Pintura. J. A. M. |
Alguém
passeia-se algures por caminhos e paisagens onde há pedras pelo chão e
acontece-lhe curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e
há um diamante entre as suas mãos, o olhar turva-se pelo brilho que o sOl,
atento a tudo onde há vida, lhe oferece no mesmo instante e depois há quem veja
logo ali um presente, ou há quem não dê conta do vislumbre que lhe
aconteceu e continue apegado aos seus hábitos, atirando o pequeno seixo para as
águas de rio que desliza por perto no seu ocaso indiferente a tudo isto.
Os hábitos escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo. E por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas pela infindável sede que habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
(Ourique.
Alentejo. Portugal)
-in,
livro de contos, escritos em Portugal, Cabo Verde e Brasil: O OURO BREVE DOS DIAS.2021
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