às 5,48 da manhã fomos abrir o sol prós lados onde o mar fica mais a jeito. O areal já não é o que era havia um pescador depois outro alguém tirava fotografias e
mal as olhava ~ as
ondas ~ as ondas ~ as ondas não paravam de acontecer. O mar parecia um longo vidro quebrado em pedaços dançantes sob a luz ondulada do sol. Um passeio
pela orladura pedrinhas luzidias no chão depois não serão, pedacinhos de conchas que foram,
também o ruído no olhar de latas marcas adiante & garrafas verdes, até
preservativos ainda bem preservados.
Dentro do bar, o sol caía sobre o meu rosto e simultaneamente na heineken que
me segurava a mão suspensa na sede. Uma
sede silenciosa em si demorada em cada trago, pois a namorada era calada e o cenário à volta parecia-me inesperadamente distante: telemóveis agarrados às mãos, cabeças curvadas um ou outro colar ou brinco pendurados no brilho, outras figuras atentas a 1 café ou a uma torrada ou a um fino a borbulhar amarelíssimo sobre a
superfície viva de 2 lábios semi-abertos pintados de carmim talvez fosse uma dádiva celeste para o meu estar na altura, o tal
rosto pelo menos de perfil era belo recortado contra o fundo geral, também haviam nuvens de palavras
cruzando-se no ar frases soltas que se
soltavam & esfumavam com os laços voláteis dos cigarros sem alguém parecer (querer) dar por isso, atmosferas
assim sem
dono à vista desarmada.
E quanto ao mar, mal o olhava lá
estava ele vivo, o m~a ~r galgando-se onda após onda crescendo avançando regressando a si, contra o impávido areal golpeado: quando repousas?
Ao longe o sol lá ia no seu ritmo
que também era o nosso e please, por
agora no photos, já há tantas. Roubamos tudo às paisagens uma flor aqui uma imagem acolá, para as trazermos para dentro das nossas casas, dos nossos próprios vazios, um dia destes como será?
Depois fomos ver os pinheiros.
Estavam juntos e pareciam muitos, é o novo hábito de serem novidade num país queimado
todos os Verões * ao sabor dos lucros & das voracidades da kambada. A certa altura estacionámos
a carroça (levámos o burro e o respetivo veículo que um dia adquirimos por tuta
& meia a uns ciganos desesperados no Alentejo) e foi tão belo aquele
momento que até o aroma amarelo de umas mimosas ali perto, nos alertaram para a evidente beleza da vida. Como se tal fosse necessário, mas pelo sim pelo não, aproveitei
para efetuar a habitual vénia diária a Tudo.
Mal demos conta já estávamos à
frente de alguém fardado que stopava o caminho. Que se passa, sr. Agente? Isto é território militar, têm de se afastar,
s.f.f. - Como o recado era evidente e o homem estava ali apenas a cumprir o seu papel & até falou assim com um ar de enfado desamparado e
evidentemente tínhamos mais que fazer, demos a volta e regressámos às nossas prazenteiras deambulações pelo campo, com a carroça quando muito talvez a 5 Km à hora e o GPS na intuição do burro.
evidentemente tínhamos mais que fazer, demos a volta e regressámos às nossas prazenteiras deambulações pelo campo, com a carroça quando muito talvez a 5 Km à hora e o GPS na intuição do burro.
* estava eu nestes preparos,
quando recebo um email da “Autoridade Tributária e Aduaneira”, com o “assunto:
Campanha para a prevenção de incêndios”, dirigido a mim próprio como: “ Ex.mo(a)
Sr(a) “.
1º fiquei estupefacto pelo facto de me sentir tratado
como gente neste país, depois mais assente na coisa, deduzi humildemente que esta
comunicação tinha sido eventualmente lida por milhares de portugueses que
possuam email e tiveram pachorra para tal. Numa leitura oblíqua senti-me claramente intimidado e olhei com carinho os pinheiros do meu vizinho que felizmente alongam generosamente os seus belos ramos para a minha varanda. Olhei para eles com a gratidão que naturalmente me merecem e tácitamente jurei-lhes a minha proteção. Depois : no comments.
( Rascunho Nº 18 )
( Rascunho Nº 18 )
Sem comentários:
Enviar um comentário