Pintura. J. A. M. |
(…)As gaivotas vinham açoitadas pelo mar sem pescadores e
abriam lá fora os espaços altos à procura. Eram sombras nos intervalos
apanhadas pelos acasos, quando olhava de soslaio pelas vidraças húmidas do
café.
Enquanto ambos estávamos num fogo adormecido apesar de não
darmos por ele.
À-volta havia os outros, longínquas sombras, e em poucos
minutos nem sombras já aconteciam. Por dentro senti metafóricos desejos de
serem mais, algo que só na altura sabia: cresciam para cima e para baixo como
nas árvores a seiva, nas galáxias a luz.
Ainda demos as mãos, como quem uma constrói uma ponte que
agora vejo ter ficado perfeita, apenas no ar leve daquele momento.
(J.A.M.)
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