José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

19.1.21

Estrelas apagadas

 

     Já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um fio emaranhado de leves e ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1 texto antigo.
     Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava ligado.
     Os barcos continuavam a baloiçar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
     E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
 
     Os pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes & as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.

 

( Póvoa do Varzim. Douro Litoral. Portugal )


~ José Alberto Mar ~


P.S. Texto  do Livro de Contos " O OURO BREVE DOS DIAS ", constituído por vários contos escritos em vários locais de alguns países lusófonos: Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Brevemente acessível ao público.


2 comentários:

  1. Excelente texto poeta amigo! Tens um poema a ti e a dois outros amigos neste meu livro que deve sair até ao fim do mês!
    Grande abraço e porta-te mal...

    Beijinhos sem Batôn

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  2. Obrigado, Amigo pelas tuas palavras.
    Fico aguardar esse Livro e desde já agradeço o dedicatória.
    Parabéns, por não deixares arrefecer as tuas mãos.

    Aquele Abraço.

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