De poeta para poeta: " Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos” [1]. Mas também de poeta para artista visual, numa dupla afirmação de liberdade em relação às fronteiras da linguagem, ou sequer do mundo, via a novos mundos em que do comum se faz Outro e Outrem.
Assim, se na obra plástica de José Alberto Mar nos
reconhecemos perante signos ligados à natureza (sóis, luas, flores, borboletas)
e ao humano (corações, olhos, labaredas de fogo interiores, cabeças, cruzes),
nos harmonizamos perante arquétipos universais de raiz formal geométrica,
espantamo-nos, porém, perante a metamorfose dos signos num processo de
morfogénese que progressivamente se tem vindo a acentuar no percurso ontológico
da obra do artista, onde busca e revelação surgem indissociáveis. De tal modo
que nesses universos (im)possíveis que nos é dado entrever pelo “ouro breve das
imagens”, o olhar surpreende-se, mas não emigra, pois o outrem que se afirma enraíza-se
profundamente no humano e na natureza como assunção do transcendente.
De outro ângulo, nesta mostra reencontramos o jogo entre
a cor e a sua ausência, a linha intensa, em formas bidimensionais,
tridimensionais - e sugestões de outros planos - e os signos inefáveis das
nossas e de novas linguagens, ou seja, tudo aquilo que decorre de uma
caligrafia do simbólico. Mas, mais uma vez, também se nos afigura que o cunho
inconfundível da arte de José Alberto Mar flui naturalmente da matriz
existencial do poeta, pintor – e visionário - e de uma radical liberdade do ser e do estar
como assumida celebração da vida.
Enfim,
“Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos”.
Sofia
Moraes
(07- 01-2018)
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