Foto: J. A. M. |
havia uma doença de sombras. Entranhadas no ar,
nos ritmos dos dias, nas pessoas que deambulavam entre estes.
Mas as sombras eram como todas as sombras: germinadas por uma luz. Esta luz era cega, distante, não se via. Apenas alguns a pressentiam. Por dentro, era por dentro que novas sementes germinavam e quando cresciam o suficiente toldavam os olhares. E algumas pessoas começavam a ver novas flores que as outras não viam, pois havia uma doença de sombras.
Mas as sombras eram como todas as sombras: germinadas por uma luz. Esta luz era cega, distante, não se via. Apenas alguns a pressentiam. Por dentro, era por dentro que novas sementes germinavam e quando cresciam o suficiente toldavam os olhares. E algumas pessoas começavam a ver novas flores que as outras não viam, pois havia uma doença de sombras.
Entre a vida e estes dias sonâmbulos instava-se um esquecido tempo sem nomes verdadeiros ou com demasiados nomes. Aparências. Muitas notícias em algazarra. Sinais para as pessoas se ampararem.
Alguns mais desesperados matavam-se. Outros resignavam-se, á espera. A morte, apesar de sempre presente, disfarçava-se de esquecimento. Andava-se de um lado para outro, através de distrações perenes. No fundo, ninguém se via nem via os outros, porque havia uma doença de sombras. No entanto, alguns vislumbravam o que parecia ser natural. Falavam destes tempos de mudanças, sem ninguém os escutar. Acomodavam-se num silêncio de ouro que crescia somente para eles. Aparentemente. Outros ainda gritavam sem ecos. Aparentemente, pois tudo era um vasto Mundo cada vez mais ligado.
( J.A.M.)
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