25.1.18
24.1.18
dos sonos -.- à propos de dormir
imagem trabalhada ~ https://youtu.be/zMvXnz8ThnA |
Mestres do Nada
Há rostos que tornam as coisas mais simples.
São como pedras vivas
mergulhadas a prumo
no sábio esquecimento
das suas formas
onde a sós
os olhos dizem
o ouro breve das imagens.
( in, A Primeira Imagem, Ed. Sol XXI, 1998 )
Catálogo/Exposição : " o ouro breve das imagens "
De poeta para poeta: " Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos” [1]. Mas também de poeta para artista visual, numa dupla afirmação de liberdade em relação às fronteiras da linguagem, ou sequer do mundo, via a novos mundos em que do comum se faz Outro e Outrem.
Assim, se na obra plástica de José Alberto Mar nos
reconhecemos perante signos ligados à natureza (sóis, luas, flores, borboletas)
e ao humano (corações, olhos, labaredas de fogo interiores, cabeças, cruzes),
nos harmonizamos perante arquétipos universais de raiz formal geométrica,
espantamo-nos, porém, perante a metamorfose dos signos num processo de
morfogénese que progressivamente se tem vindo a acentuar no percurso ontológico
da obra do artista, onde busca e revelação surgem indissociáveis. De tal modo
que nesses universos (im)possíveis que nos é dado entrever pelo “ouro breve das
imagens”, o olhar surpreende-se, mas não emigra, pois o outrem que se afirma enraíza-se
profundamente no humano e na natureza como assunção do transcendente.
De outro ângulo, nesta mostra reencontramos o jogo entre
a cor e a sua ausência, a linha intensa, em formas bidimensionais,
tridimensionais - e sugestões de outros planos - e os signos inefáveis das
nossas e de novas linguagens, ou seja, tudo aquilo que decorre de uma
caligrafia do simbólico. Mas, mais uma vez, também se nos afigura que o cunho
inconfundível da arte de José Alberto Mar flui naturalmente da matriz
existencial do poeta, pintor – e visionário - e de uma radical liberdade do ser e do estar
como assumida celebração da vida.
Enfim,
“Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos”.
Sofia
Moraes
(07- 01-2018)
19.1.18
f l O r * asTraL
18.1.18
O ESPANTO ACORDADO
primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas, as mãos transcorriam como caravelas loucas com todas as suas 10 velas nas polpas sensíveis cada vez mais e eu lá ao fundo, no final da sensação, deixava-me navegar com toda a preguiça esboçada do mundo por este mar de novidades que aquele corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.
E ela estava deitada, absorta no seu sonho inteiro de ser escultura para as minhas mãos, e eu sentia-a a crescer nos ritmos da respiração e de um lado e do outro ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio que ambos tínhamos de possuir, precisamente ao mesmo tempo.
Tudo ilusão. E, no entanto, não
era. Eu estava ali, ela também, éramos 2 corpos com todas as portas abertas à
vida. A aragem das mãos esvoaçando sobre a pele de veludo era o que sobrava do
silêncio de chumbo, onde os nossos corpos jaziam. Havia entre nós um nó
inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais apuradas já não dizem
palavras.
E os gestos criavam outros mundos
onde só nós cabíamos, onde só nós éramos quase perfeitos, à espera de o sermos.
j. a. m.
(São Luís do Maranhão - Br. - Rascunho
Nº 146. 2000-2018)
série: pequenas sabedorias (Nº78) Obra integrada na Exposição, a decorrer : " o ouro breve das imagens " (13 jan. - 1 fev.) |
17.1.18
16.1.18
Exposição de pinturas: " o ouro breve das imagens " . Art Exhibition: " the brief gold of images "
ARTEINFORMADO ( Spain) : http://www.arteinformado.com/agenda/f/o-ouro-breve-das-imagens-el-breve-oro-de-las-imagenes-150809 |
15.1.18
por uma unha negra
foto trabalhada. j. a. m. |
Foi um tempo obscuro,
escuro, mesmo negro. Atravessei-o com a juventude espalhada pelo corpo e todos
os mundos que podia a encherem-me a alma até às marcas tatuadas
à flor da pele. Por vezes, pensava
que enlouquecia e então abrigava-me nas casas do silêncio à espera de segurar o
fio tremeluzente da minha voz mais íntima. Outras vezes, saía pelo mundo fora à
procura de mais dias & mais noites umas a seguir às outras como primaveras
que se devoram com muitas flores vivas a saltarem pela boca, pelos olhos, pelo
corpo inteiro esburacado. Conheci gente, pessoas, corpos habitados por alguém,
outros nem por isso, cheguei a conhecer os mortos que continuam por aí de um
lado para o outro como imagens atrapalhadas adiarem ou a esperarem sei lá o
quê. Também, confesso, cheguei a ser tocado por alguns seres raros, que me
deram minúsculas estrelas duradoiras, muitas vezes sem eu dar por isso. Ainda
hoje as guardo, como símbolos preciosos soltos entre os seixos das minhas
margens.
Foi um tempo de procuras,
em que passei por pontes & pontes e nem sequer as via, nem o rio que lá ia
para o seu mar, nem os lugares de um lado e do outro por onde queimava o meu
destino possuído pelas douradas cegueiras das vertigens e por todos os copos dos venenos que tragava. Vi alguns amigos caírem para o interior de
uma luz alquímica que nunca mais os largou, foram assim sozinhos para tão longe
e nuncanunca mais.
Após muitas paisagens
comecei a ver que tudo à minha volta eram imagens que se soltavam de dentro de
mim, onde eu não era chamado para o caso, nem propriamente ninguém, mas no fim
de contas todos estávamos lá: pessoas, mundo, vida, animais, plantas, pedras e
todos os milhares de universos que na verdade existem para quem os vê.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e de todas as coisas vivas, que afinal é Tudo.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e de todas as coisas vivas, que afinal é Tudo.
Descobri um centro que não
é centro nenhum, apenas me desloco por dentro, despido e nu, de centro em
centro, nos mapas circulares da minha idade, amparado pelo tempo que não
existe.
Sempre, com o deus presente
em mim e à minha volta e o amor íntimo e distante por tudo o que me vai
acontecendo
(série: confluências,
confidências, algo assim.Rascunho ~ 1988?)
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