José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

10.3.11

às vezes...sei lá porkê



 às vezes, sei lá porkê, desloco-me à sala, olho para os livros amparados uns aos outros. Depois, dou uma volta
e
venho-me embora.
Outras vezes, é a mesma coisa, mas  entre tanto.. sei lá porkê, estendo um  braço & um livro agarra-se à mão, olho para o título  lembro o autor e dou de caras com umas frases sublinhadas há séculos:


"(... ) o exorcismo, reação de forças, ataque de aríete, é o verdadeiro poema do prisioneiro.
No próprio lugar do sofrimento e da ideia fixa, introduz-se uma tal exaltação, uma tal magnífica violência, unidas ao martelar das palavras, que o mal progressivamente dissolvido é substituído por uma bola aérea e demoníaca - um estado maravilhoso!
Muitos dos poemas contemporâneos, poemas de liberdade, exercem também um efeito de exorcismo, mas dum exorcismo por manha. Por manha da natureza subconsciente que se defende graças a uma elaboração imaginativa apropriada: os sonhos. Por manha preparada ou hesitante, procurando o seu melhor e ideal ponto de aplicação: os sonhos acordados.
Não só os sonhos mas também uma infinidade de pensamentos são "para escapar", e até sistemas de filosofias foram sobretudo exorcismos que julgavam ser algo bem diferente.
Efeito libertador semelhante, mas natureza perfeitamente diferente.
(...)
Esta subida vertical e explosiva é um dos grandes momentos da existência. Nunca seria demais aconselhar o seu exercício aos que vivem a contragosto numa dependência infeliz. Mas o arrancar do motor é difícil, só o quase-desespero o consegue."



. Éprouves,exorcismes,1940.1944 *
in, O Retiro pelo Risco , Henry Michaux .

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