-.- dr. zé kalunga -.- |
29.5.18
26.5.18
25.5.18
Sinetes Lunares
à-volta era um lugar que, mal entrámos, se
tornou ausente. Talvez houvesse um espaço, um tempo, quatro olhos duas pontes
ambas para lá ambas para cá, sobre algo circular o tampo de mármore da mesa onde as palavras caiam finitas e havia
estrelas a rebentarem sozinhas no desamparo dos dedos quando se tocavam.
Bailando, bailando os dedos finos uma alma sensível
no fim das hastes, re/parei.
As gaivotas vinham açoitadas pelo mar sem
pescadores e abriam os espaços altos à procura. Eram sombras nos intervalos
apanhadas por acasos, quando olhava de soslaio pelas vidraças húmidas do café, já não eram.
Ambos num fogo acontecido apesar de (não) darmos por ele. À-volta,
mais uma vez, havia os outros longínquas sombras, e em pouco tempo, nem sombras. Por dentro aconteciam metafóricos medronhos nos seus etílicos
desejos de serem mais - do laranja ao
ouro – algo que só na altura sentia ou sabia, crescia para cima & para baixo como nas plantas a seiva, nas galáxias as luzes vagabundas.
Agora vejo como fui vago nessa
travessia. Luz dos teus olhos bebiam a
minha sede. E, era uma sede demasiado. Devia ter-te deixado viajar mais
para dentro. Ensaiar-me nas danças do silêncio que fazemos para que aconteçam, expô-las
desocupado. Escutar-te nos teus altares. Aguardar o
fino ouro do teu mistério.
17.5.18
16.5.18
15.5.18
14.5.18
the man who fishes light ~ o pescador de luz ~ l'homme qui pêche la lumière
7.5.18
onde o Sol é mais perto
Às vezes pego no bloco. Pego
na caneta. Fico assim horas a fio a olhar para o a noite do céu, depois a incerta altura,
desço
o olhar
o olhar
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste jardim há um chaparro com
ramos ainda pouco rugosos onde a cortiça respira e cresce sem darmos por isso e as folhas
todas juntas formam uma cabeleira que estremece & dança, muito
espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar enquanto o algodão dos
álamos dança no ar e uma sisão algures espalha as pautas.
De repente, a chuva parou.
Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem ao desejo da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que desce dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.
Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem ao desejo da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que desce dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.
( Algarve. Rascunho Nº218)
25.4.18
Poema em saldo Nº 25
uma data que regressa
transparente à cabeça um sino
pendular nas cavernas do corpo
e então escrevê-lo é abrir as potências
do sangue, dos pés até à raiz
dos cabelos, deixar crescer
a vida circular dos dias
pelo silêncio poderoso
se fundamenta um olhar
um sonho uma estátua invisível
dentro da memória
ordena-se o esquecimento
mantendo sempre a respiração do Mundo
entre muitos e muitos horizontes.
19.4.18
5.4.18
One's destination is never a place, but a new way of seeing things (Henry Miller)
19.3.18
12.3.18
HÁ GENTE QUE MANDA NA GENTE SÓ PARA SE SENTIR GENTE
há
“gente” que só manda na gente para se sentir gente. Eu, cá pra mim, não gosto
dessa “gente”. Prefiro, de longe, a gente que gosta da gente, sem lhe apetecer
mandar na gente. Pois, essa “gente” que só gosta de mandar em toda a outra
gente para se julgar gente, cá pra mim, não são gente mesmo. Porque se essa
“gente” fosse realmente gente, entendia claramente que não é necessário haver
gente-por-cima & gente-por-baixo, dado que toda a gente nasce despida e
toda a gente vai desta para melhor, vestida por outra gente.
Mas,
porque é que o raio que os parta dessa “gente” que continua a mandar em toda a
outra gente, não começa por saber mandar neles próprios, para se tornarem
verdadeiramente gente? Essa “gente” é mentecapta, idiota, inteligentes sem dúvida só que têm a
inteligência ao serviço da estupidez, têm a esperteza do tamanho da astúcia, são
inequivocamente infelizes, intranquilos, sem paz por dentro, desalmados até, mas
que culpa tem a gente disso? embora essa
“gente” nos castigue continuadamente por isso. “Gente” deste & daquele ramo
desta árvore putrefacta, crentes disto & daquilo, governantes grandes
& governantes pequenininhos, lá vê a gente, aquela outra “gente” a
escravizar, a ignorar, a enganar & a roubar a gente.
Claro
que também há gente que se deixa mandar bem por essa “gente”, e então só é
gente assim-assim, entre os 2 lados das gentes. Nesta coisa de haver gentes, “ser
ou não ser é mesmo a questão “, pois não há meias-gentes, propriamente dito.
etc.
( Rascunho Nº 287.2005)
7.3.18
6.3.18
árvores acesas pelo pôr ~ do ~ Sol
(Serralves, jardim) Álvaro Lapa: https://youtu.be/TH1oV-j8KFA - foto: árvores, sol, céu assim e j. a. m. |
1.3.18
lua
L.C. ~ 01-03-2018 . KALANDER ( burning wheel): https://youtu.be/0CroU_3Kww0 |
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