" O Olhador " . Autor: J. A. M. |
ás vezes à noite, pego no
bloco pego na caneta. Fico assim, horas a fio a olhar para o céu, depois a
incerta altura, desço o olhar
agora:
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste
jardim há 3 sobreiros unidos com troncos rugosos onde a cortiça respira e
cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que
estremece & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do
mar enquanto pedaços de algodão dos álamos esvoaçam e uma sisão[1]
algures espalha as pautas.
De
repente, a chuva parou. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois
apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem aos desejos da
sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são
belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na
superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está
a lua estampadamente enorme.
Data =?
(
Rascunho Nº 238)
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