudo sagrado.


- in, Recomeço Límpido, no Centenário de José Gomes Ferreira.2000 -

1 comentário:

  1. O deserto é um silêncio depois do mar,
    É o êxtase da luz sobre o coração da areia.
    Vai-se e volta-se e nada se esquece.
    Tudo se oculta para depois se dar a ver
    No ponto em que os ventos se cruzam
    E as almas gritam no fundo dos poços.
    Os cestos sobem e descem prometendo água,
    Uma frescura que derrete a febre.
    Não são as tâmaras que adoçam a boca,
    É a beleza das mulheres dissimulando
    O desejo como um pecado sob a escuridão dos véus.
    As serpentes assobiam ou cantam
    Conforme o veneno que lhes molda o sangue.
    Enroscam-se sobre as pedras
    como fragmentos de lua à espera da manhã.
    E a sombra alonga-se nas dunas
    Ondulando rente às palmeiras
    Como a última cobra do medo das crianças.
    Não há ruído maior que este silêncio
    Que se serve com tâmaras e com chá
    Na mesa rasteira, sobre a terra molhada.
    É no que não se nomeia que está o infinito.

    (José Jorge Letria in "Os Mares Interiores")

    Um abraço ;)

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