José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

20.2.18

KOISAS ~ DO ~ MOLESKINE ( 3ª folha)




às 5,48 da manhã fomos abrir o sol prós lados onde o mar fica mais a jeito. O areal já não é o que era havia um pescador depois outro alguém tirava fotografias e 
mal as olhava ~ as ondas ~ as ondas ~ as ondas não paravam de acontecer. O mar parecia um longo vidro quebrado em pedaços dançantes sob a luz ondulada do sol. Um passeio pela orladura pedrinhas luzidias no chão depois não serão, pedacinhos de conchas que foram, também o ruído no olhar de latas marcas adiante & garrafas verdes, até preservativos ainda bem preservados.

Dentro do bar, o sol caía sobre o meu rosto e simultaneamente na heineken que me segurava  a mão suspensa na sede. Uma sede silenciosa em si demorada em cada trago, pois a namorada era calada e o cenário à volta parecia-me inesperadamente distante: telemóveis agarrados às mãos, cabeças curvadas um ou outro colar ou brinco pendurados no brilho, outras figuras atentas a 1 café ou a uma torrada  ou a um fino a borbulhar amarelíssimo sobre a superfície viva de 2 lábios semi-abertos pintados de carmim talvez fosse uma dádiva celeste  para o meu estar na altura, o tal rosto pelo menos de perfil era belo recortado contra o fundo geral, também haviam nuvens de  palavras cruzando-se no ar frases soltas que se soltavam  & esfumavam com os laços voláteis dos cigarros sem alguém  parecer (querer) dar por isso, atmosferas assim sem dono à vista desarmada.

E quanto ao mar, mal o olhava lá estava ele vivo, o  m~a ~r  galgando-se onda após onda crescendo avançando regressando a si, contra o impávido areal golpeado: quando repousas?

Ao longe o sol lá ia no seu ritmo que também era o nosso e please, por agora no photos, já há tantas. Roubamos tudo às paisagens uma flor aqui uma imagem acolá, para as trazermos para dentro das nossas casas, dos nossos próprios vazios, um dia destes como será?

Depois fomos ver os pinheiros. Estavam juntos e pareciam muitos, é o novo  hábito de serem novidade num país queimado todos os Verões * ao sabor dos lucros & das voracidades da kambada. A certa altura estacionámos a carroça (levámos o burro e o respetivo veículo que um dia adquirimos por tuta & meia a uns ciganos desesperados no Alentejo) e foi tão belo aquele momento que até o aroma amarelo de umas mimosas ali perto, nos alertaram para a evidente beleza da vida. Como se tal fosse necessário, mas pelo sim pelo não, aproveitei para efetuar a habitual vénia diária a Tudo.

Mal demos conta já estávamos à frente de alguém fardado que stopava o caminho. Que se passa, sr. Agente? Isto é território militar, têm de se afastar, s.f.f. -  Como o recado era evidente e o homem estava ali apenas a cumprir o seu papel  & até falou assim com um ar de enfado desamparado e
evidentemente tínhamos mais que fazer, demos a volta e regressámos às nossas prazenteiras deambulações pelo campo, com a carroça quando muito talvez a 5 Km à hora e o GPS na intuição do burro.



* estava eu nestes preparos, quando recebo um email da “Autoridade Tributária e Aduaneira”, com o “assunto: Campanha para a prevenção de incêndios”, dirigido a mim próprio como:  “ Ex.mo(a) Sr(a) “.

1º fiquei estupefacto pelo facto de me sentir tratado como gente neste país, depois mais assente na coisa, deduzi humildemente que esta comunicação tinha sido eventualmente lida por milhares de portugueses que possuam email e tiveram pachorra para tal. Numa leitura oblíqua  senti-me claramente intimidado e olhei com carinho os pinheiros do meu vizinho que felizmente  alongam generosamente  os seus  belos ramos para a minha varanda. Olhei para eles com a gratidão que naturalmente me merecem e tácitamente jurei-lhes a minha proteção. Depois : no comments.



( Rascunho Nº 18 )

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