15.5.23
9.5.23
SOMBRAS DE UM FAROL ~ SHADOWS OF A LIGHTHOUSE
COMENTÁRIOS
CRÍTICOS (Resumos):
Mas, mais uma vez, também se nos afigura que o cunho inconfundível da arte de José Alberto Mar flui naturalmente da matriz existencial do poeta, pintor – e visionário - e de uma radical liberdade do ser e do estar como assumida celebração da vida.
~ ~ ~
“Arte Futura, no seu melhor. A sua arte é tão única e futurística. A arte do futuro vive hoje.”
(Michael Iva - Chicago, U.S.A.)
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“(…) Na obra plástica e literária de José Alberto Mar - pintor e poeta, de motivações filosóficas, percorre-se num tempo de sensações, durante a energia vital das coisas do Homem, e das marcas que este vai deixando no seu labor (…) Na sua proposta encontramos com alguma facilidade laços de estreitamento que cruzam ou juntam civilizações do oriente com latino americanas, africanas e europeias. (…) São registos que a sua obra espalha, e nalguns casos com profunda evidência, sendo até comparáveis com as formas de padrões matemáticos e geométricos, desenvolvidos de há muito na China, na Mesopotâmia (…) A obra na relação com o espectador cria um espaço orgânico cujo arquétipo é biológico, celular e vital (…)”
(Doutor Rui Baptista)
3.5.23
Enquanto há os mortos verticais em meu redor
Pintura. J. A. M. |
Enquanto também há seres acordados, outros iluminados
Enquanto há uma luz do Sol que vem das trevas
Enquanto me sinto a respirar o halo silencioso das árvores
o entrelaçado canto enlevado dos pássaros que não vejo
nesta viagem pela noite escura
2.5.23
28.4.23
Exposição de Pintura
SEM MARGENS
por vezes, abrem-se outras luzes, outras cores
outros sons dentro
como acontece na boca das fontes
e é por aqui que algo em mim é mais humano
entre esta sagrada Terra e as estrelas á mão de semear
entre tantas margens os tambores celestes batem e
rebatem no meu coração.
Outras vezes vem um outro sol, outro sal, outra luz
da cintura dos astros ou do fundo da Terra
descendo, subindo, entrando, aclarando
a cabeça que já não pensa
pois já é outra a resposta que cintila
no esquecimento do olhar
onde caio em mim, como uma gota de água
no mar dentro dos dias todo o tempo é redondo
e reparo nas duas mãos como se fossem
10 os novos caminhos
e no entanto, são tantos e tantos
que me volto a calar.
25.4.23
Poema em saldo
Made in Portugal. (Pintura. J. A. M.) |
uma data que regressa sempre
transparente à cabeça
um sino pendular nas cavernas do corpo
e então escrevê-lo é abrir as potências
do sangue, dos pés até à raiz
dos cabelos, deixar renascer a vida
circular dos dias
pelo silêncio poderoso
se fundamenta um olhar
um sonho uma estátua invisível
dentro da memória
ordena-se o esquecimento
mantendo todos os dias
entre muitos e muitos horizontes.
José
Alberto Mar
22.4.23
RIO SEM MARGENS ( Exposição de Pintura)
1º
Por vezes, alguém põe um
dedo na ferida. Quero dizer: alguém acorda a sombra geral dos seus nomes e os
nomes mergulham nos ritmos do sangue e logo as mãos crescem para os
lugares e os lugares crescem com elas e tudo fica mais Alto. Há quem passe,
olhe de lado e continue a sua vida. Outros há que passam e se detêm por um
pormenor mais chamativo.
2º
Claro que todos os lados,
todos os nomes são pretextos. E os lugares também. Nascemos e morremos por uma
graça indomável perdida no tempo. Andamos às voltas disto tudo enquanto por
dentro acordam e adormecem as sementes povoadas pelos
estranhos frutos de uma sede sem fim.
3º
Vozes e imagens que
cantam a Vida e o exemplo dos milhares de sóis mesmo
sabendo-se que para outros olhares, há um abismo memorial nas cabeças uma outra
idade outra boca menos cercada pelos dons dos dias, na transformação dos
corpos.
(in, “A Primeira Imagem “, J. A.
M.)
16.4.23
É PRECISO ESCOAR O DIA
O sino do relógio vai dando badaladas bem compassadas ao ritmo do calor hoje mais abafado, será que vai haver tchuva?
Passam mulheres e mulherzinhas agrupadas, com as bundas arrebitadas todas janotas em direção à igreja já apinhada de crentes para a missa domingueira. Espreito discretamente e parece-me haver ali um fervor amornecido, uma entrega naturalmente física à devoção, neste caso católica, mas a fé lá no fundo terá algum nº de porta?
No jardim, um casalinho namora espreguiçadamente num outro banco de cimento já sem cor. Ela deitada sobre o colo ali à mão de semear e ele com as mãos dedilhadas no corpo da paixão. No chão quente do dia as suas sombras estremecem sem eles darem por isso. Evolam-se pelo ar formas de tesão e paixão, cores encarnadas vivas que até acordam as flores sonolentas à-volta.
Passam mais meia-dúzia de moços todos coloridos e alegres, entretidos com eles próprios em direção aos finais da missa, na igreja matriz de traça colonial há dois séculos ali plantada. É a hora das moças saírem e acontecerem luzinhas entre os olhares.
9.4.23
7.4.23
Bastou um sorriso
Caminhos da Vida. J. A. M. |
a surpresa de um coração desprotegido
cercado por uma luz sem nomes.
no olhar desnudado como se
uma estrela longínqua
quisesse falar
4.4.23
O Olho de Agamotto
Pintura: J. A. M. |
há os dias e as noites recolhidas,
submersas até aos dedos
e ainda há o Mundo e as pessoas
os animais, as árvores, a Natureza
e a vastidão da respiração
que vem do coração da vida
e há instantes imprecisos em que somos quase
inteiros
no útero de tudo onde as vozes se instalam
mas só às portas soltam as suas âncoras:
as palavras, as sombras que agora vos entrego.
ao sabor das luzes que giram
na alta nudez sem nome.
31.3.23
Quanto demora uma idade a ser luz?
Pintura. J. A. M. |
Os hábitos escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo. E por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas pela infindável sede que habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
(Ourique.
Alentejo. Portugal)
-in,
livro de contos, escritos em Portugal, Cabo Verde e Brasil: O OURO BREVE DOS DIAS.2021
23.3.23
Estremece a estrela que em mim vive
Foto digital. J. A. M. |
naturalmente aberta
á escuridão
e nos 2 olhos cintila
o véu do instante, a aparência maior
do que é superfície e aí se afoga
pois na multidão dos dias a vida
tornou-se mecânica.
Vejo em todos os gestos um silêncio amparado
pelo silêncio que aspiro
o lugar onde qualquer semente pensa
sonhando com tudo
pois nada do que é fruto
acontece sozinho.
21.3.23
DIA MUNDIAL da POESIA
Foto digital. J. A. M. |
ainda estão entranhadas nos sonhos
e já várias claridades esvoaçam
abrindo as portas e as janelas
de encontro aos olhos de quem acorda
e os rios de ouro abrem as vozes
à procura dos mastros humanos
onde há gente viajada em nascentes
e a Beleza do Mundo é 1 presente simples
e tudo se ampara nos muitos eus
que devagar se unem
enlaçando a infância, o futuro e o agora
de manhã, quando algo estala
o silêncio instaurado e já ouço
o cantarolar aceso dos pássaros
Felizmente vivo
mais um dia.
( J.A.M.)
19.3.23
Ainda demos as mãos, como quem uma constrói uma ponte
Pintura. J. A. M. |
3.3.23
Paisagens abertas
Paisagem Árabe (198?). J. A. M. |
Estamos
numa viagem aparentemente longa, “ um homem com pressa é um homem morto “ ,
eis um ditado destas gentes apaziguadas entre si no centro dos desertos (1) por
aqui há tempo para tudo pois tudo é tudo, o silêncio cheio de ecos, o céu amplo
e vasto e os horizontes eternamente
demorados no presente, o tal tempo que foi expulso dos dias e das noites daquelas
bandas Ocidentais por onde desandam tantos desalmados a correrem sozinhos
cada um com a sua meta e o descalabro dos seus desígnios impostos & aceites
como únicos.
– Mas, quem os convenceu de que sozinhos vão a
algum lado?
( J. A. M.)