José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

19.4.20

as vozes muitas

Trabalho visual. Autor: J. A. M. - 2020















E as vozes aparecem mensageiras
da ausência
instigam uma outra língua
elevam para longe
as vidas e as veias
o sangue, o ouro
pelas gargantas da Terra
há um sol onde a luz adormeceu.
(...)


11.4.20

Os 3 Planos

Pintura: J. A. M. - 2020



















As semelhanças não são aparências, são estrelas que agora se unem.
- e, depois vem esta espera, o tempo instalado na esfera indecisa dos nossos gestos, dos nossos olhares.

Há uma outra luz que nos faz acordar em nós.
Enquanto ainda dormimos, sem o sabermos, há esperanças vivas nesta escuridão.


( J. A. M. - 04-04-2020)



20.3.20

Novos Tempos

Título:  O 3º Olho. Autor: J.A.M. - 2020






































As imagens tocam-me mas não sei
se vejouço ou então
só em parte estarei vivo.

O ar habita-nos por dentro e por fora.
Ao sabor de fronteiras incertas. Às vezes
outro sol nasce em nós. O tempo
separa as escolhas.

E então lembro-me:
as flores em Maio dão-me para olhar.


19.2.20

Rio Minho. Foto: J. A. M. 


quero ficar assim nu de fora para
dentro, até ao vazio transparente
de alguém que o deixou de ser para
ser ponte para tudo o que é
paz, serenidade viva e mansa alegria.


( J. A. M. - séc. XX)

16.2.20

~ 7º pedaço de mais um diário perdido ~

Desenho. Autor: J. A. M. - Anos 80
























O agora, estanca, parte-se, abre-se como um fruto a seu tempo, para que o tempo seja outro e haja uma viagem à-volta.
Regressarei.
Entretanto: vivi com tribos e tribos, muitos nomes e culturas, deixei-me atravessar por N mundos diferentes, vi o geral e o particular nos pormenores e em nenhum lugar fui estrangeiro.


- Há em nós algo de tudo.



( África. Senegal.2019)

13.2.20

retrospetivas

Pintura: J. A. M. 



















1

Por vezes, alguém põe 1 dedo na ferida.
Quero dizer - alguém acorda a sombra geral dos seus nomes
e os nomes mergulham nos ritmos do sangue
e logo as mãos crescem para os lugares
e os lugares crescem com elas
e depois, fica tudo mais Alto.
Há quem passe, olhe de lado e continue a sua vida.
Outros há que passam e se detêm
por um pormenor mais chamativo.

2

Claro que todos os lados, todos os nomes
são pretextos. E os lugares também.
Nascemos e morremos por uma graça indomável
perdida no tempo. Andamos às voltas disto tudo
enquanto por dentro acordam & adormecem
as sementes povoadas pelos estranhos frutos
de uma sede sem fim.

3

Vozes e vozes que cantam a Vida e
o exemplo de milhares de sóis
mesmo sabendo-se que para outros olhares
há um abismo memorial nas cabeças
uma outra idade outra boca menos cercada
pelos dons dos dias na transformação dos corpos.



- J. A. M. in, “A Primeira Imagem”, Ed. Sol XXI, Lisboa, 1998 -


2.2.20

cem título(s)

Trabalho-visual. Autor: J. A. M. 

















Sei como os universos estão cheios de estrelas
de ouro breve nas suas viagens
e um coração de ouro nunca tem preço
(eu sei) como o teu sol também é o meu
também sei que por onde caminhas
é o (mesmo) lado só teu 
do lado que também é o meu.



 P.S. poema dedicado à minha filha, D. I.


Mindelo. Ilha de São Vicente. Cabo Verde. 11-12-2019

22.1.20

~ 6º pedaço de mais um diário perdido ~

da Ciência legalizada dos Quadrados. Obra de: J. A. M. 


















já há uns bons tempos que faço diariamente, com base nos trâmites das meditações ocidentais, dado que sou do género Oblomov (1) (as meditações orientais são demasiado exigentes...)  uma pesquisa mui atenta ao meu umbigo.

Como se se tratasse de um curioso olho sem alguma função à vista desarmada, ou o eventual início de uma espiral galáctica ou qualquer outro inopinável círculo vulgar, como se houvesse algo que pudesse ser vulgar nesta Vida...


Nestas vãs deambulações, encontro paredes pedras real+mente duras & a minha picareta é sempre tão frágil tão frágeis estas mãos sementes de asas, mas às vezes como que por acaso

surgem horizontes desamparados, e dou por mim noutra linha do tempo, isto é, re/paro que o desamparo é apenas meu e digamos assim, para finalizar por repentina preguiça este desabafo, creio bem que há coisinhas inverbais. Como se a língua, se enrolasse para dentro em onda repentinamente rebelde e ficasse ofuscada perante um inesperado diamante em visita, vindo sabe-se lá de onde? Cada vez que o vislumbro fico tão deslumbrado que,,,isto é, apago-me e demoro acender-me.


-  Conhece as ciências do fogo? Desse lamento do seu ser profundo, esse queixume pleno de liberdade, que o convida a morrer-se e a procurar-se de novo?



(1) “(…) o mais conhecido romance do escritor russo Ivan Goncharov, publicado pela primeira vez em 1859.(…)  Oblomov é um jovem e generoso nobre incapaz de tomar decisões importantes ou empreender quaisquer ações significativa(…)” - in, Wikipédia -


(…)

J.A.M.

Data:?

Rascunho Nº 59

19.1.20

MORABEZA (*)

Alex da Silva e uma das suas Obras
( foto retirada da Net, sem autoria visível)






















+ uma vez aconteceram-me as estrelas
a descerem sobre algo que não sei em mim
mas sei que são os meus olhos
que as chamaram sem eu dar portal
pois o que sinto é sempre maior
daquilo que sou:

Gaiola aberta à luz.


Felizmente 1 dia, deixei voar toda a minha passarada
e hoje, eles lá de longe sei lá de onde
não esqueceram o meu gesto
que afinal não foi só meu.


Mindelo (Ilha de São Vicente. Cabo Verde)18-12-2019.


* Significa «amabilidade; afabilidade» [Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora].
O Dicionário Eletrônico Houaiss também regista morabeza e diz que este substantivo feminino é um regionalismo de Cabo Verde (ilha Brava), tratando-se de «qualidade ou característica de quem é amável, atencioso, delicado; afabilidade, gentileza», a exemplo de «m[orabeza] nas relações interpessoais».

Nota: Poema dedicado ao pintor Alex da Silva , falecido a 30-12-2019, Mindelo, Cabo Verde; Gedicht opgedragen aan de schilder Alex da Silva, die stierf op 30-12-2019, Mindelo (Cape Green).



18.1.20

~ 5º pedaço de mais um diário perdido ~

Obra visual. J. A.M.

















(…) aconteceu-me algures, num país distante, sem tempos nem espaços uma luz 1ª, e sem dar tempo ao tempo muitas luzes explodiram em uníssono e só não caí ali redondo talvez por um acaso que julgo agora ter sido fortuito.


Era a simples beleza de um areal prateado sem fim, ao lado o mar evidentemente, e eu ou alguém na altura por mim (dado que cada um de nós é sempre muitos), passeava sem qualquer destino entre os despojos das ondas à frente dos olhos e o soletrar dos seus sons quando se fingiam enfim de mortas. Deambulava por ali ciente da íntima felicidade que vivia sem dar por tal e a incerta altura, o sol que me acompanhava desde o início desbotou-se pareceu retirar-se e eu senti-me sozinho sem

e foi então, regressando aos milagres da luz (pois hoje sei que tudo é Luz), que olhei mui convictamente para o céu no lugar onde o sol se tinha ausentado e pedi convictamente que voltasse para a companhia que me faltava. Repentinamente surgiu invadindo-me de calor, das raízes dos cabelos até às plantas dos pés e … fiquei repentinamente surpreendido pelo meu próprio espanto!


e foi a partir deste momento que nunca mais duvidei de Deus. Um deus, muito longe de todas as cruéis religiões que andam por aí a fazerem dos homens escravos.

 (…)

Data = ?

Rascunho nº 58

13.1.20

Mundos Quânticos

Trabalho-Visual baseado no Experimento Científico da “ Dupla Fenda” ( partícula e onda), realizado por Thomas Young. 100X100 cm. Autor: J. A. M. ( 2017)

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COMO VOCÊ CRIA A SUA REALIDADE DENTRO DA MATRIZ:

 https://youtu.be/Drc-F4_2VLM


12.1.20

~ 4º pedaço de mais um diário perdido ~

Trabalho visual. J. A. M.



















Olho-te agora de longe. O teu rosto enaltece a luz que ainda cai entre os muitos ramos das enormes árvores à-volta e ao mesmo tempo é uma luz que se procura saída de dentro de ti. Com um sorriso, ao de leve apenas, como 1 pássaro suave que já passou. Entre ti & o momento, entre ti e a tua discreta doação ao que no fundo já sabes ser, reparei agora nesse momento fugaz entre o marulhar dos peixes na água e os teus pés à-beira descalços e acesos no meio da fogueira que por ora quero imaginar.


Por detrás de ti havia plantas e flores despidas ao sol com aromas em brandas chamas, havia borboletas amarillas lúcidas e loucas sem dono agrupadas às voltas, e foi então que eu vi que eras uma pequena deusa ali descida, sem testemunhas, e prometi voltar sem o saber.


( Rascunho Nº 38)