"MostraMuseu". São Paulo. Br. Foto: Maria Eduarda Mota. |
" A TERRA é só Uma." Artista convidado: J. A. M. |
havia uma doença de sombras. Entranhadas no ar, nos
ritmos dos dias, nas pessoas que deambulavam entre estes.
Mas as sombras eram como todas as sombras: germinadas por uma luz. Esta luz era cega, distante, não se via. Apenas alguns a pressentiam. Por dentro, era por
dentro que novas sementes germinavam e quando cresciam o suficiente, toldavam
os olhares. E algumas pessoas começavam a ver novas flores que as outras não viam,
pois havia uma doença de sombras.
Entre a vida e estes dias sonâmbulos havia um
esquecido tempo sem nomes verdadeiros ou com demasiados nomes. Aparências. Muitas notícias em algazarra. Sinais
para as pessoas se ampararem.
Alguns mais desesperados matavam-se. Outros resignavam-se,
á espera. A morte, apesar de sempre presente, disfarçava-se de esquecimento.
Andava-se de um lado para outro, através de distrações perenes. No fundo, ninguém
se via nem via os outros, porque havia uma doença de sombras. No entanto,
alguns vislumbravam o que parecia ser natural. Falavam destes tempos de
mudanças, sem ninguém os escutar. Acomodavam-se num silêncio de ouro que crescia
somente para eles. Aparentemente. Outros ainda gritavam sem ecos. Aparentemente, pois tudo era
um vasto Mundo cada vez mais ligado.
Sem comentários:
Enviar um comentário