"Sr. da Pedra", V. N. Gaia-Porto. Foto J.A.M. |
Entrego à noite o
meu corpo, só.
Entre vários impossíveis deus espera
a morte global, estátuas em silêncio
os olhos
entre dois cometas
atingidos em plena pose.
Falo em deus como
posso dizer muros e
muros transparentes ou o interior das casas
por detrás das cortinas.
Belas mulheres varrendo o ar labiríntico
com a nudez das coxas aplainadas no desejo.
Pedaços da beleza
fantasias madrugadoras do futuro
vindo até nós.
Entre nós há um duelo
cego
tocado por enormes encantos
e grandiosos silêncios.
É soberbo e dói cantar o diário infortúnio
as distâncias entre as pessoas
O fundo incompleto onde se morre
tão devagar.
Também a morte
reclama a sua beleza
e nessa doação é preciso não sermos imaginativos
rente à superfície das coisas
estarmos próximos às árvores mutantes
nas estações, levantadas do chão
e libertas pelas suas próprias aceitações
de serem folhas, frutos e sombra
enquanto a demência do espírito ousa
a delicadeza de um pretexto
para a meditação.
(Enquanto o corpo está só
as florestas evoluem os símbolos, inscritos
dedo a dedo na pele dos vivos
adormecidos mortos).
Mas, não há maior
ciência que a dúvida.
Entre tantas imagens já pensei ser grande
mergulhado em mim o talismã do poder
nos olhos, na voz, o timbre preciso
para as montanhas se moverem
em direção ao poema.
Como dizer por um
toque simples
as raízes da criação submersas em ondas
passageiras em mim e logo são outros
a beberem essa feroz concepção
nas veias interiores abertas
à desconhecida inteligência, finíssima matéria
implacável nos seus encontros.
A esse deus
abandonado aos limites dos homens
peço o Silêncio a dívida que dorme
sobre a minha carne deslumbrada libertina
pois aí, também eu sou muitos
e sofro a divisão das idades baralhadas
o lento hipnotismo destes momentos
em que nenhuma mão se encontra arrumada
no seu próprio ofício de ser
só uma mão. De um corpo acordado vivo
na simples quietude da beleza.
( J. A. M. - in, Triângulo de Ouro)
Entre vários impossíveis deus espera
a morte global, estátuas em silêncio
os olhos
entre dois cometas
atingidos em plena pose.
muros transparentes ou o interior das casas
por detrás das cortinas.
Belas mulheres varrendo o ar labiríntico
com a nudez das coxas aplainadas no desejo.
Pedaços da beleza
fantasias madrugadoras do futuro
vindo até nós.
tocado por enormes encantos
e grandiosos silêncios.
É soberbo e dói cantar o diário infortúnio
as distâncias entre as pessoas
O fundo incompleto onde se morre
tão devagar.
e nessa doação é preciso não sermos imaginativos
rente à superfície das coisas
estarmos próximos às árvores mutantes
nas estações, levantadas do chão
e libertas pelas suas próprias aceitações
de serem folhas, frutos e sombra
enquanto a demência do espírito ousa
a delicadeza de um pretexto
para a meditação.
(Enquanto o corpo está só
as florestas evoluem os símbolos, inscritos
dedo a dedo na pele dos vivos
adormecidos mortos).
Entre tantas imagens já pensei ser grande
mergulhado em mim o talismã do poder
nos olhos, na voz, o timbre preciso
para as montanhas se moverem
em direção ao poema.
as raízes da criação submersas em ondas
passageiras em mim e logo são outros
a beberem essa feroz concepção
nas veias interiores abertas
à desconhecida inteligência, finíssima matéria
implacável nos seus encontros.
peço o Silêncio a dívida que dorme
sobre a minha carne deslumbrada libertina
pois aí, também eu sou muitos
e sofro a divisão das idades baralhadas
o lento hipnotismo destes momentos
em que nenhuma mão se encontra arrumada
no seu próprio ofício de ser
só uma mão. De um corpo acordado vivo
na simples quietude da beleza.
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